Capítulo 28

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– Bella? Bella, você consegue me ouvir?

A voz angelical de Alice me assustou, me obrigando a abrir os olhos. Quando me deparei com a visão dela e de Jasper à minha frente, eu sentada em uma velha cadeira de balanço, me assustei.

– O que aconteceu?

– Você e Dean estavam discutindo – Jasper pigarreou. – E eu tive que intervir.

– Me fez dormir? – perguntei incrédula.

– Eu precisei.

– Cadê o Dean? – me levantei da cadeira, cambaleando.

– Ele... – Alice parecia com receio. – Ele foi fazer o pacto.

– Por que deixaram ele ir?!

– Bella, ele não ia mudar de ideia – ela tentou se aproximar. – Era você ou ele, e você é minha amiga... Eu não poderia...

Cobri meu rosto com as mãos por um momento, sentindo o mundo desmoronar lentamente ao meu redor. Dean estava fazendo o pacto, Sam voltaria à vida em breve se ele conseguisse o selar, e em dez anos, nós ficaríamos sem ele.

Eu me sentia sufocada ali, então saí da casa, percebendo que Bobby também não estava por perto. O que eu deveria fazer? O que era o certo a ser feito?

Por que quando nós precisamos de ajuda um ser veio ao nosso socorro e quando Sam mais precisou, ninguém pôde fazer coisa alguma?! Onde estava a justiça naquilo?!

Por que ele simplesmente não podia aceitar que nós não poderíamos viver sem ele? Que ele não precisava se sacrificar pra provar seu valor, que ele era importante para nós? Naquele momento eu odiava John Winchester com todas as minhas forças por ter deixado o próprio filho naquele estado suicida.

Era como se o mundo estivesse desmoronando e não havia nada que eu pudesse fazer para evitar, como se absolutamente nada que eu tivesse aprendido naqueles meses servisse de alguma coisa quando minha família mais precisava da minha ajuda.

Estava farta daquele sofrimento todo não ter fim.

Deus... Qual é a porra do seu problema?

~

Passei algum tempo sozinha perambulando pela cidade fantasma, sem rumo, sem ideia do que deveria esperar. Ainda que Alice e Jasper estivessem conosco para ajudar, eu sabia, no fundo, que não havia muita coisa que pudessem fazer por nós, havia limite pra tudo na vida.

O sol ameaçava nascer no horizonte. Não havia reconforto para mim em sua luz. Aquela era a manhã do aniversário de Dean. Vinte e oito anos.

Ele só tinha vinte e oito anos e ia pro inferno.

Como ele queria que eu vivesse sabendo daquilo sempre que olhasse para ele? Como ele acha que Sam se sentiria com aquilo? Que tipo de orações eu precisaria rezar, que tipo de penitências eu teria de pagar para fazê-lo entender que ele precisava parar de se punir?

À quem estiver ouvindo. Por favor, me mostre o caminho da luz. Me diga como salvá-lo. Me diga como ajudá-lo, porque sozinhos a gente não vai conseguir. O que eu preciso fazer pra que ele não vá pro inferno? Eu faço qualquer coisa. Eu me ofereço, eu dou a minha vida, qualquer coisa pra que ele não precise sofrer, eu estou disposta à ir no lugar dele. Por favor, nos ajude. Nos ajude como fez antes, porque eu não sei o que fazer.

Em meio às minhas preces de frente ao sol nascente, Alice surgiu ao meu lado.

– Ele acordou. Jasper está tentando mantê-lo calmo, mas ele está procurando por vocês. Talvez seja melhor falar com ele.

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