Capítulo Sessenta & Nove: Seremos Nós, Para Sempre & Depois.

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Narrado por: Sophia Novack Miranda.

O barulho do engatilhar de uma arma, pode ser reconhecido facilmente por quem está acostumado com elas, ou, dificilmente percebido por quem nunca viu uma, a realidade das pessoas pode mudar a visão delas sobre o mundo, mas não sobre a morte.
Morrer.
Eu já estive de cara com a morte mais vezes que a maioria das pessoas, cruelmente, as chances eram menores do que agora, já que, eu sei quem são meus assassinos nesse momento.
O acidente. O atentado. A tentativa de assassinato dentro da casa dos meus pais.
Três chances, eu escapei, consegui ter forças para escapar, mas agora, meus olhos se fecham, ao escutar o engatilhar da arma atrás da minha cabeça.
Respiro fundo, olho para Thiago, que treme na cadeira, com raiva, seus olhos estão fixos em mim, ele olha para as minhas mãos, em seguida, para a minha barriga, sei que ele está pensando no bebê, nesse momento, olho para ele, com os olhos repletos de lágrimas, sentindo meu coração pulsar rápido dentro do meu peito, implorando para que algo aconteça.
Penso no bebê, em como seria bom ouviu o som do seu coração, ou, no sorriso de Bryan ao vir me visitar e me ver com a barriga crescendo, em alguns meses, penso em como Mariana ficaria feliz, mas principalmente no quanto Thiago seria um ótimo pai e Eliot um ótimo irmão, se assim ele quisesse.
_Me desculpa! - Exclamei, deixando as lágrimas caírem, molhando o meu rosto.
_Eu te amo! - Thiago falou, me olhando.
O ferro gelado da arma encosta na minha testa, sendo pressionado contra a minha pele, me fazendo sentir um imenso tremor percorrer meu corpo.
Fechei meus olhos, esperando o disparo da arma e o meu último suspiro de vida.
Tiros...
Os ouvi, em uma dimensão tão intensa que abri os olhos com estranheza, Thiago me olhou e sorrio, parecendo estar aliviado.
_Que droga está acontecendo? - Juliam perguntou.
Sorri.
_Vocês estão muito fodidos! - Exclamei, olhando para ele.
Assim que terminei de falar, a porta do local onde estamos voou por o ar, meu pai e irmãos entraram, em um mero impulso fechei os olhos, evitando olhar a luz dos tiros, que atingiram os homens que tentaram defender Juliam, Marta e Liana, e foram mortos no mesmo instante.
Vi quando Liana tentou correr, para a porta dos fundos, minha mãe atirou na perna da mulher sem nem hesitar, ela chega perto de Liana e sorri, perversa, puxa os cabelos de Liana para trás, fazendo com que a mesma olhe para.
_Você vai vir comigo! Vagabunda! - Minha mãe falou.
_Oi maninha! - Bryan falou, tirando o capacete que o protegia, me livrando das correntes.
Sorri, antes de sentir meu corpo fraco, quase cair da cadeira, Thomas soltou Thiago, que foi segurado por o mesmo pois ia cair, sem forças.
_TRAGAM A MACA! - Escutei uma voz familiar gritar.
Diogo Santini surgiu no meu campo de visão, agora, com a barba grande, músculos um pouco mais aparentes que da última vez, ele guia os médicos até onde estamos.
_Levem o Thiago antes! - Falei.
_Quieta maninha! Vem! - Bryan falou, me pegando no colo, como uma criança, ele me carrega, ignorando os protestos dos médicos.
Apoio minha cabeça em seu ombro, sentindo tudo ficar escuro.
_Sophia! Se concentra na minha voz! Lembra de quando a gente era pequeno? Hum? Eu te convenci de ir para a praia, você odiou, mas depois, pulamos daquele penhasco e você amou, então, não pula! Não se entrega! Eu estou aqui! - Bryan falou, agitando meu corpo.
Minha cabeça girou rapidamente, senti o vômito vir a garganta, me fazendo fazer ânsia, sem ter o que vomitar, por estar sem comer a quase três dias.
_SOPHIA! - Bryan gritou, me chamando, tentando manter meus olhos abertos.
Seguro a mão dele, com toda a força que eu tenho, que apesar de muito pouca, ainda me mantém de olhos abertos, durante poucos segundos, o suficiente para ver Thiago entrando no helicóptero, na maca, respirando com a ajuda de uma máscara de oxigênio.
_Mãe a gente precisa de você aqui! - Kauan falou, da porta do helicóptero.
_Os batimentos dela! - A voz da minha mãe soou como um grito, quando a escuridão mais uma vez, fechou aos meus olhos.

A sensação da minha cabeça girando, como se o mundo todo estivesse girando como a hélice de um ventilador, aumentando cada vez mais.
_Cuidem dela! Eu estou bem! - Escuto a voz de Thiago, mais longe do que eu gostaria.
_Preciso estabilizar ela se não, não podemos fazer nada para salvar os bebês! - Alguém fala, mais perto, dessa vez.
Bebês..

78 Horas Depois...

Acordo, com o barulho alto de máquinas apitando, abro os olhos com dificuldade, estou em um quarto, bem iluminado com as paredes pintadas de branco, sinto meu estomago se contrair, quando virei meu corpo para o lado.

_Ei gatinha! - Kauan falou, se aproximando de mim
_Onde eu estou? - Perguntei, em completa confusão.
_No hospital! Você quase me matou! Sua desgraçada! - Thomas falou, se aproximando de mim.
Sorri, ao ver ele derramar as lágrimas que se acumularam em seu rosto.
_Você tem noção de que quase nos matou do coração? Ein, menina! - Thomas falou.
Abracei ele.
_Eu estou bem! - Falei, chorando.
_Essa mão enfaixada diz o contrário! - Minha mãe falou.
_Mãe! - Exclamei, chorando ainda mais.
_Oi amor! - Minha mãe falou, acariciando meus cabelos, lentamente.
_E os bebês? - Perguntei.
_Como você sabe? - Bryan perguntou.
_Eu ouvi! - Falei.
_Estão bem! Antes que pergunte, Thiago também está! Ele deve estar vindo para cá nesse exato momento, seu pai foi buscar ele no quarto! - Minha mãe falou.
_Oi irmã! Não faz mais isso, estou cansado de hospitais! - Kauan falou, me abraçando.
_Nunca mais! - Falei.
_Amor! - Thiago exclamou, entrando no quarto.
Thiago está sentado na cadeira de rodas, que meu pai está empurrando, ele tentou levantar mas meu pai o empurrou novamente para a cadeira.
_Sem esforços! - Meu pai falou.
O jeito delicado de Bernardo Novack. Sorri com a cena.
_Achei que você não iria acordar! - Thiago falou.
_E te deixar cuidar dos nossos filhos sozinho? Ou pior, com outra mulher? - Perguntei.
_Nunca teria a chance de existir outra além de você! Meu coração é todo seu! - Thiago falou.
_Casa com ele! Muito fofo! - Bryan falou.
Gargalhei, sentindo minhas costelas doendo por conta disso.
O mundo não é feito por pessoas boas, muito menos, para pessoas boas, na verdade o mundo, é uma grande e intensa confusão, um misto de emoções, entre o certo e o errado, o bem e o mal, o amor e o ódio, o poder e o vislumbre da loucura.
Mas são essas pessoas, esses momentos, onde meus irmãos fazem piada, enquanto eu seguro a mão do amor da minha vida, que aguentou quase todas as dores sozinho, para tentar me proteger, tentando, esperando, que nosso resgate chegasse e chegou.
Eu sei que, ainda terei que sair do hospital e acabar de uma vez por todas com essa história, com essa maldita vingança que agora domina parte da mente de todos presentes nessa sala, mas sei que tem algo além disso.
_Ei, bom ver vocês assim, tão bem! A médica dos bebês chegou, aproveitando que a Sophia acordou e a família está reunida, quem quer ir fazer a primeira de muitas ultrassonografias? - Doutora Mariza pergunta, sorrindo.

Bebês...

Eu não sei quantos são, ou, quem são, mas sei que não estou, definitivamente sozinha, e que eles estão comigo e com Thiago, para sempre.

Seremos nós, para sempre e depois, a partir de agora.




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