Capítulo 57

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23 de Janeiro de 2008.

Menos de 24 horas para o fim.

Estávamos todos completamente estressados. Dean estava tendo alucinações, ficando cada vez mais assustado com pesadelos, quando conseguia dormir.

Bobby havia conseguido um artefato que teoricamente deveria localizar qualquer coisa, mas ele não conseguia localizar Lilith no mapa usando o artefato.

– Se nem os arcanjos estão encontrando ela... – suspirei.

– Ela deve ter um conhecimento muito superior ao que temos acesso aqui. Se levarmos em consideração que ela é a primeira alma corrompida por Lúcifer, faz sentido que ela esteja preparada para se esconder de todos – Bobby disse desanimado.

– Tá, hora do plano B – disse Sam.

– Vai fazer o que? – franzi o cenho.

Sam saiu sem dizer nada, no que Bobby e eu nos olhamos confusos. Dean, que até então estava no andar de cima, com a cara enfiada em um livro, lendo a respeito de cães do inferno, desceu e logo perguntou onde Sam estava, no que demos de ombros.

– Ah, caramba! Tenho certeza que ele vai tentar chamar aquela vadia aqui!

– Que vadia, menino? – Bobby franziu o cenho.

– Aquela demônio, a Ruby! Vou atrás dele!

– Não, não vai, não! – corri e me coloquei na frente dele. – Não vai a lugar algum, pode voltar!

– O Sam vai fazer alguma besteira, Bella!

– O Sam tá tentando te salvar!

– Ele não pode me salvar e nem você! Por que ainda estão tentando?!

– Porque somos sua família!

– Não interessa! Eu quero que parem, entendeu?! Chega de colocarem suas vidas em risco por culpa minha!

– Dean...!

– Se eu realmente pudesse ser salvo, não acha que o arcanjo teria dito?! Eu tô condenado, Bella! Eu tô condenado, entendeu?! E vocês precisam parar de tentar se condenar pra me salvar!

Desferi um soco em sua mandíbula, o nocauteando. Bobby me olhou chocado.

– Mas por que isso?!

– É pro bem dele. Não é seguro pra ele lá fora. Me ajuda a colocar ele no sofá?

Bobby parecia tão desgastado quanto eu. Dean nunca facilitava.

O deitamos no sofá e eu deixei uma bolsa com gelo preparada para quando ele acordasse e sentisse dor.

Ele ficaria puto comigo, mas prefiro ele puto e vivo do que puto e morto.

Depois de algum tempo, Sam retornou para a casa de Bobby, e estava com Ruby.

– Vocês não fazem ideia de como são sortudos – ela cruzou os braços.

– Para de enrolar e fala logo pra eles – Sam se irritou com ela, e então percebeu que Dean estava desacordado no sofá. – O que aconteceu com ele?

– Um nocaute, foi o que aconteceu – respondi mal humorada.

– Você fez isso?!

– Se eu não tivesse feito, ele iria atrás de você.

– Não tinha outro jeito, não?

– Você sabe que não. E aí, vai falar nada não? – olhei para Ruby.

– Eu consegui me aproximar dos demônios que fazem parte do séquito da Lilith. Descobri onde ela está.

– E o que estamos esperando? Vamos logo.

– Não é assim tão simples, santinha. O que acha que vai fazer quando chegar lá? Botar sua mão na cabeça dela e a explodir? Ela é antiga, tão velha quanto o mundo, e você nem de longe tem força o suficiente para contê-la.

– Usamos a sua faca, então.

– Quer usar um palito de dente contra ela? Garota, você é pior do que eu imaginava! Qual parte do antiga você não entendeu?

– O que quer que a gente faça, então? – Sam perguntou impaciente.

– Você tem uma bomba dentro de você, Sam – ela o encarou. – E seria burrice não usá-la. Quer mesmo salvar o Dean?

– Tá falando do que? Da minha paranormalidade? Eu não tenho visões desde que o Azazel morreu. Eu não tenho mais poderes.

– Não, você tem, eles só estão dormentes. Por que acha que Lilith tem tanto medo de você e quer que te matem a todo custo? Bella é uma pedra no sapato dela, sim, uma ameaça, mas você é diferente. Você é concorrência. Se você quisesse, poderia acabar com ela sem mover um músculo.

– Tá, sei – ele riu descrente, se sentando no sofá, ao lado de Dean. – E por que só tá me dizendo isso agora?

– Hã... Demônio? – referiu-se a si mesma. – Geralmente nós somos manipuladores. Aliás, você não teria considerado isso. Só quando estivesse...

– Desesperado?

– Você não gosta de ser diferente – ela começou a nos circundar na sala. – Não gosta da forma que o Dean te olha, como se fosse uma aberração. Ele não acha que a Bella é uma aberração porque ela tá ligada aos anjos, mas você é outra história. Azazel, a paranormalidade...

– Vai pro inferno – a encarei, me aproximando de Dean e tocando sua cabeça para que ele logo voltasse à consciência.

– Olha, pode me chamar de cretina o quanto quiser – ela olhou para Sam. – Mas eu nunca menti pra você. Acredite em mim. Temos muito chão pela frente, mas vamos conseguir, eu posso te ensinar.

– Só por cima do meu cadáver – Dean resmungou, voltando a si.

– Ha! Você tem razão quanto a isso! – Ruby zombou.

– Escolha suas próximas palavras com cuidado se quiser sair viva daqui – a ameacei.

– Você fica tão feroz perto do seu marido, né? São tão fofos que me dão ânsia.

– Diz logo onde a Lilith está – Sam insistiu. – Só nos dá o endereço e cai fora se não quer nos ajudar.

– Não, eu não vou dar o endereço. Eu vou levar vocês pra lá. Isso, claro, depois de camuflar vocês. Não podemos sair daqui do jeito que estamos – ela nos deu as costas.

– O que vai fazer?

– Saquinhos de bruxa! – disse enquanto saía da casa.

Quando o silêncio se instaurou, Bobby se afastou de nós para ir até a cozinha fazer mais café. Dean me olhava indignado.

– Precisava mesmo ter feito isso?

– Precisava – cruzei os braços. – Você é muito teimoso.

– Vocês dois ficam bancando os suicidas e eu que sou teimoso?

– Se tivesse me deixado fazer o trato, nada disso estaria acontecendo.

– Se eu tivesse deixado você ir, o que acha que teria acontecido? – me encarou. – Nunca teria se tornado Santa, nunca poderia matar todos aqueles demônios e manter as pessoas vivas depois. O mundo teria perdido muito se você não estivesse aqui.

– E o mundo ainda vai perder muito se você se for – insisti. – Nós vamos à luta, quer você queira ou não, e Deus que me perdoe, se você tentar nos impedir de te salvar, te dou outro nocaute, entendeu?

Dean apenas suspirou, se sentando no sofá.

– Sim, senhora.

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