Capítulo 11 - Amor e Insônia

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Eu estava atordoada, o medo correndo por meu corpo, meu coração batia tão forte no peito que chegava a doer. Respirando fundo me pus em pé rapidamente, a arma apontada para o chão, mas a posição alerta entre o corredor e a porta. Observei o estrago que a bomba tinha feito, se eu tivesse chegado distraída eu estaria morta. Peguei meu celular e liguei para a polícia e para os policiais responsáveis por minha escolta, solicitei ajuda. Pouco tempo depois o porteiro apareceu, Seu Zé, ele se assustou mais com a arma do que com o estrago que tinha ficado a minha entrada.

O vizinho idoso do apartamento ao lado abriu a porta e me olhou assustado, fiquei com pena, pois, ele se tremia inteiro. Pedi a Seu Zé para ajudá-lo, mas continuei alerta no corredor, o medo me impedia de movimentar. Quando os policiais chegaram o medo continuou me deixando alerta, enquanto eles realizavam o trabalho deles eu não sabia o que fazer, como agir, para onde ir.

- Senhora, seu apartamento foi revistado, mas está tudo ok. – Um policial disse chamando minha atenção, olhei para ele assustada.

- Eu não te escuto muito bem. – Contei atordoada e ele apontou para meu ouvido, passei a mão e descobri que sangrava. – Alguém já verificou meu carro? – Perguntei tentando ficar alerta a tudo que se fazia naquele momento, mas naquele momento eu percebi que estava em estado de choque.

- Parece que tem uma bomba no seu carro, estamos esperando a equipe tática. – Ele respondeu sério. – A senhora tem um lugar para ir? – Perguntou e fiz que não. – Podemos te levar para o hotel militar, é lá que a maioria dos juízes ameaçados moram. – Ele contou e eu fiz que sim.

- Preciso pegar umas coisas antes de ir. – Falei e ele me acompanhou para dentro do apartamento.

A porta do apartamento tinha deixado de existir, a sala estava um caos tudo coberto de poeira da explosão, a TV tinha tela rachada e a mesa de vidro tinha se desfeito em cacos. A cozinha não estava muito diferente da sala, apesar de não estar coberto de poeira, todos os vidros tinham se quebrado, quando cheguei no quarto fui direto onde estava o cofre, respirando aliviada que ele se encontrava intacto. Pensei em abrir, mas o policial não deixou, ele estava quase tão assustado quanto eu.

- Eu deixei minha mala no corredor, você pode pegar para mim? – Pedi e ele ia, mas me olhou preocupado. – Não abra esse cofre, vamos esperar os peritos realizarem uma revisão.

- Eu não vou mexer. – Concordei.

- Ótimo, agora guarda essa arma. – Mandou e só então reparei que ainda segurava a arma apontando para todo lugar.

Respirei fundo e coloquei a arma na bolsa que eu ainda segurava pendurada no braço, coloquei a alça atravessada no corpo e fui para o guarda-roupas, olhei para minhas coisas e agradeci que eu não tinha muitas coisas, como estava sempre pensando em pedir transferência para Paraíba, tinha poucas coisas aqui. Coloquei quase tudo dentro da mala maior e o resto das peças na mala menor que o policial trouxe do corredor, peguei as peças de Rodolffo e guardei na mala sentindo vontade de voltar para Goiânia, mas eu não poderia sair dali para qualquer lugar sem saber das possibilidades de segurança, eu poderia estar colocando-o em perigo também caso agisse de forma impulsiva. O resto das coisas envolvi tudo num grande edredom, fui nos outros quartos fazendo o mesmo e agradecendo que não tinha nada além de roupa de cama.

Foi a mudança mais rápida que já fiz, em 30 minutos tudo estava pronto e eu poderia sair dali e nunca mais voltar. A polícia técnica tinha interditado meu apartamento e meu carro, mas meu cofre foi liberado, o policial arrumou uma sacola e me ajudou a colocar todos os porta-retratos dentro de uma sacola.

- Porque você colocou os porta-retratos no cofre? – Ele perguntou colocando o último na sacola.

- Fiquei com medo da última ameaça, imaginei que se alguém invadisse o apartamento não deveria ter o rosto da minha família como munição para me ameaçar, manipular ou perseguir. – Respondi lembrando que guardei os porta-retratos depois que mainha foi embora.

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