Castelo de Cartas

Você está com sono?

— Toda essa tristeza não combina com você, Bright.

Era como se Boss não estivesse falando diretamente com Bright, ainda que ele estivesse ao seu lado, tentando animá-lo com palavras reconfortantes, mas sem obter nenhuma resposta. Estava magoado e sabia que a única coisa que poderia melhorar o seu humor era um pedido de desculpas vindo diretamente de Metawin.

— Por que ele me tratou daquela forma? Quer dizer, estávamos nos dando bem, não?

— Ele estava com problemas, você mesmo disse.

— E isso dá o direito para ele agir como se eu fosse um zero à esquerda?

— Não seja dramático, cara. — Pediu Boss. Bright não retrucou, porque sabia que estava sendo um garoto exagerado de dezenove anos. Ao menos, tinha um motivo. E o motivo era ter sido tratado mal por Ben Metawin, alguém que gostava, que queria por perto, a pessoa que não saía dos seus pensamentos e o fazia sorrir no meio de uma das piores aulas do seu curso. — Tenho certeza de que não vai demorar muito e logo o Metawin aparece para se desculpar.

— Resta saber se eu vou aceitar as desculpas dele.

— Não vai? Você tá triste, se lamentando, com saudades de alguém que você conhece há um mês e tá me dizendo que não vai aceitar as desculpas dele? Faça-me o favor, Bright.

O garoto formou um bico nos lábios e ignorou Boss ao seu lado. Conversar com ele era bom porque Boss era o mais maduro entre ele e Man. A parte ruim era Boss sempre saber exatamente o que dizer e a coisa certa. Ele tinha razão quanto a Metawin, embora Bright não quisesse aceitar.

Se Metawin aparecesse para pedir desculpas por tê-lo tratado mal, Bright aceitaria, mesmo que alguns dias houvessem se passado sem que se encontrassem ou conversassem. Talvez Boss estivesse certo. Bright estava sendo dramático por estar deprimido por uma discussão boba com alguém que conhecia há pouco tempo. O problema era que Bright estava mais do que atraído por Metawin, ele gostava daquele garoto que era areia demais para o seu caminhãozinho. Metawin era diferente. De alguma forma, ele conseguia se destacar entre tantas outras pessoas naquela universidade. Por ser reservado, mais maduro, extremamente adorável quando tímido, ainda que tivesse todo aquele tamanho e se comportasse como um adulto.

— Quer jogar um pouco? Mais tarde. Vai ser bom para espairecer.

Bright deu de ombros, fechando o caderno depois que a professora anunciou o fim da aula. Não prestou atenção em uma palavra do que ela disse sobre Modelos Atômicos e emanou toda a sua mágoa para Metawin, só para que ele, de longe, se sentisse culpado pela sua falta de atenção.

Esperava que logo voltassem a conversar, porque teria uma apresentação em quatro dias e desde já se sentia nervoso. Somsak era rígido e adorava fazer perguntas aos alunos. Bright era genial em Química, mas estar em uma universidade era um mundo totalmente novo. Existia coisas que ele não sabia. Se Metawin não aparecesse em sua frente para pedir desculpas pela grosseria, Bright não se concentraria no trabalho e não tiraria uma nota boa.

Estava ferrado. Talvez ele e Metawin não estivessem indo na mesma direção.

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Como uma forma de distração e relaxar a mente cansada das aulas do dia, Bright aceitou jogar basquete com Boss, Man e o time. Basquete sempre o deixava melhor. Na verdade, exercício físico no geral era capaz de fazer Bright esquecer as frustrações.

Apesar da noite fria, do vento gelado e do céu nublado, Bright ignorou a chuva prestes a cair e se distraiu com os garotos na quadra. Não deu o seu melhor no jogo e preferiu fingir não escutar os xingamentos em sua direção. Quanto mais Metawin demorava em aparecer, mais Bright se sentia culpado pela discussão. No fim, ele era mesmo um adolescente que achava que o mundo girava em torno de si, como Metawin havia dito. Ele estava certo, então. Tinha problemas maiores e Bright estava o atrapalhando.