Finalmente, após 3 anos, 1 mês e 5 dias de reclusão em regime fechado, Bright foi liberado do presídio ao ter atingido um terço da sua pena. Por ter trabalhado enquanto estava preso e também ter demonstrado bom comportamento, conseguiu cumprir os requisitos para solicitar uma nova audiência. A mesma juíza que assinou a sua sentença também assinou o seu livramento condicional. Sua pena ainda se estenderia pelos próximos 6 anos, mas ele poderia cumpri-la agora em liberdade, com a condição de ter uma ocupação lícita, não sair do estado de Ohio e não faltar aos encontros mensais com o seu agente da condicional para reportar as suas atividades.
O sentimento de estar prestes a respirar ar puro e ver o mundo como ele realmente era quase não cabia no peito daquele homem. Bright não era mais o garoto de dezenove anos que havia entrado ali. De alguma forma, ele se sentia mudado, por dentro e por fora. Era um adulto agora. Além da aparência, do corpo mais forte, dos cabelos maiores, não enxergava a si mesmo como antes.
Ansioso, sentindo o gostinho do ar fresco, querendo sentir os raios de sol por todo o seu corpo, ele esperou a porta do presídio se abrir, tão devagar que fez Bright morder a boca de nervoso. Sabia que as coisas do lado de fora, especialmente em Cincinnati, não estavam tão diferentes assim, mas Bright queria fazer parte daquilo de novo, ser da sociedade, se misturar e tentar esquecer que um dia foi um presidiário. Era a parte da sua vida que menos se orgulhava. Se tivesse como mudar o seu passado, com toda a certeza teria feito escolhas mais inteligentes, que de preferência não o levassem à prisão.
O sol, quando o portão foi totalmente aberto, incomodou a visão de Bright. Ele precisou fechar os olhos por um segundo, não conseguindo controlar o sorriso pequeno e ainda feliz por estar do lado de fora de todas aquelas paredes e grades. Não vendo precisamente o que estava em sua frente, ele deu alguns passos, se sentindo cada vez mais livre daquele inferno. Não ligou para o seu pai ou outra pessoa para ir buscá-lo. Pensou em aproveitar sozinho aquele momento. Pegar um ônibus ou um dos táxis que ficavam frente ao presídio e ir para algum lugar onde pudesse caminhar, observar as pessoas na rua, e sentir que fazia parte de tudo aquilo de novo. Não tinha refletido exatamente no que fazer. Iria se deixar levar.
Esperou encontrar qualquer pessoa do lado de fora. Chegou até a cogitar que a família de Somsak estaria do outro lado, pronta para matá-lo e vingar a morte do professor, embora soubesse que ele não era próximo dos parentes. De todos que esperava encontrar, Win não foi nem mesmo a última pessoa que passou pela sua cabeça, ele simplesmente não era uma opção. Mas, para a surpresa de Bright, ele estava ali, encostado no seu Honda Civic, com os braços cruzados, o esperando. Bright parou de caminhar, sem conseguir decifrar a expressão dele, que estava séria. Talvez ele tivesse ido até lá para falar algumas verdades em sua cara e Bright não acharia errado se ele fizesse aquilo. Trocaram cartas apenas uma vez e muitas coisas ainda precisavam ser ditas.
Antes que Bright perguntasse qualquer coisa ou ao menos o cumprimentasse, Win abriu a boca para fazer uma pergunta. O coração batia forte desde o momento em que bateu os olhos em Win e não conseguia se acalmar.
— Você tem algum lugar para ficar?
Bright demorou um tempo para processar a pergunta. Era bom ouvir a voz de Win depois de anos. Por muito tempo, em momentos de loucura dentro da prisão, chegou a se perguntar se Win era mesmo real ou se era apenas algum tipo de imaginação sua.
— O Man me convidou para ficar no apartamento dele.
— Venha para Cleveland comigo.
— Por quê? — Perguntou, ainda no mesmo lugar, estático, só para continuar ouvindo a voz dele. Já sabia a resposta que daria, não havia motivos para não querer ir embora com Win quando queria estar perto dele de novo mais do que tudo, mas seria bom ouvir o que ele tinha a dizer.
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Castelo de Cartas
Fiksi PenggemarWin Metawin é um detetive renomado vivendo entre mistérios e investigações. Não tendo o apoio dos seus pais para seguir carreira e com uma convivência familiar conturbada, ele não consegue confiar em qualquer pessoa. Um dia, aparece um caso intrigan...