Capítulo Extra IV - Paranoias

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O letreiro brilhante com letras grandes escrito paraíso me dizia que eu estava no lugar certo. Era uma delícia voltar aquele lugar. A Encontros Noturnos havia mudado um pouco, ainda mantinha o ar de cabaré chique, mas o que antes tinha um estilo retrô agora dava espaço a modernidade.

Os espelhos e vidros substituíram os detalhes vontade de madeira, as luzes pareciam mais fortes, mas talvez aquele fosse um efeito dos tons mais neutros e claros que tomaram do lugar do que antes tinha uma cor vinho.

Eu tinha que confessar que gostava mais do estilo retrô, mas eu não poderia opinar na decoração agora que não era mais o dono. As garçonetes usavam um vestido curto, justo, preto e prateado, todas tinham cara de safada e que serviam mais que bebidas. Tinha umas que eu tinha certeza de que já havia visto em um certo catálogo de uma certa agência.

As máscaras haviam sido excluídas. Eu confesso que a máscara dava um certo charme e mistério, mas, de novo, eu não era mais o dono.

Procurei uma safada específica em meio à multidão e encontrei do outro lado do bar. Juliette era inconfundível mesmo escondida pelas pessoas que a cercava. Abri o caminho em meio a multidão, a música alta não sublimava a risada daquela mulher safada.

- Eu gostaria de uma piña colada, por favor. – Pediu ao bartender e indicou a mesa e ele sorriu ao reconhecê-la.

- Um minuto e já estará pronto. – Ele piscou pra ela e eu amarrei a minha cara.

- Obrigada, meu nome é Juliette. – Eu disse animada e o garçom, o que era completamente desnecessário, o Brasil inteiro conhecia aquela mulher. O garçom fez um truque de mágica tirando um morango da orelha dela que o olhou surpresa e sorriu radiante. Que vagabundo atrevido!

- Eu sei. – Ele disse oferecendo a fruta para Juliette que olhou para a mesa procurando por mim, mas eu não estava lá. A safada deu de ombros e sorriu se inclinando no balcão e aceitou a fruta diretamente em seus lábios, o sorriso ousado e provocante dançando em seus lábios.

- Gostoso? – Ele perguntou de forma provocante.

- Muito. – Respondeu e sorriu genuinamente gostando um tanto de mais daquela safadeza, ela nem imaginava que eu a observava a poucos passos. – Como é seu nome? – Perguntou e olhou para a mesa de novo.

Eu não sabia o que diabos aquela mulher pensava que estava fazendo, mas eu não estava gostando nada da sensação de estar observando ela flertar com o garçom. Acho que meu olhar a queimava, pois ela virava inquieta olhando para trás me procurando, mas sem conseguir me achar.

- Chico. – Respondeu o garçom com um sorriso safado e ela sorriu de volta, a raiva bateu de forma que um ódio me consumiu, avancei por entre a multidão e espalmei minhas mãos em sua bunda com raiva, ela pulou de susto e virou sorrindo pra mim. – Você está muito abusado, marido. – Ela disse inocentemente passando os braços ao redor do meu pescoço.

- Sei. – Eu disse bravo, travei o maxilar pra não descontar a minha raiva nela, olhei para o garçom de cara amarrada. – Você vai beber? – Perguntei de má vontade.

- Só um pouquinho, é seu aniversário! – Ela disse animada e eu senti vontade de castigar essa mulher safada.

- Pinã colada para Juliette. – Disse o garçom cheio de graça e sem se intimidar com o olhar assassino que eu lhe dava.

- Obrigada, Chico. – Agradeci e me inclinei para pegar a bebida do balcão, ele empurrou a bebida para mais perto, percebi que seu gesto tinha o único intuito de tocar em Juliette que também percebeu e num gesto rápido sua mão acompanhou a minha, as três mãos se encontraram em torno da bebida e eu dei um peteleco na mão do garçom Chico.

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