Capítulo 4 - Quebrando os padrões.

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Cheguei atrasada no Tribunal, João me esperava no meu gabinete preparando uma tudo para uma audiência que teria dali a uma hora.

- Bom dia. – Desejei assim que entrei na sala.

- Eu quero saber o que anda acontecendo com seu domingo. – João falou assim que entrei.

- Por causa de quê, hein? – perguntei cínica.

- Juliette, você não me engana não viu! – Ele avisou.

- Tu não me quis, agora tu que aguente. – Eu dei risada.

- No almoço você vai me contar tudo. – Eu concordei.

- Chame Camila. – Pedi, ele fez que sim e voltamos ao trabalho.

Concentrei no trabalho, o caso não era difícil e nem fácil, era trágico! Em suma, o homem matou a mulher, pois, achou que ela o estava traindo. O caso era tão shakespeariano quanto Otelo, que matou sua esposa, Desdêmona, em uma crise de ciúmes para então se arrepender quando descobre que ela é inocente. Tarde demais! O mais difícil de tudo era saber que a testemunha ocular era uma criança de cinco anos. O depoimento da psicóloga era um filme de terror. Quando a audiência de nove horas terminou minha cabeça latejava. Eu odiava o meu trabalho!

Abandonei aquela cena tosca de felicitações pelo trabalho bem realizado às custas do sofrimento alheio e segui séria até o meu gabinete. Faltava uma hora para o expediente efetivamente acabar, como eu não tive tempo de almoçar dei o dia por definitivamente encerrado. Passei na mesa de João que não estava por lá, então mandei uma mensagem dizendo que não voltaria mais naquele dia e me despedi do pessoal e parti.

Quando cheguei em casa o forró suave e o banho quente me ajudaram a deixar o clima pesado para trás. Mainha me ligou avisando que chegaria na quarta-feira com Priscila e ela queria saber direitinho quem era Rodolffo. Dei risada da forma como ela explicava as coisas. Eu morria de saudades dela. Meu irmão, Washington, ou preto, como eu chamava, também me ligou perguntando se poderia ir me visitar, eu adorei a ideia, ele chegaria na quinta-feira de noite.

Meu jantar foi o resto de ontem e uma fatia de pizza que sobrou. Eu estava quase dormindo agarrada no travesseiro que Rodolffo dormiu, o cheiro dele impregnado na minha cama, quando ele ligou. Atendi a chamada de vídeo saudando-o suavemente.

- Como está o mundo jurídico? – ele perguntou.

- Trágico! – Respondi categórica.

- Como está o mundo da música? – perguntei curiosa, eu sabia que ele ia para Goiânia, pois seu trabalho musical acontecia por lá, assim como suas fazendas também se concentravam naquela região.

- Melhor que muita gente! – Sorri para ele, era verdade! – Eu te liguei, pois, quero que você conheça essas pessoas aqui. – Ele virou a câmera e eu vi um homem e uma mulher de meia idade, imaginei que fosse seus pais, sorri nervosa sentando na cama num pulo e ajeitando os cabelos. Ele riu de mim. – Juliette, esses são meu pai, Juarez, e a minha mãe, Vera. – Ele riu do meu nervosismo. – Mãe e pai, essa é a Juliette.

- É um prazer conhecer vocês. – falei tímida.

- O prazer é meu. – Disse o pai dele, todo gaiato. – Olha Vera, que menina bonita Rodolffo arrumou. Eu te ensinei direito viu menino. – Ele disse para Rodolffo, sua voz transbordava orgulho. – Estou orgulhoso! – Nós rimos para ele. A mãe dele era mais contida e sua comunicação se deu por poucos gestos que retribui timidamente.

- A Iza já tinha ligado falando para eles que eu estava de namorada nova. – Rolei os olhos para os absurdos dele. – Mãe, você já pode agradecer a Ju, ontem ela me alimentou e colocou para dormir cedo. – Corei igual um tomate.

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