CAPÍTULO 02

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Gael Magnar

Sentindo a brisa fresca em pleno mês de setembro agradeço pelo frescor que encontro sobre a moto, pois acho que jamais serei capaz de me acostumar com o calor infernal da Colômbia. Já se passaram cinco anos e eu ainda não conseguia me adaptar a muita coisa.

Acelero minha moto pela estrada que leva a Taganga, um pequeno povoado de pescadores em Santa Marta, onde agora resido.

Claro que minha casa tem uma distância significativa do povoado. Vivo na minha privacidade, em meio a mata, e onde sou incomodado apenas pelos insetos, e o sangue suga do Vladmir, ou melhor, Mike. O qual, é claro, não se adaptou a essa vida, e não demorou muito para comprar um apartamento na cidade, mas não arreda seu pé da minha cabana, como ele mesmo chama.

E assim que me aproximo pela estreita estrada de areia e pedras, com a mata fechada em torno, já consigo ver seu jeep parado na entrada. Mas meu rosnado é interrompido pela felicidade dos meus cães que vem me encontrar com alegria, e quase saltam sobre a moto ainda em movimento.

- Thor, Pantera, tenham calma. - cumprimento eles afofando seus pelos de lobos, assim que desço da moto e tiro meu capacete, enquanto eles abanam seus rabos felizes e latem.

- Só esses dois para gostarem tanto dessa solidão como você. - ouço Mike falar da varanda e o ignoro dando um pouco de atenção aos meus companheiros.

Mas assim que eles se afastam voltando para o canto deles, subo a calçada indo em direção a minha casa.

- E você? O que faz aqui?

Vejo Mike usando uma calça jeans, uma baby look colada ao seu corpo que parece mais magro, e uma camisa desabotoada sobre ela. Ele também usa um óculos escuro, coisa que tem se tornado um hábito desde que chegamos até aqui.

- Vim ver como você estava. Se ainda está vivo, já que não responde mais minhas mensagens, nem atende minha ligações.

Atravesso a sala com ele ao meu calcanhar, e deixo minhas coisas sobre os sofás seguindo direto para a cozinha quando o respondo.

- Você está parecendo minha mulher. Reclamando minha falta de atenção.

Abro a geladeira tirando duas cervejas e jogo uma para ele que me olha em confusão.

- Mas você não tem uma mulher.

- Que bom que você entendeu o recado.

Abro minha garrafa e me recosto no mármore do armário da cozinha super equipada que Mike fez questão quando mandou construir a cabana, um exagero como tudo aqui.

- Agora diz logo o que quer vindo até aqui?

Mike por sua vez puxa uma das cadeiras bistrô perto da bancada e se senta abrindo sua cerveja.

- Nada em especial. Só vim ver como andam as coisas por aqui.

- E a cidade está tão ruim assim que você vem atrás de mim buscar novidades? - o questiono com uma sobrancelha arqueada depois de beber um gole da cerveja gelada que desce refrescando minha garganta e trazendo um pouco de alívio no meio de todo aquele calor.

- Não é pra tanto. Mas sim, a cidade está parada. Sabe. As mesmas coisas de sempre. Festas, mulheres, brigas de bar, meia dúzia de viciado no meu pé. - vejo que ele respira fundo afundando seus ombros enquanto olha pelas enormes janelas ao lado da cozinha, de onde só se pode ver a mata. - Sinto falta de Belgrado.

GANGUESTER. Missão Colombiana - O Jogo De Conquista.Onde histórias criam vida. Descubra agora