4.1 - Consequências

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Apenas uma semana havia se passado após os últimos julgamentos em Teskir e o Juiz finalmente havia chegado em sua residência na capital e coração do reinado, Jures. Ele já tinha passado seus relatórios de sentença para os superiores na corte e foi até uma taberna às margens da cidade. Quando entrou, ouviu conversas do povo sobre os escravos que se revoltaram estarem recebendo apoio de muita gente e aparentemente um nobre estava ajudando a financiar a tal revolta em segredo. Também ouvia alguém falando sobre a má coordenação dos reinados em relação à guerra no Norte e que talvez os Nortenhos começassem a invadir o Reinado de Auruel em breve. A taberna era bem simples, se comparado com as luxuosas e mais bem frequentadas, mas era aquela que ele gostava de ficar pois as pessoas ali não tratavam ele com falsidade e davam as opiniões sobre as coisas que aconteciam no mundo do ponto de vista que ele considerava o melhor: o das pessoas diretamente afetadas.

— Ei, John! O de sempre pra você?

— É... O de sempre. 

— O que foi? Você não parece muito bem. - dizia a taberneira enquanto trazia um suco pra ele.

— Obrigado. É que teve um caso da última vez e eu não gostei de passar o tempo que eu passei ali. As pessoas pareciam só querer remoer o passado e apontar dedos ao invés de ir direto ao ponto, eles nem tinham um advogado ou agente público pra defender os acusados! Foi desnecessário. 

— Foi o caso daqueles dois e do Experimento?

— Já ficaram sabendo? 

— Sim. As notícias correm bem mais rápido que você, John. Foi uma decisão interessante, você tem um poder bem problemático pra quem quer tentar se safar. Foi a primeira vez que falou dele em público?

— Não é um "poder"... É um dom, é diferente. E sim, primeira vez dentro de um tribunal. As pessoas estavam com raiva e eu só estava fazendo meu trabalho. Dava pra ver que não iriam me ouvir se não tivesse falado sobre o dom. 

— E qual é a diferença, Jonah? - perguntava um jovem sentado ao lado dele. — Você podia só ter dito que se não gostassem, prendia todo mundo. Você pode fazer isso, cara!

— Não podia, então usei a carta do julgamento por combate e meu dom. Tenho que ser profissional quando estou trabalhando, não posso só dizer que todo mundo vai preso e pronto.

— Então por que você não força eles a falar a verdade com seu poder?

— É impossível. Primeiro que não é um poder, é um dom. Poderes são coisas que podem ser materializadas, alterar as coisas ao seu redor ou pode ser usado pra visualizar o destino, por exemplo... A heroína, Alura. Ela tinha o poder de abrir fendas no nosso mundo para translocação. Era a única que conseguia utilizar as fendas para um combate direto. Já a esposa dela, Rafila Kali, nunca teve nenhum tipo de poder que pudesse mudar a realidade, mas ela tinha um dom voltado para a medicina, uma gênia incomparável! Tanto que parte de sua pesquisa foi dividida pelos três reinados, pra salvar vidas. Meu dom só me permite saber diferenciar quem mente e quem fala a verdade e isso se traduz em ver uma espécie de "aura" que rodeia eles e quanto mais pura, mais verdadeira é a pessoa.

— Hmm.... É complicado demais pra mim. 

— Foi difícil pra mim também, tive que estudar muito pra conseguir explicar desse jeito.

A taberneira chegava com mais um suco e um prato de comida para o juiz e também entregava a ele um papel dobrado dizendo que alguém de Teskir havia mandado. Apesar de estranhar, abriu a carta e quando o jovem ao seu lado se afastou, começou a ler enquanto comia.

" Caro senhor Juiz Jonh Jonah, é com grande pesar que lhe envio esta mensagem. Os prisioneiros Connor e Cristine fugiram enquanto estavam sendo levados para o Exílio, atacados por mercenários, provavelmente forçando o experimento que era amigo deles a ajudá-los na fuga. Eles escaparam para algum lugar nas Montanhas Sussurrantes e estamos enviando equipes de busca para tentar conseguir algum rastro. Se possível, pode solicitar à coroa para emitir um alerta de risco para os três reinados sobre eles? Como o senhor mesmo verificou no tribunal, existem várias provas de que pelo menos dois deles são perigosos e instáveis. Não queremos nem podemos deixar criminosos de tal calibre à solta. Por favor, nos ajude com a sua influência. "

Herança de Sangue, Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora