— Você vai participar do ataque.
Capitã Lea Von Draken dizia enquanto jogava um sabre de abordagem para Teach, que estava limpando o convés com um escovão. Ele olhava para ela e suspirava, pegando o sabre e o desembainhando, vendo seu reflexo na lâmina e embainhando-o novamente.
— Capitã, com todo respeito... Não acho que eu seja qualificado pra isso, eu não sei lutar.
— Não se aprende a lutar sem lutar. Prefere que a gente arranque fora sua cabeça dessa vez?
— Não senhora.
— Então está decidido, você vai participar. Se assegure que ninguém leve nada do navio e quando a gente tiver vencido, vá ajudar a saquear.
— Entendido...
Teach aguardava a capitã se afastar e dava um jeito de colocar o sabre fixado em seu cinto. Estava no mar com eles há um tempo e ganhou o direito de ter novas roupas, que eram basicamente uma bermuda azul com uma camisa vermelha e um cinto utilitário, que possuía espaço para colocar algumas coisas, como o sabre por exemplo. Era notável que ele não gostava nada daquela situação de ser forçado a saquear um outro navio e a primeira pessoa que chegava até ele pra conversar era Amara, a navegadora. Ela falava com todos ali e sempre ficava tagarelando, mas era uma pessoa gentil e enérgica.
— Teach, Teach! Eu achei um mapa mais antigo, olha só! - ela abria o mapa na frente da cara dele. — Vê se reconhece alguma coisa! Vai que você seja um cara que possa viajar no tempo, aí a gente aprende a controlar isso e rouba os tesouros antes deles serem escondidos ou esquecidos!
— Mas isso seria impossível, não? - ele perguntava enquanto olhava o mapa com bastante cuidado, mas nada chamava a atenção. — Sinto muito, não reconheço nada...
— Tá tudo bem, você só precisa de mais sol e sal na cabeça. Ah, sobre ser impossível ou não, eu não sei. Você não acha impossível que as pessoas possam se curar de ferimentos mortais ou controlar água ou criar fogo ou mover a terra? Em um mundo como esse, nada é exatamente impossível.
Teach dava uma leve risada e concordava com ela, agora tinha mais alguma coisa pra pensar sobre sua origem e era algo totalmente fora da caixa.
— Ei, e esse sabre? A capitã disse que você vai participar do próximo saque?
— É...
— Você não parece muito feliz com isso, tem que se animar mais!
— Não pareço porque não estou, eu não queria ter que segurar uma arma e ter a chance de matar alguém.
— Olha, se serve de consolo, matar não é tão fácil e nem tão difícil. Se você estiver em perigo, mesmo que contra a sua vontade e não lutar, não é só você que vai estar correndo risco. Claro, tem outras maneiras, mas nós somos piratas! Só de hastear uma bandeira negra a gente corre risco de morrer. Então, se já querem mesmo nos matar só porque a gente não acha que seguir as regras da marinha, dos países, estados e cidades costeiras é certo, então a gente tem que mostrar pela força que eles não são isso tudo também. Sabia que a capitã e eu só queríamos viajar por aí e achar um tesouro ou outro de vez em quando? Aí juntamos uma tripulação pequena e fomos ao mar! Mas aí uns caras da marinha ficaram irritadinhos só porque a gente conseguiu derrotar um bandinho pirata qualquer que eles não conseguiam, aí colocaram a gente como piratas sem nem falar com a gente! Colocaram uma recompensa na cabeça da capitã, vê se pode?? Aí depois disso a gente quis abraçar a pirataria e lutar por algumas coisas que achamos justas, já que eles foram injustos com a gente. Desde então a gente tá nessa vida e como eu sou inútil como lutadora e basicamente sou um gênio com mapas e com a maré, eu não luto.
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Herança de Sangue, Parte 2
FantasíaO segundo livro da saga, continuando as aventuras do nosso querido grupo em uma aventura que jamais se esquecerão!