ENCONTROS NOTURNOS

Capítulo 9 - Esquecimentos e Rotina

O trabalho passou rápido na quinta-feira, então após o fim do expediente eu fui para academia e depois para minha aula de karatê. O professor me cumprimentou como se estivesse vendo uma turista e eu dei risada de sua graça, mas fiquei muito consciente de que eu não aparecia por ali fazia um tempo.

Quando cheguei em casa liguei para mainha e conversei com ela sobre meu pai, Cecília e Preto. Nada tinha saído como planejado, meu pai não permitiu que Preto levasse Cecília para o Rio de Janeiro, e a menina estava ficando integralmente com minha mãe.

- Mainha, eu não vou nem reclamar contigo sobre isso. – Eu disse cansada.

- Minha filha, a menina é boazinha, ela só precisa de amor. – Ela disse séria. – Eu sei que você também ajudaria a cuidar dela se estivesse aqui.

- Está certo. Preto já foi para o Rio? – Perguntei já que aquele abusado não tinha falado muito comigo naqueles últimos dias.

- Ainda não, ele volta amanhã para o Rio. – Ela disse distraída. – Agora ele saiu com uns amigos e a Priscila foi junto.

- Como painho está? – Perguntei como quem não quer nada.

- Seu pai está bem, está com saudades de você, não parou de perguntar como você estava. – Ela disse cheia de esperanças me fazendo rolar os olhos.

- Que dia a senhora vem me visitar? – Perguntei eu já estava com saudades dela.

- Seu pai, vai me dar a permissão para viajar com Cecília amanhã. – Ela disse animada. – Ele vai viajar com seus irmãos para o interior e eu posso ir ficar com você uns 15 dias. – Ela vibrava de felicidade.

- Mainha, vai com ele no conselho tutelar e pegar uma permissão de 6 meses logo, assim não precisa ficar indo lá toda vez que for viajar com ela. – Disse a ela que sorriu brilhantemente para mim.

- Está certo filha. Qual dia você quer que eu vá ficar com você? – Ela perguntou animada.

- Por mim a senhora já estaria aqui. – Disse, eu não aguentava mais ficar sozinha a solidão estava me deixando deprimida.

- Eu vou ver se Priscila e Preto conseguem reservar uma passagem para amanhã depois que eu e seu pai resolvermos isso. – Ela disse e como eu sabia que era um procedimento simples, eu mesma reservei as passagens enquanto conversávamos bobagens.

Quando nos despedimos eu estava feliz que não ficaria sozinha, pois, meus planos era pegar um voo de volta para Goiânia após o expediente de amanhã, eu estava quase ficando mais emocionada que Rodolffo. Visitei o perfil dele, mandei uma mensagem de boa noite e pedi para que ele não bebesse, disse que estava com saudades e depois fui dormir.

A noite foi mais longa acordei várias vezes e conferi o celular na expectativa por uma resposta que não vinha. Apaguei depois das 03:00 só para acordar às 07:00 para me preparar para o trabalho, fiquei decepcionada quando não vi mensagem dele, mas também fiquei preocupada. Dividida entre ligar para Iza ou Dona Vera atrás de notícias ou ficar na minha e esperar sua resposta, o trabalho decidiu por mim, quando recebi mais uma ameaça proveniente da organização criminosa.

Dessa vez eles agiram através dos meus contatos, mandaram uma carta ameaçando o João e ele pediu transferência da minha Vara e foi trabalhar com Camila na Vara dela. Fiquei feliz por ele ter tido juízo e ter se colocado fora de perigo, ao mesmo tempo fiquei desapontada com sua atitude de me deixar no momento do trabalho que mais precisei dele. Agora eu teria que trabalhar com novas pessoas que eles me designariam segunda-feira.

Com todos meus compromissos adiados para a segunda-feira, acabei voltando para casa mais cedo, tirei do congelador uma das quentinhas que Lucia tinha preparado para mim, depois fui arrumar os quartos para mainha, Priscila e Cecília que iriam chegar à noite. Quando tudo estava limpo e arrumado coloquei a comida para esquentar no micro-ondas, peguei meu celular para verificar se tinha alguma mensagem de Rodolffo e não havia nada. Engolindo o orgulho de ter que ligar para ele, imaginando que ele só estava ocupado demais para me atender, mas me sentindo preocupada demais para ficar sem notícias.