Nineteen

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Ran cantarolou com os olhos fechados enquanto aproveitava a massagem que ganhava, o resmungo de Rindou não fazendo nada para o incomodar.

– Você está mais tenso que o normal, Ran, tem algo te deixando estressado? - A voz curiosa do adolescente o fez sorrir enquanto abria um olho.

– Nada que você precise se preocupar, Kakucho - O Haitani gemeu - Isso! Bem aí! Ah~, isso é tão bom!

O som da porta soou fazendo Rindou rir sabendo que seu irmão estava encrencado enquanto se afastava.

– Oh! Você finalmente chegou! - O Hitto sorriu sem parar a massagem que fazia.

– Kakucho - A voz desanimada de Izana soou fazendo Ran tencionar, oh merda! - Por que está fazendo massagem nesse daí?

– Eu estava treinando, Rei - Kakucho garantiu - Preciso praticar bastante para não te desapontar!

– Então ele é sua cobaia? - Izana riu antes de beijar a testa do mais novo - Vê se erra bastante uh?

– I-Izana! - O Haitani protestou entre gemidos - Você não devia monopolizar os dons magníficos de Kakucho!

– E você não devia tentar me dar ordens, parece que nós dois erramos, não? - Izana zombou.

– Cuidado com as palavras, humano - Rindou ameaçou, seus olhos brilhando em vermelho não incomodando os dois órfãos na sala de estar.

– Se não o quê, demônio? A gente já vive no inferno, caso tenha esquecido.

Isso fez Kakucho rir, mas não discordar da fala do melhor amigo enquanto terminava a massagem em Ran.

Izana e Kakucho sabiam exatamente o que os Haitani eram de fato, não foi por querer, eles estavam apenas se divertindo enquanto atormentavam alguns idiotas quando as duas crianças entraram naquele beco.

Os príncipes do inferno até tentaram assombrá-los também, porém eles já eram duas crianças tão traumatizadas que demônios literais não conseguiam gerar medo. Quando viram que não conseguiriam os assustar, Ran decidiu que gostava dos dois e decidiu formar um pacto.

O Hitto ficou com um pé atrás e se negou a firmar o pacto, porém o Kurokawa não se via com nada a perder e concordou, isso melhorou a vida deles na terra, porém ambos sabiam que os impediria de reencarnar e que teriam uma passagem só de ida para o inferno, que seriam para sempre atormentados por esses dois.

Com o tempo pararam de se importar e realmente se divertiam no dia a dia, Kakucho era claramente mais inocente, porém não puro, isso era claramente impossível, ele era sádico sim, porém só agia quando solicitado preferindo apenas assistir como uma platéia omissa enquanto Izana matava sem piedade.

Eram realmente divertidos e Ran nunca se arrependeria de tê-los adicionando a sua coleção.

No momento, porém, eles estavam mais preocupados, por mais que não fossem contar aos dois humanos.

Matsuno e Akashi haviam sido levados e, se Vaggie estivesse certa, por alguém poderoso o suficiente para dar trabalho. Em retrospecto, eles já deviam ter esperado por isso, afinal Adão vinha estando bem quieto no último milênio e isso não era comum do anjo que acreditava que os príncipes do inferno deveriam ser erradicados, mas porra! Nunca antes eles haviam envolvido humanos nessa guerra! Os céus realmente estavam de acordo com isso?!

Bem, se Adão podia ser tão cara de pau a ponto de sequestrar almas boas como Matsuno e Akashi, o que ele não faria com almas destinadas ao inferno como Kurokawa e Hitto? Por isso os Haitani vinham passando cada vez mais tempo com os dois, garantindo que ficariam e teriam uma boa vida até o momento de sua morte, assim como no pacto que assinaram.

– Vamos lá, desembuchem - Izana se jogou contra o sofá antes de abrir uma lata de cerveja - O que está deixando os dois estressados?

– E desde quando devemos satisfação a você? - Rindou revirou os olhos.

– Então realmente tem algo incomodando! - Os olhos de Kakucho brilharam em reconhecimento - O que aconteceu? Um de seus irmãos se machucou? A gente pode ajudar?

– Kakucho! Não vamos ajudar os demônios!

– Mas Rei! Eles são nossos amigos!

– Como se demônios tivessem amigos!

Rindou zombou antes de dar de ombros.

– Apenas uma treta com o céu - Ran finalmente cedeu - É uma guerra bem antiga e nós estamos bem perto de encerrá-la.

– Mas? - Kakucho se sentou entre os dois demônios.

– Mas enquanto isso não termina eles podem tentar quebrar o pacto que temos com vocês e isso seria uma dor de cabeça muito maior do que simplesmente vigiar os dois de perto.

– Pensei que a única forma de quebrar o pacto fosse caso ambas as partes quisesse isso - Izana franziu o cenho confuso.

– Isso para outros demônios, as mesmas regras não se aplicam a seres celestiais - Rindou explicou.

– Existe algo que a gente possa fazer? Para ajudar vocês nessa guerra? - Surpreendentemente a pergunta veio de Hitto fazendo os irmãos se encararem antes de rir.

– Não mesmo, vocês são apenas humanos! - Rindou garantiu - Por que quer nos ajudar, pirralho?

– Bem... se realmente existe deus e anjos, por que eu e Izana passamos por tudo isso? O que fizemos de tão ruim para merecermos sofrer como sofremos até conhecer vocês? Por que demônios foram os únicos a nos ajudar? - Kakucho encarou os três na sala antes de suspirar - Sempre me perguntei isso e, se anjos querem ferir de alguma forma as únicas almas que nos estenderam a mão, então quer lutar, quero ferir os céus como fui ferido.

Izana sorriu, seu melhor amigo não era um fofo?

– Se tem algo que pudermos fazer, queremos ajudar - O Kurokawa decidiu - Então... o que precisam?

– Pelas regras não podemos envolver humanos nisso - Ran descartou sem nem pensar muito fazendo Kakucho rir.

– E desde quando vocês respeitam regras? Pensei que fossem os príncipes do inferno.

Rindou gargalhou, eles tinham razão! Desde quando se importavam com regras?! Adão não havia quebrado ele mesmo quando sequestrou duas almas humanas?

– Isso vai ser definitivamente divertido! - O gêmeo de tranças garantiu - Por hora mantenham distância e fiquem de sobreaviso, nosso próximo golpe será no Halloween, dependendo de como as coisas acontecerem lá nós vamos dizer do que precisam.

Izana sorriu, como seria a sensação de matar um anjo? Ele esperava que fosse pelo menos satisfatório.

Já Kakucho suspirou, ele ficava feliz em ajudar os únicos seres que foram capazes de os ajudar.

Quando Demônios Vão à TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora