Capítulo Quarenta: Bryan Harvelle Novack.

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Narrado por: Bryan Harvelle Novack.
Três horas antes.

Como você imagina morrer? Quero dizer, você faz parte das pessoas que planeja morrer velho, ao lado da mulher da sua vida ou é a pessoa que literalmente, acha que pode morrer amanhã e esta tudo bem?
Eu achava que pertencia a segunda, até ouvir de um médico que talvez eu não vivesse até o meu próximo aniversário, e por mais desesperador, naquele momento eu comecei a fazer parte das pessoas que querem morrer velho.
Eu sempre pensei como seria a minha morte, mas a única coisa que eu não queria, era sentir que, meus familiares estavam sofrendo, eu consigo sentir, mesmo preso a uma tela grande e escura, sem saber para onde ir ou olhar, eu posso ouvir o choro agonizante de alguém, mesmo que eu não possa ver seu rosto, eu tento lutar para que ela pare, mas não saio do lugar.
Então, o cenário muda, depois de alguns minutos, onde eu tentava constantemente enxergar algo além do escuro, a luz surgiu, no começo, muito fraca, mas depois, quase não consegui ficar com os olhos abertos.
_Que merda está acontecendo! - Exclamei, olhando para os lados, procurando uma solução.
_Bryan? - Uma voz doce, muito familiar adentrar meus ouvidos.
Engulo em seco, ao conseguir ver a dona da voz, a minha frente. A mulher a minha frente soa como uma miragem, ela está exatamente como lembro de ter a visto em nosso último dia juntos.
O ar agora parece muito mais limpo do que da última vez que respirei, como se, tudo se acalmasse, menos o ritmo intenso do meu coração, que posso sentir, batendo cada vez mais forte.
_Não vai me dar um abraço? - A figura a minha frente pergunta.

Aline, a irmã mais nova de um dos funcionarios da máfia, que trabalhava infiltrado no morro, antes de fazermos parte da mesma, talvez tenha sido a única mulher que cheguei perto de amar.
A ruiva, com sotaque europeu me olha e sorri, mas agora, meu coração não dispara mais, ele nem sequer reage a ela, por mais que eu não entenda o que está acontecendo, sei que ela está morta.
_Eu morri? - Pergunto.
_Não, mas vai precisar lutar para viver! - Alina fala.
_Eu não sei como fazer isso! - Exclamei.
_Claro que sabe Bryan, você me chamou aqui para te ajudar! - Aline fala, me olhando.
_Isso aqui é real? - Pergunto.
_Sua mente projeta o que você quer ver! Eu sou a projeção da sua mente! - Aline fala, sorrindo para mim.
_Eu sinto muito, por você! - Falo, olhando para ela.
_Bryan, você precisa parar de se culpar por mim! Eu morri, mas se estivesse viva, bom, você sabe que a gente não estaria junto! - Aline fala.
Aline tem essa mania, mesmo agora, ela me olha e fecha o semelhante, arqueando as sobrancelhas, ela soa cruel, eu sei disso, mas ela é verdadeira ao máximo que pode.
Aline e eu tínhamos combinado de não envolver sentimentos nas nossas noites, mas, eu fui quem misturei as coisas, gostava tanto dela que ignorei seus avisos sobre não querer uma família e sobre não sentir o mesmo, até o dia em que brigamos e decidimos que seria melhor tudo acabar.
Com a volta de Sophia, Aline tinha que ficar de olho na segurança dela, mas, Fabrício não deixava ela ser ativa, ele protegia a irmã como eu protejo a minha, e então, ela morreu.
Na entrada do morro, deram quatro tiros na cabeça, os assassinos dela se confundiram, os tiros eram para ser em Sophia, que estava em casa, mas, por conta da minha mãe ser ruiva, os filhos da mãe atiraram nela.
Quando eu soube, ajudei Fabrício a caçar cada um deles, não aliviou o pequeno pedaço de culpa que eu senti, mas, jamais deixaria Fabrício sozinho nisso.
_Bryan, você já decidiu? - Aline perguntou.
_Sobre? - Pergunto.
_Morrer! Se você ficar aqui, vai morrer, mas, se você decidir que vai viver, bom... Sophia vai estar te esperando! - Aline falou, sorrindo na última parte.
_Eu ouvi ela, rezando! - Exclamei, lembrando da sensação de desespero que senti.
_Ela é boa, literalmente, o jeito com que ela daria a vida por cada um de vocês, é lindo! - Aline fala.
_Eu ouvi todos eles! É horrível estar aqui! - Falo.
_Então volte! - Aline fala.
_Como? - Pergunto.
_Apenas volte! - Aline fala.
Reviro os olhos, e então, sinto meu corpo todo se contrair, o vento forte me faz segurar meus braços, tentando me manter sentado, onde estou.
Eu consigo ver, agora estou em uma praia, onde duas crianças correm, uma mulher ruiva começa a rir deles, me fazendo rir também, sua risada é contagiante.
Chego um pouco mais perto, reconheço o rosto do menino, sou eu, aos oito anos. Sophia e eu fazíamos nossa mãe nos trazer na praia sempre que podíamos.
_Filho! - Escuto minha mãe me chamar.
As crianças somem, assim como ela, a praia volta a estar vazia, mas agora, as ondas chegam próximo de mim.
_Filho! - Escuto a voz do meu pai,  em seguida, um soluço reprimido.
_Pai! - Exclamo.
A escuridão voltou, me vejo perdido outra vez e isso me irrita, olho para os lados, procurando por ele.
Começo a tossir, a medida que a sua voz se aproxima cada vez mais.
_Eu troco de lugar com ele, senhor! Eu imploro, deixe meu filho viver, ele não viveu nem metade do que precisa ainda e eu... não aguento ficar sem ele! Nenhum de nós aguenta! Manda meu filho de volta, eu imploro! - Escuto a voz do meu pai, sei que ele está chorando pois soa quase como um pedido de socorro.
Meu pai não é um homem que conversa com Deus atoa, ele sempre falou que seus pecados, levariam anos para serem perdoados, agora, sei que ele está desesperado.
_Pai eu estou vivo! - Grito, tentando me mexer.
As horas passam, meu irmão, Kauan, entrou no quarto, sei disso pois, ele entrou me chamando, em seguida, começou a chorar.
Ouvir o choro deles me tortura cada vez mais, todos eles estão implorando, cada um da sua forma para que eu fique vivo.
_Vamos Bryan! Você precisa acordar! Vamos... vocês são tudo o que eu tenho, não dá...não aceito que você vai partir assim! Reage cara! Por favor! - Kauan fala, chorando.
Thomas entrou depois, conversou comigo, e então, desabou em chorar.
Logo em seguida, Sophia, que começou a chorar logo em seguida, quando ela parou, pude sentir ela fazendo carinho em meus cabelos.
_Eu comprei um carro para você! Ia te dar só no nosso aniversário, mas, eu trouxe a chave, Bryan, acorda por favor, eu prometo que vou ser uma boa irmã! Nossa mãe chora a todo instante e eu... você sabe, parte da minha força vem de você, seja lá o que está passando aí dentro, trate de acordar, está bem? - Sophia pergunta.
Em seguida, ela começa a chorar de novo, isso doa como tortura, tento me mexer e sair da parte obscura onde estou, mas não saio do lugar.
_Oi filho, é a mamãe, lembra como você se escondia dentro da minha blusa, quando era pequeno? Bryan eu, não sei fazer isso, não consigo, não com um filho meu! Eu criei Thomas, depois Kauan, e você e Sophia, vocês são a razão de eu ainda estar de pé, eu preciso dos meus bebês, ouviu? Acorda! Eu já perdi gente demais e não vou aceitar perder você! - Minha mãe fala, chorando cada vez mais.
_Oi Bryan, eu não sei como falar, ou, nem se você pode me ouvir, mas, sua irmã me mandou vir aqui e você sabe, Sophia é mandona, além de que, você se tornou parte da minha família agora! Acredite, eu chorei, até rezei por você, chorei ontem a noite no banho, para Sophia não ver, eu tenho que ser o mais forte que conseguir, por isso, se estiver ouvindo, nada de falar para ela! Entendeu? Bryan só... volta para a gente! Prometo que vamos fazer aquela corrida que você queria quando nos conhecemos e eu estava tentando conquistar a confiança do seu pai! - Thiago fala.
Que droga...
Fecho os olhos e relaxo o corpo, não quero mais ouvir eles, estou cansado, meus gritos, mesmo que eu perca toda a voz, não chegam até eles.
Eu preciso descansar....










Postando mais cedo hj pq sou boazinha!
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