Capítulo Sessenta & Seis: Pânico.

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Pânico.
Uma palavra simples, seis letras, deveria ser fácil definir o que causa pânico nas pessoas, bichos, agulhas, altura, filmes de terror, ou, como agora, um carro sendo estacionado no meio do nada, enquanto sinto os olhos de alguém me vigiando.
Fui amarrada e vendada, colocada em um carro, no qual fiquei por muitas e muitas horas, tempo demais para que meu corpo não reagisse a dor intensa no meu pulso, que provavelmente saiu do lugar.
Eu não sentia nada por conta da adrenalina, agora eu começo a sentir tudo, cada pedaço ferido do meu corpo doendo tão intensamente, que eu quase imploro para que me deixem deitar e chorar por algumas horas, antes da morte me encontrar.
_Vem! - Escuto a voz masculina de alguém falar, sou puxada de imediato para fora do carro onde estou, quase caindo, sentindo meu corpo tremer por conta do frio, ou, da provável febre que agora domina o meu corpo.
O cheiro do local onde fui colocada, me fez trancar a respiração por alguns segundos, enquanto me amarraram novamente, dessa vez, de pé, meu coração disparava cada vez mais.
O homem tirou a venda dos meus olhos.
Um homem, mascarado entrou na sala, a máscara tampa apenas os seus olhos e nariz, mas consigo ver o seu sorriso perverso quando ele anda até mim.
_Sophia, eu achei que não ia te ver tão cedo! - O homem exclama.
Me mantenho calada, sei que se eu responder vai ser ainda pior, o homem me olha e sorri.
_Eu admiro a sua coragem, mas ela vai te tornar muito... muito burra! - O homem fala.
Ainda em silêncio, sinto meu corpo receber o primeiro soco, no rosto, me fazendo virar o mesmo, engolindo o meu próprio sangue.
_Me fala, Sophia! Achou que iria assumir tanto poder sem um preço? Sem uma derrota? O que acha que vai acontecer agora, ou depois, quando eu mostrar o seu corpo para o seu marido? Hum? Para o seu pai? Seus irmãos? - O homem pergunta, próximo de mim.
Sinto vontade de socar ele com tanta força que ele esqueceria o próprio nome, mas permaneço no lugar.
_Você e Thiago tem algo em comum... irão morrer mais lentamente por serem teimosos! - O homem falou, começando a me bater.

Eu preciso aguentar.

Durante a tortura, acabei desmaiando, sem falar uma palavra, depois que o homem pisou em cima do meu pulso quebrado, a dor foi tão intensa que meu corpo não resistiu.
Ele me acordou, com um balde de água fria, e começou a seção de tortura novamente, entre as pancadas, palavras e ameaças, meus desmaios frequentes, implorei para que, ao menos meu bebê sobreviva.

Eu olho para o local onde estou, o pânico se instala no meu corpo a medida que eu vejo o homem mascarado andar em minha direção, estou presa por correntes, se não fosse isso, eu estaria longe daqui, correndo para onde quer que Thiago esteja, talvez, sendo torturado por alguém, assim como eu.

Torço para que, Bryan tenha visto a mensagem a tempo, ou, esse será meu fim, o fim de tudo e, estarei longe deles para sempre.
O homem pega um maçarico, anda em minha direção, eu sei o que vem depois que ele acender o mesmo.
Eu falhei, a Máfia avisou e eu falhei, Thiago talvez tenha cometido o pior erro da sua vida ao se casar comigo.
A mafia Russa, sem um Boss, ficará a deriva.
Engulo em seco.
_Você aguenta bastante, para uma mulher! - O homem, sentado na cadeira, observando minha pele queimar, fala.
Olho para ele.
Se eu sair viva, ele não vai morrer rápido, será horrível, vingativo e até mesmo, prazeroso.
Deus deve estar decepcionado comigo, eu descumpri muitos mandamentos durante a vida, talvez isso seja uma lição, onde traição e amor moram lado a lado.
É comum se ouvir, dentro das paredes da Máfia, que alguém morreu por amor, que descumpriu uma regra apenas por amar alguém..
Amor.
A falta de um fruto dele, me leva diante da morte.
Ou melhor, a mentira contada pessoas muito ardilosas me levou até onde estou, eu cumpri o prazo, estou gerando um filho ou filha, o qual não terá  a chance de nascer se isso continuar no ritmo que está.
Fecho os olhos, implorando para Deus.

Senhor, eu sei que eu falhei, eu cometi mais erros que a maior parte dos seus filhos e eu não mereço piedade nenhuma, mas tem uma vida inocente, morrendo aos poucos junto comigo, não me deixe sentir isso novamente, não leve um pedaço meu novamente.
Eu não aguento...

_Abra os olhos, caralho! - Juliam fala.

Ele entrou na sala a quase meia hora atrás, parou a minha frente, ao me ver machucada, ele sorriu.
_É verdade? Você está grávida? - Juliam pergunta, passando sua mão no meu rosto.
A repulsa que eu sinto aumenta cada vez mais, respiro fundo, tentando não vomitar por conta do cheiro da minha própria pele queimada.
_Responde Sophia! - Juliam falou, quase gritando.
_Porque se importa? - Perguntei.
Juliam gargalhou.
_Porque quando eu arrancar cada pedaço seu, farei questão de lembrar que matei a porcaria do seu feto junto! - Juliam falou.
_Ela está grávida? - Lavigne perguntou.
_Não mandei abrir a boca! - Juliam exclamou.
_Porque recrutou uma criança Juliam? Acabaram os soldados ou você não conseguia manipular mais ninguém? - Perguntei.
_Porque eu sabia que quando Lavigne enfiasse uma bala na cabeça de um dos seus, você ficaria assim... vulnerável! Como era mesmo o nome dele? O seu melhor amigo, que morreu no seu lugar? - Juliam pergunta.
A vontade de chorar se acumula na minha garganta.
Filho da puta.
Nickolas....
Respiro fundo.
_Já se perguntou quantas pessoas morreram por você, vadia? Quantas pessoas como Nickolas? Quantas vezes alguém se sacrificou para você viver? Como foi a sensação de ver ele morrendo? Hum? - Juliam Perguntou.
_Vai para o inferno! - Falei.
_Ele morreu por que você é tão inútil que não consegue se defender sozinha! Lembra do olhar sem vida dele, Sophia? Como é a sensação de matar o seu melhor amigo? - Juliam pergunta.
_Vamos começar a brincadeira! - Juliam falou.

Ele andou lentamente até a mesa com os materiais de tortura, começando a escolher qual usaria.




Amanhã tem mais

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