Capítulo 18 - Expectativa x Realidade

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Eu estava com a irritante mania de acordar cedo demais sem necessidade, passava das seis e isso significava que eu não tinha dormido mais que três horas. Rodolffo estava apagado ao meu lado e eu me sentia muito alerta para continuar na cama, então peguei meu celular e saí do quarto. Eu me sentia cansada, o corpo pesado e a mente enevoada devido a privação de sono, pressenti uma dor de cabeça e desci para tomar alguma coisa.

Passei no quarto de mainha para ver como ela e Cecília estavam, mas elas dormiam. Fui para cozinha beber água e me deparei com a pia transbordando de pratos sujos. Suspirando pesadamente, eu empurrei as mangas do pijama para cima e comecei a lavar, em uma hora todos os pratos estavam limpos, secos e guardados no armário. Peguei uma batata e uma coca me sentindo muito errada por comer besteira àquela hora da manhã, lembrando de quando fiz isso por quase um mês logo que mudei para São Paulo.

Senti falta de trabalhar e da sensação de fazer um algo que eu era boa, liguei a TV insatisfeita e com dor de cabeça. Assisti um filme esquisito enquanto comia aquela besteira, quando o filme estava no meio eu me sentia acabada e nem a bomba de açúcar e sódio era capaz de me manter alerta, desliguei a TV sentindo minha cabeça latejar e subi as escadas. Abri as gavetas do banheiro e achei um comprimido de analgésico perdido, tomei junto com a coca e meu estômago reclamou, mas eu não me importei, larguei a garrafa lá e voltei para cama.

Não consegui dormir, mas o remédio maculou a dor de cabeça. Então quando Rodolffo acordou horas depois animado e disposto, eu só pude deixar sua energia me contagiar. Levantei animada e me arrumei para o churrasco que aconteceria na casa de Israel, quando desci mainha e Cecília já estavam prontas para o dia, não tomei café me sentindo muito enjoada pelas besteiras que comi mais cedo e ignorei a cara feia de Rodolffo e mainha enquanto seguia para fora da cozinha.

A casa de Israel estava mais cheia que a nossa a noite passada, além da família dele e de Rodolffo, a família de Lais também marcou presença, além de alguns amigos mais chegados. Aquilo resultou numa casa tão cheia que não cabia todos na mesa, as crianças barulhentas corriam por todos os lados e a música alta fez minha cabeça latejar. Ignorei! E após uns petiscos esperando o almoço sair, bebi uma cerveja com Rodolffo. Péssimo ideia!

Procurei um banheiro e vomitei as porcarias que havia ingerido, bochechei água e tentei tirar o gosto amargo da boca. Ressaca é uma merda! Saí de lá e me sentei no sofá, que ficava na varanda, me sentindo mal, mas não falei nada a ninguém, Mainha estava animada conversando com todos, Cecília brincava com Maria Cecília e outras crianças da mesma idade, Rodolffo estava mais feliz que pinto no lixo conversando animado com seus amigos. Eu não estragaria o dia de ninguém!

- Tem alguém de ressaca por aqui? – Seu Juarez perguntou chegando ao meu lado.

- Eu sempre esqueço que não devo misturar vinho e cerveja. – Eu disse abrindo os olhos, só para ver que ele me oferecia uma caneca com um líquido fumegante.

- Rodolffo fez um chá e me pediu para te entregar. – Sorri e peguei a caneca das suas mãos.

- É por isso que eu vou me casar com seu filho. – Disse sorrindo igual uma abestada e ele riu da minha cara.

- Ele é um bom partido! – Ele piscou para mim.

- Você nem é suspeito. – Eu disse rindo enquanto tomava um gole do chá.

- Sou tão suspeito quanto Dona Fátima que fica te elogiando por aí. – Eu dei risada e procurei mainha com o olhar, ela conversava animada com Dona Vera e a mãe de Israel no sofá que ficava no jardim. – Está se sentindo melhor? – Perguntou preocupado.

- O mal-estar está passando, só um leve enjoo. – Disse sentindo sono.

- Daqui a pouco o almoço está pronto e o sal vai te ajudar a se recuperar. – Ele disse batendo no meu braço para depois se afastar.

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