Capítulo 14 - Atitudes e Consequências pt.2

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Pelo menos duas semanas haviam passado e Connor já havia perdido qualquer senso de direção que possuía. Sua irmã estava sendo tratada com soro e mantida desacordada dentro daquela carroça e ele só comia pequenas quantidades da comida que traziam pois não estava sentindo fome. O remédio que lhe davam constantemente para baixar a febre estava agindo bem e ele já se sentia mais saudável, porém ainda estava se contendo para continuar colaborando com seus captores em troca de Cristine não ser afetada. Ele não sabia quantas pessoas haviam ali pois eram todos bem silenciosos e os guardas que sempre trocavam de turno usavam a mesma roupa, a mesma máscara, tinham mais ou menos a mesma altura, então ele não conseguia saber quantos realmente estavam ali. A frieza da chuva estava começando a dar lugar aos primeiros flocos de neve da estação e com isso o frio aumentava ainda mais, contudo um dos captores lhe deu um pedaço de papel onde estava escrito na língua comum que estavam chegando ao destino. O coração do jovem ficava cada vez mais apertado com a possível chegada a alguma prisão élfica e isso o deixava ainda mais tenso. Ele conseguia ouvir o barulho dos cascos dos cavalos no que parecia um chão de pedra e ouvia o barulho inconfundível de grandes portões de metal se abrindo, o que estranhava bastante. Nunca tinha ouvido falar de uma prisão assim, mas também não visitava as terras do reinado de Auruel desde que era pequeno. Ele começou a contar o tempo em que a carroça ia se deslocando desde a abertura dos portões e se surpreendeu com os trinta minutos que passaram até finalmente pararem e ele ser sedado novamente, mas dessa vez ele recebia um sedativo diferente: ainda estava desperto, mas seu corpo não conseguia mais se mover. 

— Tragam ele. - ouviu uma voz do lado de fora dizer. — E vendado. 

Uma venda era colocada em seus olhos e Connor era arrastado pra fora da carroça e por mais intermináveis dez minutos até ser acorrentado pelos pulsos e sentia que seu corpo estava sendo erguido no ar. Quando a venda foi retirada, percebeu estar em um calabouço com algumas máquinas estranhas e uma pessoa parada à sua frente. A meia luz do lugar não o ajudava a reconhecer suas feições até que finalmente ficaram sozinhos. A pessoa o olhava com cuidado, dando uma volta ao redor de seu corpo erguido pelas correntes e anotando alguma coisa em uma prancheta. Quando finalmente a pessoa se aproximou um pouco mais, seu coração doeu como não tinha sentido ainda.

— Você é... Você é... - falar era difícil. — Igual a ela...

— Sim, sua mãe herdou muito de mim. - a voz suave finalmente chegava a seus ouvidos. —  Ela era belíssima... Eu também era quando mais jovem. Me surpreende que consiga falar, Connor.

— Como é... Que sabe meu-

— Você está sendo procurado nos três reinados. Você, sua irmã e seu escravo aprontaram demais. No final das contas, conseguimos encontrar vocês. Bem, nós nunca fomos apresentados formalmente, minha filha não queria que vocês convivessem comigo só porque eu nunca quis que ela se casasse com aquela soldadinha. Eu sou sua avó, Liliana Kali. 

— Avó? Achei que... Estivesse... Morta.

— Mas não estou. Agora, vou explicar a situação pra você de forma bem simples para que não precisemos passar mais tempo do que o necessário aqui. - ela puxava o cartaz dele. — Seu poder é muito perigoso e eu vou te dar a chance de não tê-lo mais. Vou remover esse poder do seu corpo. Você aceita?

— Não. 

— Não aceito não como resposta, então vou facilitar ainda mais sua decisão. Se você não aceitar, sua irmã morre. Se tentar me matar, ela morre. Se aceitar ter seu poder completamente drenado, pode ser que sobreviva e eu cuidarei pessoalmente da saúde, instrução, bem-estar e posso até os tornar herdeiros. Também os livrarei de seus crimes e vocês terão uma vida de conforto comigo. Então, vou repetir a pergunta: você aceita?

Herança de Sangue, Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora