Eight

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Mikey encarou os amigos com certa preocupação, algo lhe dizia que nada de bom viria nos próximos dias.

Draken tinha recebido alta a alguns dias e Takemichy começou a agir estranho, parecendo incrivelmente mais assustado e extremamente perdido entre eles, não ajudou em nada que Baji e os gêmeos pareceram animados em o assustar ainda mais.

- Takemichy - Chamou fazendo o loiro menor se sobressaltar - O que deu em você esses dias?

- O-o que? N-nada!

Mikey o olhou nos olhos, eram os mesmos olhos azuis que a qual tinha se apegado, os mesmos olhos com o brilho inocente e quebrado de quando eram pequenos, anos antes de perderem contato, mas... tinha algo diferente ali, uma infantilidade que Mikey não tinha visto antes.

- Eu preciso ir - Baji se ergueu começando a andar para longe dali.

- Espera! Baji-san! - Chifuyu levantou, Mitsuya ergueu uma sobrancelha vendo os dois se afastarem.

- O que aconteceu entre esses dois?

- Eles se gostam, eu opino que se declararam ou rolou algo e agora eles não sabem como lidar - Takemichi falou antes de arregalar os olhos ao notar que falava com o capitão da segunda divisão da Toman e não um de seus amigos da escola.

Mitsuya apenas sorriu ladino com isso, algo que não ajudou a aliviar o loiro menor.

- Você é observador... mas não é só isso...

Mikey sorriu levemente, talvez estivesse apenas sendo paranoico, Takemichi era o mesmo de sempre, observador e preocupado com seus amigos.

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Keisuke seguiu entre as sombras suspirando ao notar Chifuyu o seguindo.

- Baji-san! - O loiro segurou a mão do melhor amigo - Pare de fugir de mim, merda!

- Se afaste, Chifuyu, não vou avisar de novo - Keisuke se soltou - Eu já te disse, estava apenas brincando com você esse tempo todo.

Chifuyu bufou.

- Pois eu não acredito! Você não é do tipo que brinca com as pessoas!

- Você não me conhece, não aja como se conhecesse.

- Eu o conheço melhor do que ninguém, Baji-san! Eu sei que tem dificuldade em aprender coisas novas, mas sabe tanto quanto é possível saber sobre o passado, sei que apesar de viver cercado de gatos seu animal favorito é um panda, sei que chora nas noites sem lua porque acha que a lua está triste, sei que gosta de assistir o nascer e o pôr do sol, sei que odeia injustiças e que não se importa em meter porrada até em quem não fez nada, sei que gosta de enviar cartas muito mais do que escrever e que acha graça nos mangás que eu leio, acima de tudo sei que você está tentando me proteger de algo, só não sei do que, mas não importa, porque eu vou continuar do seu lado.

Keisuke ouviu tudo em silencio, Chifuyu tinha notado tudo isso? Não só as coisas que compunham seu personagem, mas... os seus gostos pessoais, Chifuyu notou tudo? Bem, não tudo, ele não tinha notado a maior verdade sobre si.

Keisuke se virou encarando os olhos verdes desesperados e inclinou a cabeça, ninguém podia dizer que ele não tentou certo? Ele iria fazer um inferno pessoal para Chifuyu agora, Chifuyu não iria embora de toda forma, não mais.

- Se eu pedisse... - Começou andando lentamente até Chifuyu, o menor sequer se moveu ainda encarando os olhos dourados, o coração batendo forte ao ter Baji tão perto - Se eu te pedisse, deixaria Toman por mim?

- Apenas peça - Chifuyu sussurrou mal registrando com o que concordava, o hálito de hortelã de Baji o inebriando.

Keisuke sorriu, os caninos proeminentes tornando o sorriso malicioso aos olhos de Chifuyu, então o moreno apertou sua cintura com força e o beijou.

Chifuyu arregalou os olhos sentindo Baji o beijar com brutalidade, o ato sendo muito inesperado para reagir de imediato, mas isso não inibiu o maior que apertou sua mandíbula o forçando a abrir os lábios para invadir com sua língua.

Chifuyu fechou os olhos, um som muito parecido com um gemido saindo de sua garganta enquanto Baji comandava o beijo feroz.

Keisuke se afastou rindo baixo ao ver Chifuyu se agarrar a ele para se manter de pé.

- Fique longe pelas próximas noites, eu vou entrar em contato, meu anjinho - Keisuke mordiscou a orelha do outro antes de sair.

Chifuyu se encostou no poste atrás de si ofegante.

- Sair... sair da Toman? - Ele finalmente registrou o que foi dito e sentiu sua pressão cair, que diabos Baji-san iria fazer?!

Baji-san amava Toman, por que ele iria sair?!

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Keisuke estacionou em frente ao reformatório e sorriu ao ver Kazutora saindo, o garoto tinha deixado os cabelos crescer e pintado algumas mechas de loiro, tinha ficado bonito.

- Kei! - Kazutora correu até o amigo o abraçando apertado antes de começar a chorar, Keisuke apenas retribuiu em silencio - E-eu estou tão feliz em ter saído.

- Estou feliz que você esteja aqui, Tora - Keisuke beijou a testa do outro antes de sorrir levemente - Vem, você vai ficar com um conhecido meu...

- Eu ouvi que me querem em Valhalla...

- De nada - Keisuke piscou para o outro enquanto eles subiam na moto - Eu também vou sair da Toman, estava apenas esperando você voltar.

- Vai mesmo abandonar a todos? - Kazutora abraçou a cintura do maior que riu.

- Eu não posso abandonar meu co-capitão, posso?

Kazutora sorriu, Keisuke era seu porto seguro, a única pessoa em quem ele confiava plenamente.

- Obrigado.

- Além disso, quando eu sair, o desfalque vai ser grande, vou trazer meu vice capitão junto, a Primeira Divisão vai ficar sem liderança.

Kazutora tencionou, Keisuke tinha mencionado o Matsuno em algumas cartas e ele não gostou nada, ele era a dupla de Keisuke e apenas ele, aquele idiota não tinha o direito de roubar seu lugar!

Keisuke teve que segurar o riso quando ouviu os pensamentos barulhentos do outros e acelerou até uma parte decaída de Shibuya.

- Aqui... a casa de Hanma, Mikey não tem ideia que eu confraternizo com eles então não me entregue ouviu?

Kazutora assentiu enquanto descia e Keisuke o puxou pra um beijo.

- Você me pertence.

- Sempre - Kazutora sorriu para o moreno.

- Que showzinho interessante - Hanma riu da janela do apartamento antes de tragar seu cigarro - Suba logo, terceiro andar, Baji, vai entrar?

- Não, eu tenho uma reunião da Toman - O moreno se ajeitou - Se o machucar, Hanma, eu te caço.

Hanma riu.

- Tão possessivo com o que é seu...

Keisuke rosnou antes de encarar Kazutora uma última vez e partir.


Quando Demônios Vão à TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora