11. Revelações (Augusto)

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- Que merda! - eu gritei e dei um soco na parede, não senti nada, a dor que me atravessou quando Joana me olhou nos olhos e disse que me odiava era bem pior que essa. Eu queria socar o espelho que havia naquela sala que refletia o ser humano desprezível que eu era.

- O que aconteceu? - a Sra. Dickinson apareceu na porta da sala apoiada em uma das empregadas, ela me olhou assustada ao ver meu rosto furioso. - Cadê a menina?

- Ela está bem, foi pra casa sã e salva. - falei entre os dentes, eu não queria falar com ninguém agora, queria extravasar a minha raiva.

Ela estava salva sem nenhum arranhão por fora, mas por dentro eu sabia que a tinha ferido. Saí da sala quase esbarrando nas duas mulheres, eu precisa bater em alguma coisa. Saí da mansão e fui para a academia, lá tinha aqueles sacos de pancadas. Eu mal quis passar na recepção, precisava chegar naqueles sacos o quantos antes para ninguém que cruzasse o meu caminho se machucasse. A mulher da recepção liberou a minha entrada, ela dava em cima de mim todas as vezes que eu vinha malhar, mas desta vez ficou calada enquanto me examinava.

Meus cabelos estava bagunçados de tanto que eu passava a mão nele, me recordei que Joana também tinha o feito e isso só me fez alçar os sacos mais rápido, temi arrebentar o couro enquanto socava ele. Não era a minha intenção sentir coisas por aquela garota, ela serviria mais para me distrair. Desde de que coloquei os olhos nela, soube que a lavaria para cama um dia, ela tinha cabelos lindos e grandes para puxar, seu rosto ficava vermelho por qualquer coisa e eu queria vê-lo ficar vermelho quando ela estivesse em baixo de mim. E era de família rica, eu abominava esse tipo de gente, eu não queria nenhum relacionamento na minha vida, principalmente com uma garota rica e mimada.

Quando conheci a sra Dickinson, eu devia ter uns 6 anos de idade, ela era uma senhora bonita, se vestia muito bem com colares e brincos de diante. Ela foi visitar o orfanato com algumas pessoas, eu tinha sido deixado lá pelos meus pais quando mais novo, eu não lembrava de nada. A sr. Dickinson era muito carinhosa com todas as crianças de lá, mas eu senti que ela gostava mais de mim, ela me olhava com tanto carinho que eu me sentia especial. Sempre que ela ia lá, levava presentes, quando fui ficando com mais idade, descobri que ela nunca tinha tido filho, eu sempre pensava que os filhos dela deviam ter muita sorte de crescer com tanto carinho e presentes.

Fiquei triste ao saber que ela era sozinha, perdeu o marido em alguma guerra militar e se dedicou a fazer o bem pelas pessoas carentes. O orfanato melhorou em algumas coisas depois que ela começou a ajudar, só não melhorou o temperamento dos meninos que começavam a entender que tinham sido abandonados pelos pais. Então resolviam tudo na porrada, alí era como se fosse um ringue, ou você bate ou morre apanhando. Mas é claro que tínhamos castigos quando éramos pegos pelo pessoal do orfanato e por isso muitos que saíam, não voltavam mais. Mas eu tinha ciência que era melhor ficar lá do que na rua, então eu sempre voltava.

Era bom sair, eu fiquei perdido quando vi como era o mundo lá fora, ao vivo, sem ser pelos filmes que víamos, conheci Nico e Maria, ele virou meu melhor amigo, mas Maria me assustava, ela era intensa e sem modos, um pouco diferente das meninas do orfanato, mas eu tinha medo de sua proximidade por causa de Nico. O relacionamento deles era louco, eles não ligavam pra muita coisa eu consideraria falta de respeito, pelo poucos livros que li e o que aprendi com as professoras no arfando. Resolvi não ligar para eles e fiquei feliz por ter amigos aqui fora, Nico era de família com dinheiro, mas ele era super humilde, quase não andava com amigos que tinha dinheiro, o único que conheci recentemente foi o tal de Brandon, que descobri que estudava com Joana. As ruas e os rolê que eu dava com Nico, me fizeram perceber o quanto as classes sociais eram divididas, o quanto as pessoas de classe baixa viviam e as milhares de pessoas que viviam na miséria. Aquilo me assustou de uma maneira que senti mais raiva ainda do universo, não tínhamos uma ótima vida no orfanato, mas fazíamos todas as refeições.

Seu Sorriso é Meu Ponto Fraco (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora