Capítulo Trinta & Sete: Ninguém Vai Chorar.

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Flashback  - início  -
- Sophia, Bryan, (18 anos) Thomas e Kauan (24 anos)  -  Rio de Janeiro.

A primeira vez que entramos em confronto, contra um morro rival, foi para nunca esquecermos.
_Protege ele Bryan! - Grito  em meio aos tiros que se aproximam cada vez mais.
_Eu tô bem! - Nosso pai fala.
_Calado! - Kauan fala.
Nosso está ferido, ele levou um tiro na perna, Kauan avisou no rádio, Bryan e eu estávamos em casa e escutamos, então, pegamos o carro que estava na garagem e viemos encontrar eles.
_Entrem! - Bryan fala.
_Nossa mãe está em casa? - Thomas pergunta.
_ Não! - Exclamei.
_Está sangrando Sophia! - Kauan fala.
_E doendo muito! - Nosso pai fala, se contorcendo de dor.
Rapidamente eu analiso a situação, respiro fundo, coloco o sinto, olho para os meus irmãos.
_ Vocês confiam em mim? - Kauan pergunta
_A nossa vida! - Bryan fala.
_Coloquem o sinto! Bryan, amarra isso na perna do pai e não solta enquanto eu não mandar! Mandei mensagem para a mãe! Vamos para a casa no asfalto! - Kauan fala, entregando a camiseta dele para Bryan.
_Crianças é arriscado demais! - Meu pai fala.
_Arriscado é a gente ficar aqui com você sangrando, pai! - Bryan fala.
_Nós, contra o mundo para sempre! - Falo, colocando o sinto.
_Se abaixem! - Falo, assim que piso fundo no acelerador e começo a descer o morro, a toda velocidade.
A luz dos tiros contra o carro, me fazem pisar ainda mais no acelerador, por mais que o carro seja blindado, não vai aguentar muitos tiros.
_Irmã ele desmaiou! - Bryan fala.
_PAI ACORDA! - Thomas grita.
_Faz ele acordar Bryan! - Kauan fala.
Continuo acelerando cada vez mais, sentindo o cheiro de sangue inundar o carro, passo por a barreira  entre os carros dos inimigos parados, como uma bala, entro na pista principal, diminuindo a velocidade, evitando chamar atenção da polícia.
_Anda Sophia! - Bryan fala.
_É isso ou a polícia na nossa cola! - Falo.
Nossa mãe já estava a nossa espera, quando chegamos, a casa que fica próxima ao morro, onde minha mãe estava pois não conseguiu entrar no morro por conta da invasão, tem uma UTI preparada para essas situações.
Duas horas depois, ainda sentada na sala, com os meus irmãos, minha mãe voltou para a sala e nos encarou.
_O tiro foi de raspão, ele vai ficar bem! - Nossa mãe fala.
_Graças a Deus! - Kauan fala.
_O que deu em vocês? Hein? Pegar um carro e se jogar em direção a um monte de gente armada? - Nossa mãe pergunta.
Começo a rir.
_Nós, contra o mundo para sempre! Essa é a nossa frase mãe, nada vai fazer um não salvar o outro! - Kauan fala.
_ Vocês puxaram mesmo ao pai de vocês! - Minha mãe fala, suspirando.
_Quase um elogio, mãe! - Bryan fala.
_Vou lá com ele! Se troquem e durmam! - Nossa mãe fala.
Ela saiu da sala e então, Thomas se jogou em cima de mim.
_Salvamos nosso pai! Uau! - Thomas fala.
_Vamos prometer algo? - Bryan pergunta.
_O que? - Pergunto.
_Nunca vamos esquecer dessa frase, não importa onde estivermos, vamos lembrar dela! Seremos sempre, nós, contra o mundo para sempre! Certo? - Bryan pergunta.
_Certo! - Thomas fala.
_Certo! - Kauan fala.
_Certo! - Falo.
Flashback  - Fim  -

_Amor! - Thiago fala, vindo me abraçar.
Paro ele com as mãos.
_Porquê eles estão chorando? - Pergunto.
_Amor eu... - Thiago fala, mas o interrompi.
_ Cadê a minha mãe? - Pergunto.
Nesse momento, minha mãe passa por a porta da emergência e vem em nossa direção, ela fala algo para o meu pai e desaba, chorando, abraçada com ele.
_Mãe, cadê o Bryan? - Pergunto.
Minha mãe apenas continua chorando.
_CADÊ O MEU IRMÃO? - Grito.
_Em cirurgia! É a última chance dele! O tumor... chegamos tarde! - Meu pai fala, me olhando, com o rosto molhado por as lágrimas que ainda escorrem.
_Parem de chorar, ele vai ficar bem! - Falo, sentindo meu corpo agoniado.
Todos me olham, ainda chorando, eles sentem a dor que estou sentindo, são a minha família, sentindo que estamos perdendo ele.
_PAREM DE CHORAR! QUANDO AS PESSOAS CHORAM EM HOSPITAIS AS PESSOAS MORREM! PAREM AGORA! - Grito, sentindo meu corpo todo tremendo.
Thiago se aproxima de mim, segurando as lágrimas.
_Sophi! - Thiago fala, chegando perto de mim.
_Para! Manda eles pararem! - Falo, olhando para ele.
Thiago nega com a cabeça e me abraça.
Assim que os braços de Thiago prenderam meu corpo ao dele, meu corpo desabou de uma forma tão grande, que o primeiro soluço soou como um grito, abafado por as lágrimas e a respiração descontrolada, Thiago apoiou minha cabeça no seu peito, enquanto segurou meu corpo, preso ao dele, chorando junto comigo, ele apenas se permitiu, dividir o medo e a incerteza comigo.
_Amor, fala que ele vai ficar bem, por favor! - Falo, soluçando para vez mais.
_Sophia eu não posso... - Thiago fala.
_Mente! Mente para mim! Eu preciso ouvir, mesmo que seja mentira! Por favor! - Falo, desesperada, chorando ainda mais.
Thiago arruma a postura, limpa meu rosto e me olha.
_Bryan vai ficar bem! - Thiago fala, deixando as lágrimas escorrerem.
Meu choro piorou ainda mais, sem controle nenhum agora, apenas me sentei no chão do corredor do hospital e chorei, com a cabeça apoiada no ombro de Thiago.

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Seis Horas Depois....
Ainda estada no chão, agora, ao lado de Thomas, respiro fundo, tirando a cabeça do ombro do meu irmão, tomo uma decisão.
_Eu vou para a capela do hospital! - Falo, levantando.
_Amor, eu vou com você! - Thiago fala.
Meus olhos voltam a derramar lágrimas, ao ouvir ele falar isso.
Eu só vi Thiago rezar duas vezes na vida.
_Nós também vamos! - Tayson fala.
Ele e Rafaela chegaram a mais ou menos duas horas atrás.
_Eu vou com vocês! - Thomas fala.
_Eu também, se vamos rezar, vamos todos! - Kauan fala.
Nossa mãe soluça ainda mais.
_Eu vou junto! - Meu pai fala.
Mariana e Alina foram para casa, já que, Alina está grávida e não é o melhor momento para ela passar horas em um hospital e Mariana é pequena e quase não entende o que está acontecendo.
_Eu aviso se vierem dar notícias, pode ir! - Clara fala, abraçando a minha mãe.
_Eu... - Minha mãe fala, sem conseguir terminar a frase.
_Eu sei! Vai, somos família! - Clara fala.
Juntos, andamos até a capela que fica dentro do hospital, assim que entramos, cada um, no próprio ritmo, acendeu uma das velas que fica em cima do altar e em seguida, procurou um lugar para se ajoelhar.
Mentalmente, comecei a oração.
Oração da Sophia.
"Oi, sei que faz algum tempo que eu não faço isso, e que, talvez nem mereça ao menos ser escutada, aliás, a última vez que rezei, eu era só uma menina de dezoito anos, pedindo para que o senhor cuidasse do meu bebê, melhor do que eu cuidei! Sei que talvez essa seja uma oração em meio a milhares de outras, mas, eu preciso de ajuda, pai, eu preciso que ajude meu irmão! Eu sei que a gente faz besteira o tempo todo e que essa vida não é exatamente um sonho para os seus filhos, mas, eu preciso que ele continue vivo, ele tem muita coisa para viver ainda e eu sei que o coração dele é bom, talvez mais do que o de qualquer um de nós, mas com certeza que o meu! Ele é o meu irmãozinho, mesmo ele sempre tentando me proteger, eu preciso que faça ele sobreviver! Deixe ele conosco, Deus, por favor! Bryan merece viver! Por favor! Eu imploro, deixe ele com a gente!Em nome de Jesus Cristo,  amém!"

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Onze horas depois, eu ainda choro, ao pensar no meu irmão, e a angústia continua presa ao meu corpo, agora, de volta a sala de espera, cada minuto me aterroriza.

Flashback - Início  -
Sophia & Bryan 6 anos.
Rio de Janeiro.

_Segura a minha mão! - Bryan fala, rindo de mim.
_Eu estou com medo! - Falo, enchendo os olhos de lágrimas.
_Confie em mim, maninha! Segura a minha mão! - Bryan fala.
Estamos tentando, ou melhor, eu estou tentando subir em uma árvore, Bryan está nela a alguns minutos, ele agora, estica a mão para que eu suba.
_Vem, eu protejo você! - Bryan fala, sorrindo.
Seguro firme a mão dele, ele me puxa e eu finalmente, subo no galho da mesma.
_ Você é o melhor irmão do mundo! - Falo  abraçando ele.
Bryan se desequilibra e nós caímos, por sorte nossos corpos foram impedidos de ir contra o chão, por Thomas, que ria sem parar.
_E quem protege vocês, seus pestinhas? - Thomas pergunta.
_ Você! - Bryan e eu falamos, juntos.
_Me dá o Bryan! - Kauan fala.
Kauan colocou Bryan em cima de seus ombros, sentado, Thomas fez o mesmo comigo e então, saíram correndo.
Bryan e eu rimos sem parar.









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