Capítulo 7 - Fugitivos Enfermos

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Alguns dias já haviam se passado desde que os três conseguiram fugir nas montanhas sussurrantes e Rey guiava o grupo, evitando certos tipos de perigos e desviando de armadilhas. Os irmãos já tinham pedido desculpas para o jovem experimento mas ele continuava chateado, ainda assim não deixou de cuidar deles. Quando o sol daquele dia estava se pondo, ele finalmente achou uma gruta pouco profunda, mas que era ótimo para se esconder pois a vegetação ali fazia uma cortina natural de trepadeiras. Ele entrava na gruta e procurava perigos pelo cheiro e pela sua visão que era relativamente boa no escuro, mas a gruta parecia segura. Então, ele colocava os dois irmãos pra dentro.

— Fiquem aqui. Eu vou procurar mais comida. 

— Rey, por favor... A gente já pediu desculpa, deixa a gente ir com você pelo menos. 

— Não precisa. Vocês tão machucados e eu sei procurar remédio nas plantas. Fiquem aqui. O senhor Connor precisa de cuidado também e a gente já andou demais quase sem descansar. 

Dito isso, Rey saía da gruta deixando Connor e Cristine sozinhos. A garota não tinha como negar que ele estava certo e que ambos precisavam de cuidados. Algumas flechas os acertaram de raspão e as noites na floresta não foram tão fáceis assim, principalmente depois que Connor começou a apresentar sinais de cansaço e estava começando a ficar febril. Ele se deixava cair no chão da gruta e se encostava em uma das paredes frias, respirando pesadamente.

— Agora vamos ser procurados. - ele dizia. — E o Rey também.

— É, eu sei. E precisamos achar alguns remédios logo pra você.

— Eu tô bem. - ele dizia enquanto fazia uma careta de dor.

— Não está. E não precisa se fazer de forte, eu também tô mal e cansada e isso tudo tá me deixando pior. 

— Eu sei... É muita coisa acontecendo com a gente em muito pouco tempo.

— É... Eu queria que aqueles dois estivessem aqui com a gente também. Talvez esse mal entendido todo tivesse reduzido. E se pelo menos a gente tivesse alguém pra nos defender, as coisas talvez não estivessem assim... Ou talvez o Angelo tivesse colocado tudo a perder e piorado as coisas, mas quem sabe o Drake não fizesse algo diferente né? Ou sei lá, era capaz de ele tentar puxar toda a culpa pra ele pra livrar a nossa barra. - ela se sentava ao lado de Connor. 

 Tá preocupada com eles? - Connor perguntava fechando os olhos.

— Claro que eu tô, o Angelo tá apagado e o Drake sumiu de dentro do hospital sem ninguém saber pra onde ou como. Quando aquele cabeça oca acordar, não vai saber o que fazer direito e meu peito aperta só de pensar que o Drake pode estar morto ou correndo perigo.

— Eles vão se virar. Tenha um pouco mais de fé neles, sei que vai ficar tudo bem.

Connor se ajeitava pra deitar no colo de Cristine e ela acariciava seus cabelos. Sabia que a febre dele estava aumentando e que ele precisava de tratamento urgente, mas não havia nada que podia fazer no momento. Ambos ainda estavam sob efeito da droga que paralisava seus poderes e estavam fugindo, o que ia dificultar ainda mais a situação acaso conseguissem chegar em algum vilarejo pra conseguir os remédios necessários. Tudo o que ela podia fazer no momento era ficar ao lado dele e tentar protegê-lo se algo viesse atacá-los. Por algum motivo, ela começava a se lembrar de alguns boatos sobre as montanhas sussurrantes, algo falando de fantasmas e criaturas da noite, mas ela começava a desacreditar desses boatos pois passaram algumas noites fugindo na floresta e nada sobrenatural aconteceu. Ainda assim, o vento que passava pela gruta parecia os envolver e sussurrar com uma voz extremamente baixa e familiar, que fazia sentir todo o seu corpo tremer e a garota não sabia dizer se era de frio ou de tensão.

Herança de Sangue, Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora