Super nada parte 2

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Naruto fechou a porta do banheiro na chave e escutou os passos de Itachi vindo buscar o carregador. Esperou o tempo extra que ele levou para separar os fios, estático, em pé e molhado, se olhando no espelho do banheiro. Não conseguia ficar surpreso, pois mais do bonitinho, Sasuke era inteligente. E se ele queria que Naruto ficasse, ele ficaria. Sem usar força. Hoje, até sem ser grosseiro… É que, bem, a cota dele com grosserias já havia passado do limite.
 
Não pôde sair. Ouvia Itachi murmurar baixinho, enquanto soltava o carregador e, mais rápido do  que Naruto esperava, ouviu a voz de Sasuke atrás da porta:
 
- Sakura já foi? - Itachi perguntou, Sasuke respondeu com um uhum. - Vamos jantar em família hoje, mãe e pai disseram que temos que conversar. 
 
(Em um sábado, há uns 6 meses atrás, Sasuke chamou Naruto para dormir em sua casa. Ele estava escrevendo naquele dia, inspirado, as palavras fluindo a toda velocidade. Ele parou por dois minutinhos, abriu o Whatsapp, viu a mensagem)
 
- Sobre o que? 
 
- Não sei, acho que vamos a Disney. - Era uma piada dos dois. Ir a Disney era uma representação de família estável, saudável e ideal. Junto com a Coca Cola e a lasanha nos domingos e um cachorro chamado Thor. 
 
(Disse que sim. Só não confirmou a hora, pois a casa de Sasuke era pertinho e ele podia ir a qualquer momento, mas não agora. Agora ele estava inspirado e interromper a escrita estando inspirado é um crime. Nem você vai interromper a minha escrita, Sas…)
 
- Acha que eles vão se separar?
 
- Se não forem, eles deveriam… Eles não podem dormir na casa dos amantes para sempre. - Itachi diz, Naruto ouve a voz dele se afastando no corredor.
 
- A mãe está na casa da vó! 
 
(Deu 22 horas e ele pensou “vou daqui a 30 minutos”, deu 22:30 e ele pensou “estou quase”, deu 1:12 da manhã e ele pensou “puta que pariu, ele vai me matar”. Abriu o Whatsapp e tinha somente uma mensagem que dizia “Não venha mais”. 
 
E ele não queria mesmo, porque as palavras fluíam livremente hoje. Jogar videogame, ver série de zumbi e transar eram sempre um pouco parecidos, mas aquelas palavras e ideias, poderiam nunca mais voltar para ele de novo. Ele não podia fechar a porta para elas. 
 
Não insistiu em ir, não afagou o ego de Sasuke. Apenas enviou um singelo “Desculpe”. 
 
Na segunda-feira, no transporte, Sasuke não disse uma palavra. O dia de Naruto se resumiu em inquietação, mandando diversas mensagens e recebendo vácuos o dia todo. 
 
Na terça feira, no intervalo, Naruto foi a até ele, o pânico maquiado com um sorriso e o pelo-amor-de-deus-fala-comigo dito como “Você sabe que eu sinto muito, poderíamos resolver isso?”. Ignorado. Ignorado de maneira infantil, com hmmm acho que estou ouvindo um mosquito falando. 
 
Na sexta feira, depois de ligar várias vezes, a tarde toda, Naruto começou a chorar sem parar. Lavou o rosto, secou, ensopou de novo, secou, correu até a casa de Sasuke, opsie, que feio, deve ter parecido um..., bateu na porta como um desesperado, isso, um desesperado. Itachi abriu. 
 
“Eu preciso falar com ele, por favor, deixa eu ent… Obrigado!” 
 
Correu até o quarto e foi recebido com muito amor.
 
“O que você está fazendo aqui?”
 
“Para! Por favor, para! Eu não aguento mais, fala comigo, por favor” E ele já estava chorando, então o draminha foi comovente. “Vai fazer uma semana! Você prometeu que não iria me ignorar por mais de três dias! Eu-eu… você prometeu snif snif snif muitos snif’s”. 
 
“Vem cá” Sasuke disse e o confortou com um abraço curto. Depois o afastou, viu que ele soluçava e seu rosto estava inchado. Aquele bobinho tinha chorado bastante em casa, para fazer um tour do choro pela rua e daí vir chorar aqui. “O que você aprendeu?”
 
Aprendi que só você pode interromper a minha escrita, Sas… “Vir quando você chamar” Sasuke riu.
 
“Isso também, mas mais importante, quando não quiser vir, você avisa que não vem.” Naruto assentiu, balançando a cabeça de cima para baixo, de cima para baixo. Sasuke abriu os braços e, puta merda, Naruto se encaixou tão direitinho, era para ser só um abracinho, mas Naruto sentou em seu colo e agarrou a sua cintura, por 10 segundos, 15, um minuto, Sasuke percebeu que ele não ia soltar. Se arrastou para onde estava deitado antes da invasão e continuou o que estava fazendo: assistindo um tutorial de como fazer uma torta alemã. 
 
“Forre o fundo do recipiente escolhido com uma camada de bolachas”  snif snif snif “Acrescente uma camada do creme reservado sobre as bolachas.” Snif snif snif. 
 
“Vou tentar fazer a torta” nenhum movimento “Vamos, macaquinho, eu deixo você ficar me abraçando na cozinha…” No final, Naruto disse que a torta estava deliciosa. 
 
Lembrar disso pelado no banheiro, quando, dessa vez, ele queria ir embora, deixou Naruto muuuito irritado. Agora quer que Naruto fique com você, não é? Só porque é ele que está com raiva, não é, seu-seu-seu chato!
 
Naruto puxou os próprios cabelos, tirou e colocou o anel de coco no lugar. Bufou. )
 
- É? E o pai? Onde você acha que ele está? - E já no quarto, Itachi gritou: - Se prepare. 
 
Naruto esperou ouvir o baque da porta e então saiu do banheiro. Para a surpresa dele, as mãos de Sasuke estavam vazias, suas roupas, nem sua mochila estavam no quarto. Eles se encararam, o semblante de Naruto foi de aborrecido para indignado, quando gesticulou com as mãos: 
 
- Cadê as minhas roupas? 
 
- Deixei lá fora. 
 
- Em que mundo você acha que eu gostaria de ter uma DR pelado? - Sasuke deu uma risadinha, olhando Naruto e o seu corpo bonito. Naruto bufou, sentando-se na cama e, estando quase seco, se cobriu com o cobertor. Fez questão de esconder os ombros. O cabelo molhado estava embaraçado. Sasuke pegou uma escova de cabelo no guarda roupa, se aproximou devagar, enquanto Naruto conferia se havia alguma brechinha entre o cobertor em que sua pele aparecia, pego desprevenido por Sasuke penteando seu cabelo. - Está brincando comigo? - Naruto o empurrou. 
 
Sasuke entregou a escova para ele e se sentou na cama. Naruto penteou o cabelo em movimentos rápidos e fortes, e daí largou a escova na cômoda e fez um barulho de estalar de madeira. Olhou para Sasuke, bufando, que já o esperava. 
 
- É a nossa primeira DR de verdade, vou te explicar… - Naruto estava em Jupiter. A frase de Sasuke soou: duruduru duru DR’s duru duru assim! Durupupupu DR de novo dudu vou te explicar… - Você está com raiva, você começa. Diz porque está irritado. Daí eu me defendo, então você argumenta, se achar que deve, eu argumento de volta. Entramos em consenso ou não. Só então decidimos o que fazer. 
 
- Você trata ela diferente. Melhor. - Ele não estava processando o que dizia. Ele lia algum tipo de roteiro mental que havia ensaiado tantas vezes. A cabeça ainda pensando nos dois na cozinha comendo torta alemã, ele feliz e assustado. Pensando agrade, agrade, antes que ele nos ignore de novo. Garfada, sorriso, que torta gostosa. 
 
- A primeira vez dela foi comigo. É diferente. Eu nunca estive com ela só para transar… Você é pervertido, ela não. Aposto que ela nunca faria um ménage na vida, se não namorasse comigo. A minha relação com ela nunca foi baseada em sexo, ela foi minha amiga antes de tudo. Você não entenderia. 
 
- Eu entendo sim. - Lembrou de Sai. 
 
- Sai? Você transou com ele sem nunca ter ido em nenhum encontro. Está fazendo a mesma coisa que fez comigo, você acha que vai manter a atenção dele por quanto tempo? 
 
- Eu não acho que a nossa relação é baseada em sexo. Eu realmente gosto de você. 
 
- Porque você é carente e dependente. - Naruto estava pensando que se Sasuke fosse criar sua namorada perfeita, ele somente iria acrescentar as habilidades de Naruto em fazer boquete na sua garota perfeita Sakura. E, talvez, baixa sensibilidade a dor.
 
- Quero as minhas roupas, por favor. 
 
- Não. E por que está todo enrolado? - Sasuke tentou tocá-lo, tirar um pouco do cobertor. Naruto não gostou, mas fazer o que, né? Negar? Impor limites? Isso seria bem engraçado. Só os ombros ficaram de fora, Naruto segurou o lençol acima do peito.
 
- Você sempre faz isso... Eu digo algo que me magoa e você “argumenta” - fez aspas no ar - dizendo que o que você fez é certo e que você tem direito de fazer. Eu entendo que você se aproximou dela com outras intenções e, por isso, é diferente. Mas o que eu estou dizendo, é que eu não gostei. Não gosto. Isso me machuca. 
 
- Você entende que eu não tenho que basear a minha vida em uma forma que você se sinta confortável, né? Eu gosto da Sakura, queria que ela fosse minha namorada. Se eu quero namorar com ela, eu não a trato como ficante. Simples. Você sempre tem planos de como espera que eu aja, mas esquece que eu não sou um personagem de um livrinho seu. Eu não reagi da forma que você queria sobre a sua fanfic e você ficou puto comigo!
 
- Não fiquei!
 
- Você ficou me ignorando!
 
- Eu estava jogando!
 
- Você sempre para de jogar e me responde. Você não parou, porque eu não segui o seu roteiro e não agi da forma que você esperava. 
 
- Mas não estava com raiva! Eu fiquei triste.
 
- Dá na mesma. 
 
- Você sabe o quanto eu adoro escrever, não dava para mostrar um pouquinho de interesse?
 
- Eu não estava interessado! Eu não gosto de ler, caralho! Você quer que eu finja estar interessado só para te agradar? - Foi quando Naruto começou a chorar, por que Sasuke tinha que sempre ter argumentos melhores? Era porque ele tinha razão mesmo? 
 
Naruto abaixou a cabeça, apoiando-a nos cotovelos, tentando disfarçar que já estava desestabilizado, passando os dedos entre os fios loiros, prendendo o choro, se segurando para não fazer barulho. As gotinhas silenciosas desceram pelas bochechas, pingaram na cama. Sasuke ficou olhando, quieto, ponderando. Cuidado, Sas, se não fizer o que ele quer, vai abrir uma cachoeira. E, bem, é sua culpa. Sempre é sua culpa. Você é responsável por ele, não é? Não foi sempre assim?  
 
- Você não me faz sentir especial. 
 
- Você tem que se sentir especial por você mesmo. Não é o meu trabalho. É o seu trabalho. - Muito bem, Sas! Abriu a torneira! Não é o seu trabalho fazê-lo se sentir bem! Por que deveria cooperar, certo? Você nem é namorado dele! Bota pra fuder. 
 
Naruto respirou fundo, mas todas as vezes que expirava sua respiração saía entrecortada e ele percebia que não estava se controlando muito bem. De cabeça baixa. Se falasse agora, nem teria voz, teria? E ainda soltaria o choro preso na garganta. Engoliu em seco, empurrando o choro para resistir mais um pouquinho. 
 
- Ok, você sabe argumentar muito melhor do que eu. 
 
- É porque eu tenho argumentos, você é dependente e quer colocar a culpa em mim. 
 
- Eu sei que sou dependente. - A voz falhou ao dizer isso. Naruto precisou quebrar o olhar, pois estava chorando, não conseguiu segurar. Sasuke revirou os olhos. - E não estou te culpando. O ponto é: Você me trata mal, você faz eu me sentir irrelevante. Você é indiferente comigo. - Sasuke bufou, tocou no braço de Naruto quase ironicamente para dizer:
 
- Eu. Não. Sou. Responsável. Por. Como. Você. Se. Sente. - Sasuke respirou fundo. - E eu também não te prometi nada, você se decepcionou sozinho. 
 
- Eu sei. - Murmurou. - Eu sei que você não me deve nada… sei que não tem que fazer nada por mim, sei que o amor é espontâneo e precisa vir naturalmente… E sei que não posso pedir por isso. Mas você é indiferente e eu não estou feliz. Você sabe que eu amo você… Mas não consigo continuar recebendo sua atenção espontânea. - Expectativas de novo. Naruto pensou que Sasuke poderia lhe dizer que o amava também, que poderia ser melhor, que tentaria suprir suas necessidades extremas de atenção e que, calma, tudo bem, o que precisa? Abracinhos, beijinhos e vozes adocicadas? 
 
- Você está dizendo que sou insuficiente? 
 
- Não tente me fazer parecer ruim.
 
- É exatamente isso que está dizendo. 
 
- Desculpe. 
 
- Você quer demais. Você sempre espera que eu faça algo que eu nem sabia que tinha que fazer. Você nem ao menos me diz o que você quer.
 
- …Eu não disse? 
 
- Você quer namorar, mas isso eu não quero. 
- Eu queria. Não quero mais. - Sasuke soltou uma risada. Isso estava acabando com ele. - Sua ideia de relacionamento é muito diferente da minha. Eu me doou por completo, você não. Eu não quero que mude, só não quero continuar. - A cara que Sasuke fez... um tanto confuso e insultado. - Eu não estou do seu lado, estou atrás de você. E estou cheio disso. 
 
- Você escreveu isso no seu caderninho antes de falar? - Na verdade sim, Sasuke. Ele decorou essa fala mesmo, algum problema? 
 
- Espera… - A voz saiu embargada.
 
- Esperar o que? 
 
- Espera eu pensar!
 
- Hã? 
 
- Espera eu pensar em como vou me explicar... para fazer sentido. 
 
- Ótimo. Uma sentença completa. Se eu não tivesse chateado com você, te daria um biscoito por isso.
 
Naruto foi erguendo o olhar pela lateral, o colchão, a janela, subindo, o teto. Foi voltando o olhar para o centro, o guarda roupa, uma escrivaninha de estudos, um monstro… ah, é o Sasuke! 
 
Os olhos de Naruto estavam vermelhinhos, os cílios úmidos, as íris brilhavam em um azul cristalino. Foi o que lembrou Sasuke o quão Naruto era vulnerável e instável. Principalmente com os assuntos que o envolvia. Tipo para comer. Como Naruto conseguiria comer, sem estar tudo resolvido com Sasuke? Prioridades primeiro.
 
- Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. 
 
Sasuke está rindo no outro segundo, ele abaixa a cabeça, toca a testa, está rindo. Naruto morre de vergonha, ele estava falando sério, mas Sasuke achou engraçado.
 
- Você só pode estar brincando... Eu estou ficando com uma criança! Você é louco. Completamente louco. Achei que estávamos conversando sério e você citou O pequeno príncipe! 
 
- Tu te tornas eternamente responsável... por aquilo que cativas... Isso significa... que devemos ser prudentes com os sentimentos daqueles que nos amam. - Sasuke massageou as têmporas, deitou na cama e encarou o teto.
 
- Eu não sou responsável por como você se sente. Pare de tentar fazer com que eu me sinta culpado pelos seus surtos, eu não tenho culpa, se você tem autoestima baixa. - Pow. O coração de Naruto rápido, mais rápido, as mãos tremendo, o corpo lentamente amolecendo igual gelatina. E Sasuke ouviu o primeiro snif. 
 
- Você disse... snif snif você disse que eu... foi você que disse! E repetiu várias vezes! ...Todas as vezes que alguém me escuta falar, eu agradeço, porque você me fez pensar que snif snif que me ouvir é horrível e que você só me… - Sasuke o interrompeu. Naruto mexia o anel de coco no dedo rapidamente, quase um frenesi. 
 
- Para de fazer drama. Isso não é um livro. Para de querer me colocar como um vilão e aumentar tudo o que eu faço. Você nunca erra? Você nunca explodiu também? Eu não sou um monstro! Eu não tenho que me sentir  culpado por não corresponder as suas expectativas! Você fica triste por coisas que eu não tenho culpa, seus amigos me odeiam porque você fica chorando nos corredores e colocando a culpa em mim! E aí eu paro e penso "Meu Deus, o que eu fiz de tão errado?" e, porra, eu não correspondi as suas expectativas! Para de chorar! Para de mexer isso! - Ele o segurou, agarrou seu polegar e arrancou o anel de coco do seu dedo. Jogou na parede e o anel rolou para debaixo da cama. Naruto se encolheu, tendo Sasuke furioso em sua frente. - Para de falar como um retardado, para de chorar, porra… Isso sim é manipulador! Se eu não faço o que você quer, você chora e, automaticamente, eu sou o errado da história!- Para de se vitimizar, eu não estou contra você, só quero resolver essa merda. Para de dizer que está triste, argumenta comigo!
 
- Quando estou snif perto de você, eu me snif snif sinto mal…
 
- EU NÃO SOU RESP… - Naruto o interrompeu.
 
- Então, eu não quero mais estar perto de você. 
 
- O que está querendo dizer com isso?
 
- Aceito seu snif snif snif desafio, Sas. Estou terminando com você. 
 
- É sério, está vendo como eu estou sendo paciente? Pare de chorar, não dá para entender nada. - Enxugou o rosto dele com a palma das mãos. - Você quer água?
 
- Não, me snif dá as minhas roupas, eu vou embora. 
 
- Não, nós vamos resolver. Você quer água? - Naruto balançou a cabeça, Sasuke levantou, foi em direção a porta do quarto e saiu rapidamente. Naruto queria ir embora, mas não poderia correr pelado pela casa de Sasuke, correr até o fim da rua, ou entrar em casa desse jeito. 
 
Sasuke iria convencê-lo a manter o nada que tinham, convencê-lo a ficar, do jeito que ele sempre fazia. Ele nunca teria coragem de terminar de novo, ou somente em alguns meses ou um ano. Ele precisava ir agora, senão continuaria preso e chorando semanalmente, Sasuke não iria mudar. Ele estava paralisado. Chorando e pensando que estava fazendo muito barulho com seus soluços, logo ele. Logo ele tão bom na arte de chorar em silêncio. 
 
Ele tinha que sair. Não tinha ideia do que fazer. Não podia sair pelado. Ele precisava de... Ele se levantou e correu até o guarda roupa de Sasuke, uma camiseta e uma bermuda e sua coragem momentânea não seria em vão. Ele não precisava colocar uma cueca, colocou só uma bermuda, se equilibrando em uma perna. Nunca foi tão difícil, ele conseguiu se atrapalhar, se segurou no guarda roupa para não cair. Puxou de novo a bermuda para a altura do quadril, o botão não fechava, tentou duas vezes até decidir que correria com o botão aberto mesmo. 
 
Seu choro foi interrompido por uma onda de coragem e pressa. Ele poderia chorar em casa, quando já tivesse dado fim em Sasuke. Enxugou o rosto com as mãos, seu nariz estava corizando, precisou ser secado para não escorrer. 
 
Pensou que poderia correr só de bermuda, mas já estava com a camiseta na mão, hesitou, estava colocando a camiseta, apressado, prendendo o braço na gola, enquanto calçava a Havaiana de Sasuke mais fácil que achou, no chão, embaixo da cama, perto de seu anel. Esticou a mão para pegar o anel também. Foi quando Sasuke abriu a porta. Ele encarou Naruto, deu uma olhada nas roupas, o botão aberto, a blusa sendo vestida como se ele estivesse sendo mantido em cárcere privado pelo seu quase namorado louco. Ah, espera, haha. Ele estava. 
 
Não disse nada. Eles se encararam, o Naruto apressado, desacelerando, seu olhar preso em Sasuke, vendo ele fechar a porta do quarto, girar a chave na maçaneta e a colocar no bolso. Trancado. A reação de Naruto foi largar os chinelos, ir para a cama, um bico de choro nos lábios, se encostou na cabeceira, abraçou as pernas e voltou a chorar. Que ceninha, Naruto, que ceninha. Você é um garotinho dramático, é isso que você é. 
 
- Nós vamos resolver.

As Duas Versões de Sasuke - Sasunaru, narusasu.Onde histórias criam vida. Descubra agora