"Sem futuro, o presente não serve para nada" - José Saramago.
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- EU NUNCA FUI A BAHIA... – Gritei o início da música empolgada.
- EU NUNCA FUI A SALVADOR! – Debora gritou animada ao meu lado.
- MAS NO DIA QUE A GENTE NÃO TROCA CALOR! – Giu completou enquanto Juzé tocava o tambor no ritmo da música.
- NÃO ME PREOCUPA, ALGUÉM POR AQUI ME MOSTROU CAETANO VELOSO. – Gritamos todos juntos.
Eu conseguia me aguentar de felicidade, eu tinha conhecido Caetano Veloso, em toda aminha vida, eu fui uma grande admiradora do trabalho dele. A personalidade imponente, politicamente ativa e a frente do seu tempo que ele é e representa sempre me trouxe inspiração para viver uma vida que desafiasse os limites da felicidade.
- Eu não acredito que eu conheci CAETANO VELOSO! – Eu comecei a falar baixo e logo estava aos berros gritando o nome do homem e meus amigos doidos gritaram tão animados quanto eu, enquanto voltavam a cantar.
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Eu não conseguia manter a emoção, a música saia de forma abafada devida a minha emoção e o choro vinha em ondas enquanto eu cantava com Gilberto Gil. Já tínhamos cantado "Estrela", que era uma música tão especial e me lembrava uma parte importante e inesquecível da minha vida, mas a música que me deixou mais feliz e emocionada foi "Esperando na Janela" porque eu estava tão nervosa na noite anterior, pensando em desistir, mas Rodolffo cantou ela para mim. Eu queria tanto que ele estive ali vivendo aquelas coisas comigo, mas eu entendia que ele estava focado na carreira dele.
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- Bicha, tu tem noção que tu já cantou com Gilberto Gil, Elba Ramalho e Alceu Valença? – Debora perguntou e eu ri concordando.
- Rodolffo está tão orgulhoso. – Eu disse feliz, lembrando da música dele que cantamos juntos.
- Amiga! – Debora me sacudiu fazendo Giu gargalhar! – Para de ser doida! Eu estou falando de Gilberto Gil, Elba Ramalho e Alceu Valença. – Eu rolei os olhos para ela, mas entendia a grandiosidade do que ela estava sentindo porque eu também sentia.
- Eu nunca imaginei que sentiria dessa forma na minha vida. – Eu confessei para elas que me abraçaram.
- E o valor das publicidades, meu Deus! – Huayna disse nos fazendo rir.
- Vocês me encheram de trabalho esse mês de julho e eu nem vou conseguir voltar para casa. – Eu tentei reclamar com eles, mas acabei gargalhando porque os trabalhos eram realmente maravilhosos e eu resolveria a vida financeira da minha família de uma vez por todas.
- Por mim, você não volta para Goiânia nunca mais. – Debora disse e eu nem liguei, porque eu sabia que eu voltaria.
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Julho foi intenso, eu pensei que o maior perrengue em ficar longe de casa seria ficar longe de Cecília porque ela estava tão apegada, e o tanto que ela chorava quando eu estava longe, mas após um tempo ela se acostumou com a minha ausência. Mainha tinha levado ela de volta para Paraíba depois de seu aniversário e com o tempo eu sentia mais falta dela do que ela de mim.
Contudo, a distância do meu pacotinho não foi a parte mais difícil de aguentar, eu sentia a insatisfação de Rodolffo com a distância. Lembrei da promessa de tirar um tempo para a família em julho, mas aquilo seria impossível. Acabou que brigamos por causa daquilo, eu sabia que ele estava certo em alguns pontos, mas ele simplesmente não conseguia entender que eu fazia aquilo por toda a minha família e não só por mim. Acabou que não conseguimos nos resolver, mas também não conseguimos nos manter brigados.
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ENCONTROS NOTURNOS
Ficción GeneralUma juíza solitária que mora em uma cidade do interior de São Paulo, decide frequentar um clube noturno para afastar a solidão de estar tão longe de casa. Observação: Voltei a publicar, vai ficar online por tempo indeterminado.