Capítulo 3

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- Não... - Sussurro para o despertador, tenho que levantar, mas não estou com a mínima vontade.

Desligo os despertadores e me levanto, não adianta enrolar, se eu enrolar perco o primeiro ônibus.

Vou ao banheiro e olho para o meu rosto chocada, estou com um roxo imenso na cara.

Faço minha higiene, e me troco colocando um terninho azul marinho, uma camisa branca e sapatos nude.

Volto para o banheiro e tento ao máximo me maquiar para tapar o roxo.

Faço o que consigo, mas a marca roxa fica aparecendo.

- Você fez o que pode, se alguém perguntar diz a verdade. Que você caiu na calçada. - Falo pra mim mesma.

Deixo meus cabelos soltos, arrumo minhas coisas em uma bolsa nude e tomo o café da manhã.

Comi uma banana, tomei um iogurte e comi um bolinho de baunilha que havia no armário.

Depois do café escovei os dentes, passei batom e fui para o trabalho.

Peguei o primeiro ônibus e o tempo todo fiquei me policiando para não dormir, no segundo ônibus fui de pé, e quando desci do ônibus fui direto para a lanchonete comprar o café do Sr. Haskel.

Comprei o café dele, com creme e canela, e comprei um café pra mim, não gosto muito de café, mas vai me manter desperta.

Fui para a empresa, passei pela recepção e fui direto para o meu andar.

- Bom dia. - Digo para o Sr. Jones que já está na recepção principal.

Ele me dá bom dia e sigo meu rumo, deixo meu café na minha mesa, e vou para a sala do Sr. Haskel, deixo o café dele em cima da mesa e volto para a minha bancada.

Abro o notebook, guardo minha bolsa e beberico o café. Alguns minutos depois o Sr. Haskel chegou.

- Bom dia. - Digo e não tenho resposta.

Hoje ele veio vestido de terno, pronto para trabalhar.

Dei mais um gole no café, peguei a agenda e fui para a sala dele, a porta estava aberta e pedi licença entrando.

- O senhor está pronto para passarmos a agenda? - Pergunto o fitando.

- Que merda é essa no seu rosto? - Ele pergunta bravo, e nem me deixa responder. - Não posso ter uma secretária com o rosto fodido. - Ele diz e cerro os olhos.

- Ontem eu saí daqui quase meia noite, começou a chover, e quando eu estava no ponto de ônibus, um mal amado passou de carro perto da guia, e voou água em mim, me molhei de um jeito que nem carro de aplicativo aceitou me levar pra casa. Consegui pegar um ônibus, que me deixou na metade do caminho para a minha casa, mas devido ao horário não tinha mais ônibus, então tive que ir para casa a pé. Um homem parecia estar me seguindo, eu fiquei com medo de ser estuprada e morta, e no desespero de andar rápido com saltos, acabei caindo. Por sorte, o homem não era um agressor, de qualquer maneira me machuquei. - Falo o olhando e continuo.

- Me desculpe, Senhor. Mas infelizmente não me machuquei por querer. Vivemos em um mundo onde uma mulher não pode andar na rua em paz, ainda mais a noite. Essa marca no meu rosto, é só reflexo do que eu como mulher sou obrigada a viver. - Falo a verdade.

Quem disser que não tem medo de sair sozinha à noite na rua, está mentindo. Dá medo, ainda mais se você ver um ou mais homens vindo na sua direção, ou supostamente te seguindo.

O Sr. Haskel me olha impassível, mas não abre a boca, então começo a passar a agenda.

Ele tem seguranças, não sabe o que é sair na rua a noite com o cu na mão, não sabe o que é dormir com medo de arrombarem sua porta, ele não sabe qual sentimento é esse, mas eu sei, então foi bom ver ele fechar a boca e não falar alguma bosta.

Ragnar um Terror de ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora