Prólogo

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O silêncio estarrecedor naquele lugar, com todos aqueles olhos o olhando de cima fazia parecer que as correntes em seus pulsos estavam cada vez mais pesadas. O metal frio que prendia seus braços e o mantinha ajoelhado na frente de todos doía já que estava apertado demais. Seus cabelos brancos cobriam seus olhos e a marca em seu rosto doía, latejava. Ele não sabia dizer o que significava isso. Logo, seus pensamentos foram interrompidos pela voz familiar de uma pessoa muito importante, talvez não só para ele, mas para toda a sua tribo.

— Você sabe o que significa voltar com esta marca em seu rosto, não sabe?

— Sei.

— E ainda assim, decidiu voltar... Por quê?

 — Eu... Tinha que avisar vocês. Tudo bem se eu morrer aqui, desde que vocês se preparem e saiam daqui o mais rápido o possível.

— ... Você deveria ter esperado...

O jovem abria um triste sorriso enquanto a garota à sua frente desembainhava uma lâmina e, com relutância, avançava para esfaquear o coração do garoto.

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Os olhos castanhos daquela pessoa encaravam os olhos dourados do jovem que tinha sangue escorrendo de um corte em sua testa. Um deles estava carregando um sabre com uma lâmina fina enquanto o outro segurava uma alabarda, ofegante. Mas ambos carregavam o mesmo sentimento no olhar: raiva.

— Saia do caminho.

— Não. - respondia o jovem limpando um pouco do sangue com as costas da mão. — Não vou sair.

— Meu assunto não é com você, querido. Apenas... Saia.

— Não.

O outro suspirava, levantando o sabre e apontando para o jovem, mais especificamente para a garota caída no chão atrás dele.

— Só preciso de uma prova de que ela está morta, nada mais. Assim eu termino o serviço e não preciso te matar.

— JÁ DISSE QUE NÃO!

— Ai ai... Você tinha que ser teimoso... 

Ambos avançaram, com suas armas à postos. A luta durou apenas quinze segundos, mas aqueles dois lançavam golpes e degladiavam em uma velocidade inimaginável, seria difícil para qualquer um conseguir acompanhar os movimentos de ambos.

...

Ao final dos quinze segundos, um dos dois caía no chão quase sem vida. O vencedor soltava sua arma e se ajoelhava, acariciando os cabelos do derrotado, que chorava. 

— Desculpe... Eu não queria fazer isso, mas você me deixou sem escolhas... Me perdoe, por favor!

E, a ultima coisa que ele conseguia ver, era um leve sorriso se formando no rosto de seu adversário enquanto a luz em seus olhos sumia pouco a pouco.

Herança de Sangue, Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora