21. Declarações (Augusto)

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Depois de deixar Joana em casa, passei na mansão só para deixar minhas coisas, o taxista me esperou e me levou ao orfanato. Eu ainda não estava totalmente familiarizado com tanto dinheiro, por isso arregalei os olhos quando o motorista me falou quanto deu corrida. Tudo bem que fomos da praia até a casa de Joana, depois pra mansão e agora pro orfanato, mas eu sempre ficava com medo de não ter como pagar. Idiotice minha, já que a Sra. Dickinson me obrigara a andar com um cartão sem limite na carteira e com dinheiro também.

Eu ainda me sentia mal por andar com um dinheiro que não era meu, mas ela sempre me dizia que eu era seu filho e que era o mínimo que ela podia fazer por mim. Eu achei graça internamente, um cartão sem limite era o mínimo? Mas não vou mentir, aquele cartão estava sempre me salvando e como eu não trabalhava, sem dinheiro não tinha como eu ir a lugar assim. E agora eu tinha uma namorada, sorri ao pensar na minha anjinha, eu era mesmo um homem de sorte.

Entrei no orfanato, todo mundo alí me conhecia, então eu parecia um deputado acenando para todos que eu via. A última vez que estive aqui foi quando saiu aquela materia e fotos sobre o possível novo romance de Brandon e Joana que, confesso, aquilo me deixou possesso. Em primeiro momento eu quis pegar um carro, ir atrás de Brendon e quebrar aquela cara bonita dele. O desgraçado realmente tinha uma aparência de ator de novela mexicana. E eu desconfiava de que ele sentia algo por Joana, então quando vi a matéria, levei aquilo como uma confirmação.

Ela começou a me encher de mensagens e ligações, e eu não podia falar com ela daquele jeito, ia parecer um idiota ciumento, e eu tentava o máximo possível não ser assim. Tinha conseguido até então, então decidi que ela poderia estar desesperada para falar comigo e explicar que não era nada daquilo que se dizia na manchete. Ela ligou até para Nico pra saber de mim, isso fez meu ego inflar um pouco. Ainda assim, na época, aquela exposição indesejada que ela tinha com a mídia me incomodou e lembrei de tudo que eu vinha lutando contra. Por isso quando ela foi no meu quarto no dia seguinte, eu fui sincero com ela e expressei meus sentimentos sobre o assunto. Mais uma vez ela saiu chateada depois de falar comigo, e quase o tempo todo em que ela estava no meu quarto, eu pensava em jogá-la na minha cama e subir em seu corpo.

- O colírio pros olhos chegou, olá Augusto! - disse Stella, uma das diretoras, vindo me abraçar. Ela tinha mais que o dobro da minha idade, mas vivia se jogando pra cima de mim sutilmente.

Eu mudei de mais desde que saí daqui, não faz mais que um ano, mas eu peguei corpo rápido com a academia e agora usava produtos caros para lavar os cabelos, né. Então agora eram mais limpos e sedosos. Sem contar que me vestia melhor e tinha cheiro de dinheiro. Andamos pelo orfanato, tinha muitas crianças e adolescentes da época que eu estava aqui, aquilo me deixava triste. Sempre que podia, eu vinha pra cá, era o meu segundo lar, eu queria poder fazer algo de útil, principalmente para o lugar que foi anos o meu lar. Ou o mais próximo disso. Eu ajudava com obras, ou pra colocar algum cartaz ou o que fosse preciso. Eu só queria ser útil para aquelas pessoas, ajudar como fosse possível.

Era engraçado ver as meninas novas lançando olhares e sorrisos, mal tinham saído das fraldas, eu queria trazer Joana aqui algum dia. Não sabia se ela iria gostar, mas sabia que as meninas - e mulheres- daqui não iam ficar tão contentes. Hoje ajudei a arrastar alguns móveis do lugar e participei da aula de pintura que tinha, falei algumas palavras motivadoras para aqueles alunos, sentindo um pesar no estômago ao pensar que a maioria alí poderia ficar aqui até completar 18 anos, sem ninguém os adotar, e ser enxotado pro mundo sombrio lá fora.

- Augusto, você pode me ajudar com essa caixa? - Olhei para a professora de Português que vinha com uma caixa.

Rapidamente peguei da mão dela e estranhei por não estar tão pesada, mas ainda assim ajudei.

- Para onde, Srta. Adriana? - eu perguntei, ela era nova, não devia ter nem 30 anos. E desde que eu voltei a frequentar aqui, ajudando, tinha percebido seus olhares pra cima de mim.

Seu Sorriso é Meu Ponto Fraco (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora