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Prontos para o roubo:

{S/n}

Encarei o computador na minha frente, meu estômago estava revirado, não conseguia dormir mais que uma hora já fazia dois dias, tudo isso por conta de um plano em cima de outro plano.

Meus pensamentos estavam embaralhados, um em cima do outro lutando para ver quem era o maior, quem assumiria o comando e decidiria para qual lado iria ceder. Tantas palavras, gestos e sensações, todas juntas para decidir oque fazer naquela situação, e, eu sabia oque deveria fazer, mas bem no fundo entendia que era um risco que não queria correr, mas por outro lado iria ser bom.

Poderia fazer parte do roubo e depois entregá-los para meu pai com o foi planejado, teria até as provas na nossa frente e seria impossível saírem impunes por isso, porém, haveria a consequência de ficar presa nas mãos do meu pai novamente. Mas por ouro lado, eu poderia participar do roubo, pegar minha parte em dinheiro e sumir do mapa como sabia fazer, como minha mãe me ensinou, mas a consequência seria deixar tudo que foi dela para trás, como um lixo descartado, que, com certeza meu pai iria joga roubo fora e atear fogo como sabia fazer.

Deitei minha cabeça para trás, suspirei encarando a foto de minha mãe e eu com um itsubishi Eclipse Spyder 2003 branco atrás, não contive um sorriso me lembrando de quando tiramos essa foto, eu era tão pequena, só tinha três anos e já era apaixonada por carros, sempre querendo estar mexendo no volante.

As vezes me pergunto como seriam as coisas se ela ainda estivesse aqui, comigo...será que ela conseguiria trazer de volta o meu pai antigo? O homem sorridente e gentil que ele era antes de sua morte, ou será que ela estaria orgulhosa de mim? Será que me abraçaria dizendo que estava fazendo o certo?

Chacoalhei minha cabeça, do jeito que a conheço, ela sempre iria dizer que estava orgulhosa de mim pelas pequenas coisas que fazia, mas também tenho certeza que nunca apoiaria que sua filha enganasse alguém que tem a mesma paixão por carros como ela.

- É sua mãe?- Quase cai da cadeira com o susto que tomei quando escutei a voz do Suna.

- Droga- Xinguei olhando para a direção onde o Suna se encontrava.

- Desculpa, não queria assustar você- Suna deu alguns passos lentos em minha direção- É sua mãe?

- Sim- Respondi me ajeitando sobre a cadeira, peguei os papéis que estavam espalhados pela mesa e os ajeitei guardando na gaveta.

- Ela me parece familiar- Suna diz coçando o queixo.

- Ela sempre foi apaixonada por carros e corridas, talvez tenha visto ela em alguma antes de...- Minha garganta estava seca, fechei meus olhos respira do fundo- Morrer.

- Desculpe, não queria tocar nesse assunto- Suna diz e levantei, caminhei até parar na sua frente e mostrei um sorriso.

- Não acha que está pedindo muitas desculpas hoje?- Ergui meu olhar e o desci até seus lábios.

- Só estou tentando ser educado- Suna se explica e acabei umedecendo os lábios encarando os seus- Sempre que você faz isso acaba me deixando maluco.

- Vou fazer mais vezes- O provoquei e logo me afastei sorrindo- Veio falar sobre o evento de hoje a noite?

- Sim- Fechei a porta e dei uma olhada para os trabalhadores antes de fechar as persianas- Já testamos os carros, as digitais estão guardadas e o resto está sendo arrumado.

- Que horas vamos começar?- Perguntei encostando minhas costas na parede, cruzei os braços encarando seus olhos que vagavam pela foto.

- As 18:00- Suna pegou a foto e se virou na minha direção- Vocês duas são muito parecidas.

- Falam muito isso- Disse observando seu olhar examinar a foto.

- O cabelo, os olhos, o jeito...- Aquilo me deixou desconfortável, não pelo fato da comparação, mas porque me fazia pensar que somos iguais mas só uma saiu viva- Parecem ser iguais até quando...- Seu olhar subiu encarando o meu- Acho que deixei você desconfortável.

- Um pouco- Disse suspirando- Mas não se preocupe, já estou acostumada.

- Me desculpe mesmo- Ele largou a foto no mesmo lugar e se aproximou de mim, sua mão tocou suavemente minha bochecha e tocou meus lábios logo seguida- Aqui estou eu pedindo desculpa novamente- Soltou uma gargalhada junto de mim- Não quero que fique desconfortável.

- Eu só não gosto da comparação- Expliquei pensando meus dedos pelo dele e agarrei seu pulso sorrindo- Você veio aqui só para dizer que tudo estava pronto?

- Na verdade só queria uma desculpa para te ver- Suna beijou minha bochecha- Isso é meio bobagem, não é?

- Não- Dei um beijo na sua mão- Só faz esse momento parecer um filme clichê de romance adolescente.

- E você não gosta desses romances cliches de adolescentes?- Perguntou passando sua outra mão pela minha cintura e logo apertou com força puxando para perto do seu corpo.

- Depende- Respondi sorrindo maliciosamente- Se for para +18 eu gosto.

- Que safada- Murmurou mordendo o lóbulo da minha orelha- E se esse filme for com esse gênero, você gostaria de assistir?

- Claro- Disse quando seu corpo se afastou.

- Eu adoraria que essa fosse uma das cenas de um filme +18, mas agora eu tenho que ir- Suna sorriu segurando a maçaneta da porta- Vamos deixar essa cena para mais tarde quando estivermos fugindo para algum país com nossa parte do dinheiro.

Meu sorriso caiu, era essa cena que talvez eu nunc vivesse, e tudo por culpa da merda de uma investigação. Se eu fugisse com eles e realiza-se essa cena, seria mais uma fugitiva como eles, procurada pelo próprio pai, isso seria uma vergonha.

Mas e se fugir com eles e mais tarde descobrirem que era só mais uma que foi contratada para investigar eles, arrumar provas que os incriminam e depois os coloquem na cadeia? Ele iriam me matar ou provavelmente me entregar para a polícia de um jeito que não fossem presos.

- Nos vemos mais tarde, S/n- Suna abriu a porta e parou antes de sair- Eu aceito essa loucura que é amar, se você aceitar essa loucura que sou eu.

- Suna- Murmurei observando ele fechar a porta, respirei ofegante, levei minha mão até o peito se rindo meu coração acelerado.

E só agora notei que uma frase martelou na minha mente, implorando para que a escutasse, que me deixasse ser guiada por ela.

"Bons corações não se corrompem"


𝕿𝖔𝖐𝖞𝖔 𝕯𝖗𝖎𝖋𝖙 - Suna Rintaro -Onde histórias criam vida. Descubra agora