CAPÍTULO 24

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Gael Magnar

- Onde foi que você se meteu? - a voz do Mike pergunta impaciente assim que atendo sua chamada.

- Onde sempre estou, em casa. - respondo ainda sentindo a raiva me consumindo por dentro.

- Você já viu as notícias? Onde você estava durante a noite toda? Eu te procurei feito um maluco naquele baile, achei que você estivesse se metido em encrenca.

- Eu já disse. Estava em casa. E sim, vi as notícias e quase me meti em encrenca. Quer dizer. Eu acho que me meti. - assumo encarando a parede do outro da sala, tentando manter meu foco e não pensar na minha discussão durante o baile.

- Por Deus! O que foi que você fez? - Mike pergunta cauteloso, e eu respiro fundo passando a mão entre meus cabelos e desprendendo alguns fios do coque mal ajeitado.

- Eu não fiz nada. Na verdade eu disse. Disse coisas que não deveria, para uma pessoa que não podia, e agora acho que posso ser interpretado do jeito errado.

- O que quer dizer com isso? Não estou entendo. O que você disse, pra quem disse? Gael, eu vou te matar se você estragar com essa nossa fase. Eu estou me adaptando aqui, as garotas... Enfim, não quero deixar isso pra trás também, não depois de tudo.

- Eu sinto muito. As coisas podem ter saído de controle na noite passada, e acredite, eu também não queria ter que deixar tudo para trás justo agora, mas a morte do... - não consigo completar, pois o Mike me interrompe na mesma hora.

- Porra, cara! O que foi que você fez?

- Não fui eu que matei ele. Isso eu posso te assegurar. Até sai de lá antes disso, e o deixei bem vivo e aos berros.

- Samuel Madero? O que você estava fazendo com ele?

- Ele me chamou para conversar. Tentou oferecer propina para lavar dinheiro com a ONG, isso me tirou do sério. Não é a primeira vez que esses velhos tentam me usar como se eu fosse um otário. E eu acabei explodindo e disse coisas que ele poderia usar contra mim. Resumindo, instiguei ele a procurar o meu passado.

- Tá, então isso não é mais um problema, já que ele está morto.

Morto. Isso deveria me reconfortar, mas não estava. Eu ainda não sabia as condições da morte dele, nem o horário. E se tudo dependesse, eu poderia estar na fila dos suspeitos. E ser interrogado pela polícia, com eles puxando minha ficha que não existia em lugar nenhum, me levava a lembrar como são os dias na cadeia, e tudo o que passei lá.

Tudo o que eu menos queria agora era voltar para trás daquelas grades.

- Eu preciso saber a causa da morte dele. O local, a que horas foram. Preciso de mais detalhes. Você também estava lá e deve saber de alguma coisa. Aliás, como você saiu sem ser interrogado?

Mike respira fundo do outro lado e parece até se acalmar. Invejo ele, porque eu estava uma pilha de nervos, impaciente, batendo meu pé na madeira do assoalho, enquanto quase moía a caneca de café em minha mão, com toda a força que eu usava para segurar-la.

- Na hora que eu soube que um corpo foi encontrado, eu estava a sua procura para o prefeito que queria falar com você, e a Ximena estava comigo ajudando a te procurar. Na mesma hora eu peguei ela, encontrei Safira, e saímos de lá de fininho antes da chegada da polícia. Não poderia arriscar ser interrogado e investigado, mesmo que eu tivesse testemunhas de todos os meus passo, já que não sai do salão até aquele momento. - concordo mentalmente porque o Mike foi esperto em ficar aos olhos de todos e depois sair antes da polícia chegar. Mas então me questiono a que horas isso foi? Porque a Ximena não estava com ele e sim a Mia. Até que me toco que pode ser quando ela estava aqui em casa, e se a hora do assassinato fosse bem depois que eu saí, a probabilidade de me encaixarem entre os suspeitos era pouca.

GANGUESTER. Missão Colombiana - O Jogo De Conquista.Onde histórias criam vida. Descubra agora