|Capítulo 25|

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Christopher Cannon

Apoio a cabeça na mão e fecho os olhos, respiro com calma e só então volto a abrir meus olhos, encarando o Treinador a minha frente, ainda rabiscando algo na folha.

Já fazem 05 minutos que ele me chamou aqui e pediu para eu me sentar. Sei sobre o que vamos conversar e sei que nosso treino começa em menos de 20 minutos, então ele não pode enrolar muito.

Depois do que parece uma eternidade ele abaixa a caneta, colocando a folha que rabiscava até agora dentro da pasta. O Treinador ajeita os óculos e em seguida cruza os braços, se escorando na cadeira para me encarar.

– Estou esperando sua explicação. – diz ele simplesmente.

– Para? – pergunto franzindo o cenho, cruzo os braços também.

– Não ache que seus últimos comportamentos passaram despercebidos, Cannon.

– Não era minha intenção que passassem despercebidos mesmo.

– Estou esperando. – solto o ar pela boca e penso por alguns segundos, o que faz a expressão do Treinador ficar ainda mais furiosa.

– Qual explicação você quer ouvir? Como capitão?

– Quero ouvir as razões que te levaram a bater em um colega de time e dar um show na saída do jogo.

– Quando Daniel e eu acabamos a entrevista depois do jogo, voltamos para o vestiário, não tinha ninguém, exceto por nós dois, Sunt e Hill, o calouro. Peguei a conversa deles dois pela metade, sobre algum boato que estava rolando pela Universidade. Não dei bola no inicio, sabe que eu nunca gostei dessas coisas. Mas ai eu escutei o nome do Wostden.

– Capitão do time de Futebol Americano?

– É. – dou de ombros e encaro minhas mãos, não tenho vergonha, mas é complicado falar com o Treinador sobre isso, é praticamente confessar meus crimes – Ele e a irmã do Peter estavam saindo a alguns dias. Então prestei mais atenção na conversa e foi quando eu percebi que aquilo tudo se tratava da Bella. Todas as ofensas, todas as risadas. Eu perguntei o que estava acontecendo e ele falou coisas horríveis sobre ela que eu não posso repetir, Treinador.

– Então você bateu nele?

– Sim. – ergo minha cabeça o encarando quando pronuncio a palavra – Não me arrependo do que eu fiz. Desde que eu entrei nesse time eu repito que isso é como uma família, mas Peter é como um irmão de verdade para mim, não podia deixar falarem mal da irmã dele na minha frente, principalmente quando eu sabia que nada do que foi falado era verdade.

O Treinador continua quieto, sem mexer um músculo enquanto encara minha postura e escuta minhas palavras. Não sei o que esta pensando no momento.

– Aceito sua punição, seja ela qual for. – digo depois de alguns segundos – Mas espero que entenda que eu não podia escutar tudo aquilo e ficar quieto, espero princípios e respeito desse time, e Hill não estava tendo naquele momento. Não podia deixar falarem daquele jeito da Bella, não conhecendo ela como eu conheço, e também não podia deixar Peter se envolver.

Não pensei na hora sobre Peter ou não. Nunca me passou nada a respeito dele na hora, só queria proteger a irmão dele. Mas, agora, penso que não deixar Peter se envolver foi uma boa coisa.

Causar toda essa confusão significa levar um punição no time, talvez até uma expulsão. E ser expulso do time significa perder a bolsa de estudos. Peter não podia arriscar isso e, por mais que eu goste de me manter sozinho na faculdade e não precisar depender dos meus pais durante esses anos, bem, posso abrir mão disso.

Para meu inimigo, com amorOnde histórias criam vida. Descubra agora