Entro no escritório de Helen com a certeza de que ela iriá me demitir. Não é realmente função dela, é do RH, mas o departamento dos Recursos Humanos foi quase totalmente cortado. Edge, a revista para a qual escrevo e adoro desde que me formei na faculdade, está por um fio.
Três passos dentro da sala bagunçada da minha chefe, cheia de revistas velhas, e meu café da manhã vira uma pedra dentro do meu estômago.
Sem nem mesmo tirar os olhos da pasta em sua mão, Helen sinaliza para a cadeira em frente à dela.
– Sente-se.
Sento em silêncio, com mil desculas passando em minha cabeça, "posso melhorar, eu posso fazer mais, deixe-me fazer mais, dois artigos por semana em vez de um ou até mesmo vou trabalhar de graça até que possamos encontrar nossos pés."
É claro que eu não posso trabalhar de graça. Eu tenho que pagar o aluguel, ainda estou pagando o empréstimo da faculdade, e minha mãe tem problema de saúde e não temos seguro saúde.
Mas eu também adoro o meu trabalho. Eu não quero ser demitida. Eu nunca quis ser nada diferente do que sou agora.
Portanto, é com medo e uma sensação iminente de perda que me sento aqui e espero para que Helen finalmente abaixe aquela pasta e olhe para mim. E eu me pergunto se a próxima história que tenho para contar na minha vida é a de ela vai me despedir.
Eu sou apaixonada por histórias, como elas moldam vidas, marcam as pessoas que nem mesmo nos conhecem. Elas podem nos impactar mesmo quando um evento não ocorre exatamente em nossas próprias vidas.
Uma das primeiras coisas pelas quais me apaixonei foram às palavras da minha mãe e da minha avó. Elas me contavam sobre meu pai, e nessas palavras eu consegui o que não tinha em vida real, um pai. Eu memorizava as histórias que elas contavam, onde ele levou minha mãe no primeiro encontro, se a risada dele era engraçada, qual era sua bebida favorita, eu cresci apaixonada por histórias e por todos os fatos e detalhes que me permitiram moldar. Na minha mente tenho memórias de meu pai que vão estar comigo por toda a vida.
Minhas tias disseram que eu estava sonhando quando disse que queria as palavras para minha carreira, mas minha mãe sempre citava a mãe de Picasso.
– A mãe de Picasso disse a ele se ele fosse para o exército, ele seria um general. Se ele se tornasse um monge, ele seria o papa. E em vez dele se tornar um pintor ele se tornou Picasso. É exatamente assim que me sinto por você. Então faça filha, o que você ama.
– Eu facaria mais feliz se você também fizesse o que ama – eu sempre respondi para ela.
– O que eu amo é cuidar de você – ela sempre dizia.
Ela é uma pintora extraordinária, mas ninguém pensa assim, exceto eu e uma pequena galeria que foi faliu meses após a inauguração. Então minha mãe encontrou um trabalho normal, e o Picasso nela se acalmou.
Ela se sacrificou muito para me dar uma boa educação e muito mais. E por ser um pouquinho tímida com estranhos, não tive o incentivo de muitos dos meus professores na escola. Nenhum deles acreditava que eu tinha estômago para reportagens duras, então eu recorri para a única coisa que pude: a motivação da minha mãe e a sua crença em mim.
Agora eu trabalho na Edge há quase dois anos, os cortes de empregos começaram ao longo de três meses atrás, e meus colegas e eu temos medo de sermos os próximos.
Todos, inclusive eu, estamos dando 200% do que temos. Mas para um negócio agitado, não é suficiente. Não parece haver nenhuma maneira de salvar a Edge, exceto com um grande investimento que não parece próximo, ou com histórias muito maiores do que as que temos relatado.
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Manwhore - Imagine Taehyung
ChickLitNo que uma coluna de exposição, sobre o solteiro mais badalado de Chicago, pode resultar? (S/n) para tentar salvar a revista onde ela trabalha, é escolhida para fazer uma coluna de exposição sobre Taehyung Malcolm Preston Kyle Logan Saint, mas não...