Luto. Uma única palavra, milhares de sentimentos. Sensações nunca experimentadas antes. Era uma coisa nova para Win. Ele nunca sentiu a morte tão de perto como agora, e estava sendo difícil.
A relação entre o detetive e o pai não era a melhor do mundo, mas Win o amava porque ele era o seu pai e, apesar dos defeitos, foi alguém que o criou com amor e carinho. Foi ele quem levou Win para os clubes de piscina quando era criança, ou para passear na praia quando ele tinha tempo livre. Mesmo com todas as discussões e mágoas que ficaram, Win sentiria falta do pai. Mas Win saberia lidar com o luto. Ele aprendeu a ser forte com a vida. Claro que nada o preparou para aquilo, para aquela dor e aquele vazio, mas Win ainda era um homem forte pronto para passar por qualquer barreira. A sua mãe, talvez não. Ela era a sua maior preocupação no momento.
Win passou dias ao lado dela depois de toda aquela burocracia envolvendo o funeral e as despedidas entre a família. Quando a poeira abaixou, os parentes por parte do pai voltaram para a cidade natal e Win e a mãe ficaram sozinhos, naquela casa grande e vazia.
Eles estavam no sofá depois que Win preparou um chá para ela e um café para si. Automaticamente eles lembraram da Macchiato.
— Mãe. — O detetive a chamou. Ela estava aérea, com os olhos inchados e o nariz vermelho, mas virou o rosto para olhar o filho. Estava tentando se mostrar forte. — Eu não quero deixá-la sozinha.
— Eu sei me cuidar, Win.
— Não é essa a questão. Você está muito frágil. Não é melhor ficar com alguém nesse momento?
Ela sorriu para ele, levando a mão até a bochecha de Win. Fez um carinho ali e Win quase chorou de novo ao lembrar de toda aquela situação de merda. Estava mesmo vivendo em uma montanha-russa, que naquele momento estava entre loopings e grandes descidas, o causando uma sensação de medo e frio na barriga, que em um momento de diversão poderia o trazer prazer, mas naquele momento, o deixava completamente sem chão.
— Talvez seja bom eu ter um tempo só para mim. Para descansar e ficar em paz. Eu amava o seu pai, mas a convivência não era fácil.
— Vocês brigavam muito, não é?
— Acho que nunca fomos compatíveis um com o outro. Mas, mesmo assim, deu tudo tão certo. É difícil explicar.
— Não precisa explicar, eu entendo. Mas, mãe, eu posso desistir da investigação para cuidar de você.
— Win, você lutou muito para chegar aonde está hoje. A morte acontece, entende? É uma coisa inevitável. Faz parte da vida. Acha que é certo parar tudo ao nosso redor para nos deprimir? Não, filho. Além do mais, eu vou me sentir culpada se você perder um caso tão grande por minha causa.
— Eu estou preocupado. — Abaixou a cabeça. Os olhos estavam marejados mais uma vez e ele não conseguiu evitar que algumas lágrimas caíssem. — Vou sentir tanto a falta dele.
— Vocês dois não se davam tão bem como era o esperado, mas se amavam como um pai e um filho devem se amar. — Win apoiou a cabeça no ombro da mãe, sentindo o carinho em seu rosto continuar. Ele fechou os olhos, desejando dormir. Não dormia há dias, preocupado com tantas coisas ao mesmo tempo. Sentia como se a cabeça fosse explodir em mil pedaços a qualquer momento. — Eu vou ficar bem se o meu filho continuar seguindo com o sonho dele.
Recebendo um beijo da mãe, Win teve uma certeza. A morte, apesar da difícil aceitação, trazia consigo um certo amadurecimento, porque Win mal conseguia reconhecer a própria mãe sendo tão forte. Mais forte do que si, até.
Na semana seguinte, o detetive visitou Fong em sua casa. Era a última semana que passava em Cleveland. Precisava voltar para a sua vida. Para a universidade, para o caso, e, especialmente, para Bright. Um abraço dele seria capaz de curar boa parte daquele sofrimento.
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Castelo de Cartas
FanfictionWin Metawin é um detetive renomado vivendo entre mistérios e investigações. Não tendo o apoio dos seus pais para seguir carreira e com uma convivência familiar conturbada, ele não consegue confiar em qualquer pessoa. Um dia, aparece um caso intrigan...