CAPÍTULO 36

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Gael Magnar

Depois de deixar Mia confortavelmente dormindo em minha cama, visto uma calça e desço prendendo meu cabelo, pois Mike havia acabado de me mandar uma mensagem dizendo que eles já estavam aqui.

Assim que chego ao primeiro andar, sigo as vozes vindas da cozinha, e sinto meu corpo todo ficando tenso, até que meus olhos alcançam o Mike revirando minha geladeira, e sentado próximo a bancada com um notebook a sua frente, lá estava aquele desgraçado que eu esperava nunca mais precisar ver na minha frente.

- Aí está ele. - Mike me anuncia assim que entro na minha cozinha, enquanto ele abre uma garrafa de cerveja, e logo atraio aqueles olhos claros para mim.

Ele não gostava de me ver também. Isso estava bem nítido em seu olhar que parecia me analisar, enquanto eu me aproximava e parava na outra ponta da bancada de mármore, mantendo o máximo de distância entre nós.

- Poderia dizer que é bom revelo... - sua voz que continua a mesma, como ele todo, que aparentemente não mudou em nada, e logo o interrompo.

- Mas estaria mentindo. Não sejamos cínicos, é um total desprazer esse reencontro.

- Concordo. Mas é bom saber que está bem. Antes bem aqui do que nos dando trabalho estando por perto.

- Só não tão bem assim, a ponto de ter que mandar te chamar. - completo indo até a geladeira depois que o Mike sai de perto dela e senta-se próximo a bancada também.

Eu o odiava, guardava tanta raiva da época que nos conhecemos, que esse sentimento parece ter ficado cravado em mim assim como as cicatrizes daquela época.

Eliot era o braço direito do Miguel Rizzuto, o desgraçado que alimentei um desejo de vingança sanguinário por muito tempo. Desejo esse que foi plantado em mim para que eu fosse uma marionete de um desgraçado ainda maior, Ricardo. No fim, Miguel não era o verdadeiro culpado por tudo o que passei, mas foi ele quem roubou o meu bem mais precioso, a minha Mili.

Hoje Miguel estava casado e tinha uma família com Emili Petrov, e não posso dizer que eu estava triste por ela, porque ela merecia a vida que estava tendo, a qual eu nunca poderia lhe dar. Mas a mágoa, a raiva, eram como cicatrizes que você não poderia apagar assim tão fácil. E cada um deles, cada pessoa que fez parte do meu passado, de uma vida que eu não gostava nem de lembrar, parecia ser a porcaria de uma ferida que não havia cicatrizado direito. E ter que olhar para eles em carne e ossos, bem na minha frente, era como reabrir aquela ferida e deixar ela infeccionar novamente.

Mas era necessário. Além do braço direito do Miguel Rizzuto, Eliot era um rastreador, e tinha acesso a Interpol e bancos de dados que nem mesma a polícia poderia ter. Ele era como um camaleão que se camuflava bem tanto entre os mocinhos, como no lado mais escuro do submundo, com passagem livre entre os dois mundos. E só ele, poderia descobrir coisas que não tínhamos acesso.

- Sobre isso, já passei todo o caso para ele, e viemos discutindo algumas coisas que descobrimos durante o caminho.

Pego uma cerveja na geladeira e me viro para o Mike curioso em saber até onde eles haviam chego.

- E quais são as novidades? Descobriram quem é o assassino?

- Não. - Mike vira um gole da sua cerveja e depois baixa a garrafa sobre o mármore me encarando - Mas descobrimos coisas interessantes sobre o prefeito e a família dele, principalmente sobre a sua garota.

GANGUESTER. Missão Colombiana - O Jogo De Conquista.Onde histórias criam vida. Descubra agora