Capítulo Extra II - Para Você Dar o Nome

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Eu sempre me considerei um cara calmo e paciente. Meus amigos chegavam a implicar dizendo que eu era o verdadeiro buda, mas os últimos meses me mostraram que eu era realmente era um cara de "cuca fresca" como diziam por aí.

Isso porque eu entendia coisas que deixaria a maioria dos caras espumando pela boca de raiva, mas a maioria dos caras não tinham a mulher que eu tinha, então era fácil entender a diferença de comportamento.

A minha mulher era indomável, uma verdadeira peça rara e nunca aceitaria estar num relacionamento em que sua voz não fosse predominante. Era o preço que eu pagava por estar casado com uma musa. Uma deusa! "Uma verdadeira deusa!" Pensei suspirando enquanto assistia um vídeo dela rebolando ao som de sua nova música.

A saudade bateu forte e pensei o que estava fazendo de errado para deixar aquela beldade escapar por entre meus dedos? Eu sabia a resposta, mas não conseguia mudar algo que era tão intrínseco de minha natureza. Eu não era de briga! E não estava na natureza dele brigar ou forçar a sua vontade a alguém, as pessoas ficavam em sua vida porque queriam ficar.

Isso nunca o tinha o incomodado até aquele momento, uma separação dela por aquele motivo o fazia pensar que o que ele oferecia para as mulheres não era suficiente. Chegava a ser frustrante que quando eu estava finalmente amando aquela mulher de forma tão desesperada, talvez ela não me amasse de volta.

Era o karma!

Na sua época de solteiro, eu havia sido tão escroto com as mulheres com aquela história de não dá para conciliar carreira e relacionamento sério que agora a vida estava lhe ensinando na prática que aquela ladainha só era verdade quando um lado não queria. A realização daquele pensamento foi como um soco no estômago e seus olhos arderam com as lágrimas não derramadas.

O dedo fez a postagem rolar na tela do celular e a notícia de uma suposta traição da parte dela o fez jogar o celular na parede de tanta raiva. O aparelho caro e de última geração se espatifou em milhares de pedaços tamanha a minha fúria. Levantou sentindo o sangue ferver dentro de si e calçou os tênis, a melhor coisa nessas horas era descontar a frustração na academia, mas eu não queria ver ninguém, principalmente, porque as pessoas estavam me tratando com cuidado e zelo por achar que ele era um corno manso.

Eu não sabia o que machucava mais, o boato da traição, o fato que a Juliette simplesmente não desmentia aquelas merdas ou o ódio gratuito que as pessoas nutriam por ela ou ele. Quando minha vida havia se transformado naquele inferno com visitação aberta ao público?

Eu nunca pensei que ter um relacionamento público fosse tão difícil, na época que estava com a Rafa as coisas não pareciam tão fora de controle e foi uma época difícil por causa das minhas traições, mas nada se comparava aquilo. Eu sentia uma mistura constante de sentimentos como raiva, frustração, ódio e muita tristeza.

O silêncio dela era o que mais machucava, eu não entendia como uma simples mensagem de "Eu não fiz isso" poderia ser suficiente. A questão não era fazer isso, a questão era deixar que o boato crescesse por meses até que culminasse naquela merda que fazia o mundo girar em torno das suas vidas e de algo que não havia acontecido.

Eu desci as escadas tão bravo e perdido que a minha desatenção culminou em um trombo com a Lucia na escada.

- Desculpa, Lucia. – Disse encabulado. – Eu estava distraído. – Segurei em seus ombros tendo a certeza de que ela havia recuperado o equilibro.

- Está tudo bem, Rodolffo! – Ela me encarou séria. – Você está bem? – Ela me indagou e eu tentei sorrir, mas saiu uma careta.

- Eu estou tentando ficar. – Fui sincero.

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