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Angústia:

{S/n}

Encarei o teto branco, as luzes que quase me cegavam já não tinham tanto efeito sobre mim, pois estava anestesiada com remédios.

A única coisa que me lembrava depois que o Suna foi embora era o som das sirenes, os policiais me cercando e apontando suas armas na minha direção, segurei mais forte o corpo do Kita, mas eles me tiraram de perto dele a força. Entre empurrões e tentativas de me soltar, pude ver os policiais arrastando o Kita sem dó algum, para eles não importava se um bandido estava machucado. E, por fim, o rosto do meu pai, ele me olhou com desprezo e raiva, sabia que havia humilhado ele, mas todas minhas dúvidas foram embora quando ele disse aquelas palavras.

"Você arriscou me humilhar, humilhar sua mãe e toda nossa família" Seu olhar frio no meu "Você já me orgulhou um dia"

Nesse momento a porta do quarto é aberta, deitei minha cabeça para o lado observando o médico entrar com meu pai atrás dele. Suspirei sentando na maca, meu pai tentou me segurar quando quase perdi o equilíbrio por conta dos analgésicos, mas ergui meu braço impedindo seu toque.

- Você não deveria se forçar tanto- Disse  o médico, tão normalmente que me deu raiva.

- Meus exames já mostraram que estou bem? - Perguntei colocando minhas pernas para fora da cama- Quero sair desse quarto.

- Calma- O médico sorriu achando engraçado minha pressa- Seus exames mostram que está bem, mas precisa esperar o efeito dos remédios passarem.

- E quanto tempo isso demora?- Perguntei impaciente, olhava como se implorasse para que ele me liberasse.

- Duas a três horas- Respondeu acabando com minhas esperanças.

- Ela vai ficar aqui por esse tempo- Meu pai diz assim que abri a boca para falar.

- Vou deixar vocês sozinhos, a enfermeira já vem trocar o soro- Disse caminhando na direção da porta, ele a abre e me olha antes de sair- Até depois.

A porta se fecha, tudo ficou em silêncio por longos segundos, só o som de seus passos caminhando até o outro lado do quarto que quebrou todo aquele silêncio. Ele não havia me falado nada depois do roubo, não diretamente para mim, eu sei que algo está errado ali, isso me deixa arrepiada.

- Você mentiu para mim- Murmurou coçando os olhos.

- Eu posso explicar-

- Você mentiu, me enganou e ainda deixou que fugissem- Falou com um tom mais alto, seus olhos encontraram os meus e pude ver uma raiva ali, algo que nunca havia visto- Você iria contra seu pai por conta de um grupo, não...- Murmurou pensativo- Por conta dele.

- Eu não menti- Disse sabendo que a única verdade era essa- Eu nunca falei que não iria participar do roubo, nunca disse que não estaria no grupo ou que não seria influenciada por ele.

- Você tem noção do que me causou?- Perguntou batendo a mão contra a parede- Você me humilhou.

- Eu já sei disso- O interrompi erguendo minha voz- Mas devo lembrar que você mesmo se humilhou, e sabe como?- Perguntei levantando da cama ainda tonta- Namorando aquela mulher depois da minha mãe, me chantageando e usa do sua filha para isso.

- Não me irrite- Disse enquanto eu me aproximei, parei na sua frente de queixo erguido, já havia perdido tudo, não me importo com mais nada.

- Eu odeio você, odeio com todas as minhas forças, com todo meu ser- Sua mão depositou um tapa no meu rosto, que com o impacto foi para o lado.

Minha bochecha ardia, pude sentir meus lábios tremerem e minha sãos soarem. Levei minha mão até o local do tapa o sentindo mais quente, ainda doía a pele pelo toque bruto, olhei nos seus olhos  mas dessa vez eu não iria chorar, não iria ser fraca.

- Se a mamãe estivesse aqui, ela iria o odiar também- Murmurei contendo todas as minhas emoções que transbordavam naquela banheira se palavras.

- Sua mãe morreu, aceite isso- Gritou, e, nesse momento algo dentro de mim morreu...foi minha última luz de esperança por ele.

Respirei fundo, agarrei os canos arrancando a agulha da minha veia, apertei a palma da mão em cima do local que começou arder. Caminhei ate a porta sentindo meu pés tão leves, minhas pernas pareciam ceder quando tentei agarrar a maçaneta com mais força, abri a porta e saí escutando voz abafada do Sr. Jones.

Caminhei pelo corredor, os enfermeiros passavam por mim rindo de piadas, eles nem prestavam atenção em mim, alguns até tentaram falar comigo mas eu fugi da conversa. Continuei andado, sabia que ele estava ali, sabia que o Kita ainda estava aqui, ele havia tomado um tiro, e como direito, ele pode ficar no hospital se recuperando, e pela hora ele ainda estava aqui.

Eram tantos corredores, tantas voltas e escadas que me perdi, mas quando escutei as vozes dos policiais algo em mim vibrou. Caminhei da direção das vozes, e ao longe, pude ver eles carregando o Kita, eu tentei caminhar na sua direção, mas alguém me agarrou por trás, quando olhei vi dois policiais e os enfermeiros, e por alguns segundos o Kita me viu, má seus olhar era de raiva, e não o culpo, eu sou a culpada por tudo isso.

𝕿𝖔𝖐𝖞𝖔 𝕯𝖗𝖎𝖋𝖙 - Suna Rintaro -Onde histórias criam vida. Descubra agora