Capítulo 10

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O caminho era silencioso. Havíamos caído na estrada logo pela manhã, depois do café, que só comemos depois de meia hora de discussão inútil com Sam sobre a minha decisão. Naquele momento, Dean dirigia, Sam estava no banco da frente e eu no banco de trás, lendo o diário de John Winchester.

A viagem de San Bernardino à Sioux Falls levaria mais de 24h, um longo trajeto da Califórnia até a Dakota do Sul, então, para me manter ocupada e de alguma forma me familiarizar com o sobrenatural, Dean e Sam concordaram em me deixar ler o diário de seu pai, que continha detalhes sobre a vida deles e sobre as coisas que caçavam.

E meu Deus, que coisas!

Era uma leitura pesada, mais pelo sentimento de culpa do patriarca do que pelo conteúdo sobre monstros. Mais de uma vez me peguei pensando que aquilo tudo explicava o fato de eles serem daquele jeito, ariscos e desconfiados, e o motivo de me quererem bem longe daquele mundo.

– Nossa!

– Que foi? – Sam perguntou.

– Eu não sabia que você ia estudar Direito – olhei para ele.

– Ah – ele suspirou. – É. É, eu ia.

– Ainda pensa em tentar de novo?

– Não – respondeu, e seu tom chamou a atenção de Dean por um momento, como se ele não acreditasse naquela resposta. – E você, o que quer estudar?

– Eu tinha pensado... Talvez Literatura Inglesa – dei de ombros.

– Sério? – ele se virou para me olhar.

– É – sorri sem graça. – Eu tinha considerado... A ideia de ser professora. Minha mãe foi professora de jardim de infância, então...

– Ainda não é muito tarde para mudar de ideia.

Ouvi Dean bufar, tão irritado quanto eu estava ficando.

– A gente vai entrar nessa discussão de novo? – arqueei uma sobrancelha para Sam, no que ele tornou a se virar para frente, erguendo as mãos em redenção. – E você, Dean?

– O que tem eu? – ele me encarou pelo retrovisor.

– Qual faculdade queria fazer?

Eu parecia tê-lo pego totalmente desprevenido.

– Eu nunca parei pra pensar nisso.

– Por que não? – franzi o cenho.

Ele mordeu o lábio inferior, mantendo o olhar sobre a estrada.

– Desculpa, eu... Não deveria ter perguntado.

– Tá tudo bem, Bella – ele respondeu, mas eu já estava arrependida de ter perguntado. Talvez fosse curiosa demais.

Então enfiei a cara no diário do patriarca e continuei calada pelo resto da viagem. Ocasionalmente Dean colocava alguma música para tocar. Eu não entendia muito de música, mas parecia rock das antigas.

Vez ou outra parávamos em algum posto de gasolina ou lanchonete para abastecer, ir ao banheiro e comer alguma coisa, mas não paramos para dormir em nenhum motel. Segundo Dean, foram as instruções de Alice, as de não parar em lugar nenhum por muito tempo, por segurança, então eles revezavam na direção para cochilar de vez em quando e eu cochilava como podia no banco de trás.

– Ei, Bella.

Acordei em um sobressalto, sentindo meu coração pular com o susto.

– Ei, relaxa, sou eu – Dean riu.

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