GANGUESTER. Missão Colombiana - O Jogo De Conquista.

CAPÍTULO 33

Gael Magnar

Meus planos de descobrir mais sobre o prefeito não haviam ficado de lado, muito menos agora que ele sabia sobre minha verdadeira identidade. Eu precisava de uma carta na manga assim como ele tinha uma minha.

Carlo e seus amigos já estão no deck quando chego antes dos primeiros raios do sol tocar o céu, e logo que me aproximo, embarcamos no pequeno e simples barco de pescadores, e quando o dia amanhece, já estamos em auto mar com as redes e as varas de pescas a posto.

- Pescar e aliviar a cabeça não é o motivo que o trás aqui. O que foi que está acontecendo dessa vez?

Eu já disse que eu odeio esse velho? Se sim, deixa eu enfatizar.

Eu odiava esse velho com o sorriso cheio de dentes, que parecia ler meus comportamentos e adivinhava a maioria das vezes que eu estava mentindo. E o pior de tudo, era que ele sempre tinha algo a dizer que me ajudava a solucionar meus problemas.

E talvez seja esse o motivo que me fez procurar por ele.

- O que você me diz sobre o prefeito?

Carlo me encara e vem ao meu lado, se recostando na borda do barco, encarando o mar.

- O prefeito Diaz é um político. O que podemos falar de políticos? Ele faz as coisas pela cidade acontecer, atende os pedidos da aldeia e aparentemente administra bem a prefeitura. Não temos o que reclamar, e talvez seja por isso que ele se reeleja.

Não era bem essa resposta que eu queria e Carlo sabia.

- E o Romero Diaz? Além do prefeito?

Minha pergunta atrai seu olhar para mim, e só ali percebo que lá viria bomba.

- Porque você está querendo mexer com essa gente? Não era paz e segurança que você queria? Então é melhor ficar na sua cabana Norueguês, e não mexer com gente poderosa.

Carlo tenta me dar as costas e se afastar, mas eu o impeço com minhas próximas palavras.

- Ele descobriu meu passado, agora eu preciso do passado dele para ficar em um jogo equilibrado.

Carlo para no lugar onde estava e vejo que lentamente, como se estivesse com receio de voltar, ele se vira de volta para mim.

Não. O velho cheio de dentes, que parecia ter deixado todos eles na praia mais cedo, não sabia do meu segredo, mas ele desconfiava de algo, e por isso nunca se aprofundava em suas perguntas, nem assuntos que envolvesse meu passado. Ele dizia que seria o mais seguro a se fazer, e ele tinha razão, era o mais seguro a todos. Mas agora não era só questão de segurança.

- Você está se metendo em aguas profundas, escuras e com peixes grandes. Tem certeza que quer nadar por aí?

Respiro fundo e concordo com ele.

- Eu não tenho outra escolha.

- E tudo isso por uma sereia que o enfeitiçou? Ou, tem algo que eu não deveria saber?

- Ambos.

Desta vez é Carlo quem respira fundo e depois fica um instante parecendo pensar no que deveria fazer, até que seus pés se movem e ele volta ao meu lado, se recostando na sua posição original. E ali ficamos como se apenas estivéssemos olhando o mar e jogando conversa fora, para que os outros no barco não desconfiassem de nada.

- O que eu vou te falar talvez não seja segredo para muitos, mas é uma história antiga, e que parece ter sido apagada da cabeça das pessoas. - ele respira fundo e parece ter voltado no tempo quando volta a falar com seu olhar perdido no horizonte - Romero Diaz chegou a Santa Marta como um jovem empresário que havia acabado de perder sua primeira esposa. Mas do dia para noite ele faz uma viagem, passa algumas semanas longe, e quando volta está casado com uma bela mulher, e rasgando dinheiro. Seus negócios se espandem milagrosamente, mas sua esposa é vista poucas vezes longe da sua mansão. Anos depois, e com um império, que nem tendo se casado com a filha de um rei conseguiria tão rápido, ele faz outra de suas viagens e volta com uma garotinha que diz ser sua afilhada.