As vezes eu posso ser dura com quem mais me importo, soa como se meu corpo ativase uma autodefesa que nem mesmo eu controlo, as vezes quando alguém que você considera muito te mágoa, você mágoa de volta.
Todos tem uma máscara, em algum momento, usamos elas, seja para o bem ou o mal, todos usam, para se proteger ou não, algumas pessoas se acostumam tanto com elas que esquecem que, uma hora a máscara cai e você se encontra de frente para sua verdadeira face.
Gritar com Rafaela foi difícil, me quebrou aos poucos por dentro e eu sei que fez o mesmo com ela, mas, quando se tem alguém que você ama sofrendo e você pode ajudar, mas alguém te esconde isso, dói, dói como se fosse o triplo do que doeria se fosse um inimigo completamente estranho.
Entrei no carro, o motorista, Maxuel, deu partida, nos deixando no aeroporto em cerca de uma hora.
_ Você está furiosa? - Eliot perguntou.
Eu sorri.
_Não, eu só... quero ver meu irmão e me certificar de que ele vai ficar bem, ele precisa ficar bem! - Falo.
Estou agindo completamente no automático, com exceção de Eliot, e a moça do portão de embarque, não falei com mais ninguém, me certifiquei que Eliot estava de cinto de segurança umas quatro vezes, o que fez ele rir e segurar a minha mão.
_Se acalma Sophia! - Eliot exclama, rindo.
_Desculpa! - Falo, rindo.
Passamos quinze horas dentro do avião, dormi boa parte e a outra parte, passei mandando e-mail para os pré selecionados para o instituto. Se tudo correr bem com Bryan, e isso não passar de um susto, terei mais onze países para ir antes de voltar para a Rússia, se não, Kenya irá cuidar dessa parte enquanto eu cuido do meu irmão.
Saímos do avião em uma escala, mas logo entramos novamente, mais cinco horas de voo, confesso que as últimas cinco horas soaram como uma tortura, enquanto Eliot comia pudim, eu optei por não comer nada, minha mão tremeu a maior parte do tempo e meu estômago embrulhou, as palavras de Enzo - Menor - soaram na minha cabeça durante todo o voo.
Eu deveria ter percebido antes.
Eu sou a irmã dele, sou a pessoa que ele literalmente escolheu para proteger a vida dele diante da máfia e ele, está doente, e não me contou.
Somos irmãos gêmeos, eu deveria saber. Ele soube.Flashback - início -
Sophia, 10 anos (Rio de Janeiro - morro do alemão - )Sinto minha garganta se apertar, tento levantar da mesa onde estou mas isso me faz cair no chão, estamos apenas eu, Bryan e nossa mãe em casa, não consigo chamar por ela, por conta da falta de ar.
Penso em como não deveria ter comido o doce de amendoim, agora que sinto meus pulmões cada vez mais fracos.
Escutei Bryan gritar, assim que cai no chão da cozinha, meus olhos se fecharam.Flashback - Fim -
Naquele dia, depois de Bryan gritar, minha mãe correu até ele, que estava no quarto, com a mão na garganta, quando ela perguntou o que ele tinha, ele só respondeu que não era com ele e sim comigo, então, saiu correndo e me achou desmaiada, por sorte, nossa mãe é médica e já sabia da minha alergia, então, ela me aplicou o antialérgico e me monitorou em casa mesmo.
Quando acordei, Bryan estava deitado nos pés da minha cama, rezando.
Flashback - início -
Sophia, 10 anos (Rio de Janeiro - morro do alemão - )Abri os olhos lentamente, escutando os pequenos soluços de Bryan, que está deitado nos pés da minha cama, chorando, com o terço na mão.
_Papai do céu, faz ela acordar! Ela é a minha outra metade, não tira ela de mim, eu imploro! - Bryan fala, enquanto soluça.
_Bryan, eu estou bem! - Falo, Bryan imediatamente levanta e vem até mim.
_ Você estava roxa e eu pensei que ficaria sem você! - Bryan fala, me abraçando.
_Você me salvou, não foi? - Pergunto.
_Sim! Mamãe na verdade! - Bryan fala.
_Eu te amo! - Falo, sorrindo.Flashback - Fim -
Eu chamo ele "gêmeo do mal" mas ele sempre foi meu lado mais frágil, obviamente nós dois juntos éramos uma dupla terrível mas, sempre fomos a força e a fragilidade um do outro.
Esse apelido, gêmeo do mal tem um significado engraçado, nossa mãe foi a razão dele.Flashback - início -
Sophia - 15 anos - ( Rio de Janeiro)Bryan e eu, estamos no intervalo de aula, Bryan e eu passamos ele junto com nossos irmãos, mas hoje, aparentemente eles sumiram da escola sem nos avisar.
_Ei, Bryan, vão bater no Kauan lá atrás! - Um menino da sala do Bryan fala.
_Acha o Thomas, eu vou lá! - Bryan fala.
_Mas eu quero ir! - Falo.
_Acha ele Sophia! - Bryan grita ao sair correndo.
Saio correndo, encontro Thomas com uma menina, aos beijos, puxo ele.
_Tinha que ser a irmã! - A menina exclama.
_Calada! - Falo, olhando feio para ela.
_Está com problemas? - Thomas pergunta.
_ Vão bater no Kauan! Na quadra! - Falo.
_Vão o que? - Thomas pergunta.
_Bater no Kauan! - Falo de novo.
_Eu entendi, vamos! - Thomas fala, levantando e saindo correndo.
Corro atrás do meu irmão, Kauan estava realmente apanhando, Bryan também, por ser menor que os meninos, ele acabava apanhando mais.
Thomas chutou o menino que batia em Kauan e eu me pendurei nos cabelos do menino que socava Bryan.
_Seu lazarento! - Gritei, ainda puxando os cabelos dele.
Bryan chutou os joelhos do menino fazendo ele cair, comecei a socar o mesmo.
A diretora chegou quando eu estava pulando em cima do menino, que Kauan havia jogado no chão. Obviamente ligaram para a nossa mãe.
_Seus filhos brigaram! Os alunos chamam os gêmeos de gêmeos do mal! - A diretora falou.
Minha mãe fuzilou ela com o olhar.
_Eu posso ver as câmeras? - Minha mãe pergunta.
_bom... claro! - A diretora fala.
As gravações mostraram que não somos nós que começamos.
_Eles só defenderam o irmão! - Minha mãe fala.
_Mesmo assim os gêmeos do mal, bateram em duas crianças e não vou nem falar dos outros dois, Kauan e Thomas são pestes! - A diretora fala.
_Escuta, querida, eu não tenho a mesma paciência que a minha mulher, mas todas as vezes que você acusou nossos filhos de algo eles provaram que não fizeram por querer, então, se chamar meus filhos de pestes ou de gêmeos do mal, você vai conhecer a fonte de onde vem todo esse mal! - Meu pai falou, irritado.
_Venham crianças! - Minha mãe fala.
_Mãe nós somos gêmeos do mal? - Bryan pergunta, triste com o que a diretora falou.
_Não amor, não são! - Nossa mãe fala.
_Eu posso ser a gêmea do mal, e você o gêmeo do bem! - Falo, sorrindo para ele.
_Não, tudo bem! - Bryan fala.Flashback - Fim -
Nós quatro, Kauan, Thomas, Bryan e eu, somos como quatro pontas de algo extremamente forte, mas se um de nós se machuca, todos sentem, mesmo quando brigávamos, ainda assim, se outra pessoa resolvesse brigar com um de nós, fazíamos uma guerra contra a pessoa. Bryan e eu temos sete anos de diferença em relação a Thomas e Kauan, talvez por isso eles fossem um pouco mais próximos, quando éramos menores, mas agora, agora somos iguais, e um de nós, está precisando de ajuda.
O avião pousou, fui a primeira a sair, Eliot suspirou assim que saíamos do aeroporto.
_Uau, esse lugar é... maravilhoso! - Eliot fala.
_ Bem Vindo ao Brasil Eliot! - Falo.
_Eu posso morar aqui? - Eliot pergunta, me fazendo gargalhar.
_Duvido que eles entendam russo ou polones, mas, você vai passar alguns dias aqui, vai aprender algo em português e eu prometo, que te trago toda vez que vier! - Falo.
Eliot pula de alegria.
Enzo está a nossa espera, do lado do carro.
_E aí senhora traidora que vai para Rússia e esquece de voltar! - Enzo - Menor - fala.
Enzo me abraça.
_Oi mini miniatura de gente! - Falo.
_Oi carinha! - Enzo fala, esticando a mão para Eliot que fica com a expressão de interrogação.
_Ele disse olá, estique a mão e o cumprimente! - Falo, rindo.
_Ele não fala português? - Enzo pergunta.
_Nem um palavra! - Falo.
_Ah, eu ensino! - Enzo fala, sorrindo.
_Olha lá hein! - Falo, rindo.
_Eliot, entre no carro! - Falo.
_Uau, o idioma de vocês é estranho! - Eliot fala.
_Esse doido fala estranho, viu? - Enzo fala.
_Eu mereço! - Exclamei.
Enzo e Eliot, em meia hora de estrada até o hotel, desenvolveram uma linguagem própria, de alguma forma os dois conseguiam gesticular e conversar sem o menor problema.
Pedi para Enzo fazer companhia para Eliot, enquanto eu iria até o morro ver meu irmão, já que, Eliot acabou de sair do hospital e enfiar ele em um morro cheio de gente armada depois de ele quase morrer, não é uma boa ideia.
Depois de deixar os dois no hotel, peguei as chaves do carro de Enzo e me despedi temporariamente de Eliot.
_Cuida dele, Enzo! - Falo, olhando para ele que apenas ri.
_Sophia, pega leve com eles! - Enzo fala.
Concordo com a cabeça, indo para o carro, hora de saber porque não me falaram nada.Votem e comentem!!!
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A Mulher Do Boss - Livro 2 -
RomanceAté onde o amor te manteria de pé? E se esse amor, colocasse a quem você ama em risco? Valeria o preço ? Qual o preço do amor? O reencontro de Sophia e Thiago os fez notar que o amor que sentiram um dia um pelo outro, nunca deixou de existir. A má...