Capítulo Trinta & Dois: Eu Sei O Preço.

260 17 1
                                    

Durante toda a vida, meus pais e irmãos, tentaram proteger um ao outro, muitas vezes, colocando a vida do outro acima da sua, sem pensar em maiores consequências.
Minha mãe, antes de ter eu e Bryan ficou meses em coma após ser sequestrada e torturada, meu pai, insistiu em nos manter o mais longe das pessoas que poderiam nos fazer mal, mas mesmo assim, Kauan acabou casando com a mulher que ele deveria proteger dos inimigos do irmão da mesma.
Thomas, quase perdeu Alina durante um confronto com um completo maluco, que tinha ligação com a milícia. Eu, me casei com o Boss da Máfia Russa.
Aparentemente a vida pregou uma peça nos meus pais, cada vez mais, sei disso.
As vezes, imagino como eu seria em relação ao mundo que vivo, com meu filho, caso não tivesse perdido ele depois do acidente, ele teria quase cinco anos agora, eu provavelmente tentaria deixar ele longe desse mundo, do mundo onde, a mãe dele matou pessoas, o pai, matou pessoas, talvez, estivéssemos largado tudo, Thiago seria empresário e eu psicóloga, mas esse talvez, eu nunca saberei ao certo, como seria.
_Vamos para casa, bonitão? - Pergunto para Bryan.
_Thiago levou os outros? - Bryan perguntou.
_Sim! Mariana tinha dormido no colo de Clara e Alina precisa comer! - Falo, rindo.
_Sophia, como é ser casada? - Bryan pergunta.
_Está perguntando se estou feliz? - Pergunto.
_Não, estou perguntando como é a sensação de sentir que alguém, ama você, sem ser alguém da sua família! - Bryan pergunta.
_É bom, é como se, você tivesse um pouco mais de razão para lutar contra qualquer coisa que apareça, como se nada mais no mundo pudesse abalar você, porque você tem aquela pessoa, e por mais que existiam dias ruins em um casamento, você nunca teria a hipótese de deixar a pessoa! - Exclamei, suspirando.
_ Você acha que algum dia alguém vai me amar? Dessa forma? - Bryan pergunta.
_Irmão, você é um dos seres mais amáveis que eu conheço, e eu não estou falando isso porque sou sua irmã gêmea e te amo, mas, porque é a verdade, eu tenho certeza que você vai conhecer alguém, sem querer, e ela vai ser a mulher mais sortuda desse mundo, por ter você ao lado dela! Não tenha pressa para encontrar a sua futura esposa, o amor acontece onde a gente menos espera! - Falo.
_Que fofa! - Bryan fala, rindo de mim.
_Nunca mais te dou conselho! - Falo, colocando a cadeira de rodas em sua frente.
_Não preciso dela, me dá seu braço aqui! - Bryan fala.
Penso em fazer ele sentar na cadeira mas, desisto e apenas estiquei meu braço para ele se apoiar.
_Eu amo você, sabia? - Bryan pergunta.
_Eu sei! - Falo, sorrindo para ele e beijando sua bochecha.
_Essa foi sua forma de dizer que me ama também? - Bryan pergunta.
_ Você quer que eu fale, não quer? - Pergunto.
_Claro, você é minha irmã gêmea, me deve amor! - Bryan fala.
_Eu te amo! - Falo, chegando ao meu carro.
_Poxa, você me decepcionou irmã, tanto carro lindo na garagem e você vem com normal? - Bryan fala.
_Esse carro é normal onde? - Pergunto, rindo.
O carro que Bryan chamou de normal é um Volvo XC60, cujo, foi projetado para ser o carro mais seguro do mundo.
_ Você entendeu! - Bryan fala.
_Entra logo ou te deixo aqui mesmo! - Falo.
_ Você vai deixar seu gêmeo doente, em um hospital? Cadê o amor dessa família? - Bryan pergunta, rindo logo em seguida.
Fecho a porta do lado do passageiro, onde Bryan está sentado e entro no carro.
_Queria estar conhecendo a sua casa de uma forma mais feliz! - Bryan fala.
_Bryan, você vai ficar bem! Para com isso! - Falo.
_Se eu não ficar, o que você vai fazer? - Bryan pergunta.
Eu sei a resposta para essa pergunta, mas,  perguntas dolorosas tem respostas dolorosas, e eu não quero dizer para o meu irmão que nunca irei me recuperar se ele partir.
_Não tem essa opção! - Falo.
Bryan riu, ele sabe que eu desviei do assunto, porque, minha autodefesa não quer falar sobre essa possibilidade e porque, não quero acreditar nela.
Quando chegamos em casa, Bryan deitou no sofá, e falou que poderia dormir nele por um mês, pois o mesmo é macio e segundo ele sofá de madame, na cozinha, minha mãe estava terminando de fazer o jantar.
_Nossa como eu senti falta desse cheiro! Vou te trazer mais vezes para a Rússia mãe! - Falo,  ela ri.
_Então você só sente falta de mim quando estou cozinhando? - Minha mãe pergunta.
_Ih, começou o drama da dona Lia! Sinto sua falta todos os dias! Eu sei que sou a filha favorita! - Falo, fazendo a mesma rir.
_Larga de ser egoísta que a mãe também é minha! - Kauan fala, entrando na cozinha.
_Mãe de vocês, mas, minha sogra, estou grávida então mereço ser a favorita! - Alina fala, se juntando a nós na cozinha.
_ Vocês vão competir para ver quem fica com a minha mulher? - Meu pai pergunta.
_O senhor vai entrar na briga, porque se for, saio dela agora! - Falo,  rindo.
_ Claro, o que seria de mim sem essa mulher? - Meu pai fala.
_Estaria velho, caindo aos pedaços e sem a mulher mais linda desse mundo ao seu lado! - Minha mãe responde.
_Alguém falou lindo? Porque eu cheguei! - Thomas fala.
_admiro sua autoestima! - Falo, meu irmão começa a rir.
_O cheiro está bom! - Clara fala.
_Meu marido fugiu de casa? - Pergunto.
_Seu marido sequestrou a minha filha e está no sofá, com ela, brincando de boneca! - Clara fala, fazendo todos rirem.
_Eu não acredito! - Thomas fala.
_A pose de macho alfa vai embora quando Mariana chega! Ninguém escapa! - Meu pai fala.
_O senhor que diga hein, avô babão! - Falo, rindo sem parar.
_O que? Sou mesmo, minha neta é a menina mais linda desse mundo! Minha função é estragar ela, educar eu já fiz com vocês! - Meu pai fala, nos fazendo rir cada vez mais.
_Medo de quando o bebê nascer! - Thomas fala.
_Ah, sai dessa, você vai ser um pai babão, vai competir com o Bernardo para ver quem é pior! - Alina fala, rindo de Thomas.
Deixo minha família conversando na cozinha, e saio lentamente, ando em direção a sala, calmamente.
Quando chego a sala, um lindo sorriso se abre em meu rosto, involuntariamente. A cena a minha frente, faz meu coração palpitar, Thiago está sentado no sofá, ao lado de Mariana, ele segura uma boneca, como se fosse um bebê, em seu colo, Mariana segura outra boneca, do mesmo modo, os dois conversam, enquanto Mariana penteia o cabelo da sua bebê e Thiago coloca a boneca no sofá para trocar a roupa da mesma.
A forma com que ele, entra na brincadeira com Mariana, me faz sorrir, Mariana ri sem parar, chama o tio de Titio Thiago,  enquanto ajuda ele a vestir a boneca, mesmo que ele não precise, ele deixa ela ajudar e agradece a mesma.
Por alguns minutos, enquanto assistia ele brincar com a sobrinha, ainda sorrindo, tive exatamente a sensação de, como vou me sentir quando tivermos filhos.
Involuntariamente a memória de que, poderia ser nosso filho, ou filha, ali, vem a minha cabeça, e os pensamentos a seguir me fazem subir as escadas de casa lentamente, indo em direção ao meu quarto.
Fecho a porta do quarto e sento na cama, sei que esse pensamento é um dos mais egoístas que eu poderia ter, afinal, tudo tem seu tempo e, minha família está reunida no andar de baixo para cuidar do meu irmão, enquanto eu, estou sendo egoísta ao pensar em mim.
A minha parte mais egoísta, ao ver Thiago brincando com Mariana, pensou em como nosso bebê iria crescer com todo o amor dele, pensou, em como seria o seu rosto, a sua voz, as suas mãos, o seu sorriso, em como iria ser o seu gênio, do que, ele iria gostar, qual seria a sua primeira palavra, em tudo, tudo o que não foi, tudo o que não deixaram existir.
_Sophia? - Escuto a voz de Clara.
_Entra! - Falo, limpando as lágrimas que escorriam.
_O que aconteceu? - Clara pergunta.
_Nada, eu só, vim trocar de roupa! - Falo, tentando disfarçar.
_ Você mente mal, Sophia! Me conta! - Clara fala.
_Eu só, acabei lembrando de uma parte dolorosa do passado, quando vi Thiago e Mariana brincando! - Falo, controlando as lágrimas.
_Oh, Sophi! Você lembrou do seu bebê, não foi? Kauan me contou, meio por cima, sobre o acidente! Eu sinto muito! - Clara falou.
_ Não precisa! Eu só... estou com a cabeça cheia! - Falo,  suspirando.
_Kauan também me falou sobre o prazo! - Clara fala, receosa.
_Eu não sei o que fazer! - Confesso.
_Eu queria poder falar para mandar todos cuidarem das próprias vidas mas, não posso, então, só tente não se culpar por algo que você não controla! Não é como se você não quisesse ter um filho, eu vejo nos seus olhos que você quer e vocês terão, mas, qual o sentido de colocarem um prazo para isso? - Clara pergunta.
_Eles acham que simboliza poder, um filho, é como uma prova de masculinidade! É uma ideia fútil, mas, regras são regras! - Falo.
_E o que acontece se vocês perderem o prazo? - Clara pergunta.
_Teremos que pagar o preço! - Falo.
_Vocês vão ficar bem? - Clara pergunta.
_Eu não sei! Mas isso é assunto para quando acabar, até lá, eu vou tentar não chorar toda vez que Mariana brincar de boneca com Thiago! - Falo, fazendo Clara rir.
_Olha, você tem família, você não está sozinha, ninguém aqui está! Se as coisas ficarem ruins, arrume as malas, pegue Thiago e deixe que a Rússia fique com as regras malucas dela! - Clara fala.
Acabo por sorrir.
Eu sei o preço que isso custaria, e infelizmente, não estava falando de dinheiro.




Votem e comentem.

A Mulher Do Boss - Livro 2 - Onde histórias criam vida. Descubra agora