Takemichi respirou fundo enquanto olhava o quadro que havia montado, ele não era inteligente como Naoto ou sabia coletar informações como Wakasa, mas teria de servir, não se atreveria a envolver outra pessoa para que fosse machucada em sua própria bagunça.
Faltava pouco para o Halloween e ele precisava descobrir um plano ideal para ajudar sem que ninguém sofresse no caminho, sem que ninguém se machucasse, mas como fazer isso? Como evitar tudo o que Kisaki vinha fazendo sem que ninguém saísse prejudicado?
Um toque de celular o fez desviar disso e Takemichi suspirou enquanto buscava o aparelho no meio da bagunça de seu quarto para atender.
"Takemichi!" A voz soou antes mesmo que dissesse algo fazendo-o arregalar os olhos.
– Senpai! - O Hanagaki sorriu animado - Não esperava uma ligação sua!
"Na verdade queria saber se podemos nos encontrar? Preciso falar com você..."
– Claro! Eu estou sozinho em casa agora, se quiser vir.
"Tudo bem, eu estou perto, até daqui a pouco".
O Hanemiya desligou com um suspiro e Takemichi franziu o cenho, o que tinha de errado com seu senpai? Assim, fora o relacionamento claramente tóxico dele?
Suspirando preocupado, Takemichi desceu para a cozinha a fim de preparar algo para comer enquanto aguardava Kazutora, esse que não tardou a chegar trazendo consigo uma mochila e o rosto extremamente machucado.
– Por Deus! Senpai, o que houve?! - O Hanagaki imediatamente arrastou o mais velho para o sofá e em seguida buscando um kit de primeiros socorros para tentar ajudar de alguma forma.
– E-eu terminei com Keisuke e... sai de Valhalla.
– Oh, Senpai - Takemichi o puxou para um abraço - Vai ficar tudo bem.
O Hanemiya não sabia explicar o motivo, nem mesmo durante sua discussão com o ex ou durante as agressões ele chorou, mas ali, no conforto do abraço de alguém mais novo, ele chorava como se o mundo houvesse acabado, completamente abalado por tudo que aconteceu.
Talvez fosse o conforto de que Takemichi não o julgaria, apenas permanecendo abraçado e deixando Kazutora desabar o quanto fosse necessário até conseguir se acalmar um pouco.
– Senpai... - A voz do Hanagaki finalmente soou - Você tem onde ficar?
Kazutora negou.
– E-eu podia tentar voltar a morar com meu pai, mas não seria muito diferente de Keisuke...
– Pode ficar aqui, se quiser, minha mãe não vai se importar.
– Posso mesmo?
– Claro, agora vem, você vai tomar um banho e eu vou te ajudar com esses machucados, tudo bem?
– Não quer... não quer saber porque terminei com ele?
O Hanagaki suspirou.
– Para falar a verdade, Senpai, eu rezava para que você pudesse perceber e tivesse coragem pra sair ou pedir ajuda - Takemichi tocou a bochecha do mais velho - Você é muito bom para estar com alguém cruel como Baji - Com um gesto suave e quase imperceptível, Takemichi retirou o brinco de sino que Kazutora usava - Vou guardar isso ok? Quando se sentir pronto vamos nos livrar de tudo que nos lembre Baji.
Kazutora assentiu antes de decidir subir enquanto Takemichi preparava o que seria necessário para tratar dos machucados, eram principalmente hematomas, então não havia muito o que fazer, também iria preparar algo para Kazutora jantar.
Ele podia estar no corpo de um adolescente, mas sua mente era adulta e o Hanagaki jamais iria deixar um garoto como Hanemiya sozinho a mercê de gente abusiva como Baji, além disso sua mãe não se importaria de verdade, ele ficava muito chateada de trabalhar tanto e o deixar sempre sozinho, então agora ficaria feliz em ele ter companhia.
Ainda sim, mandou uma rápida mensagem para a mulher explicando toda a situação e ela prontamente respondeu concordando que Hanemiya permanecesse.
Estava concentrado em sua tarefa, porém ainda conseguiu ouvir os passos e sorriu enquanto se virava para ver Kazutora, porém não era seu Senpai na entrada da cozinha.
– Engraçado... você passa uma energia familiar - O homem ali tinha os cabelos loiros curtos e uma cartola branca que combinava com o paletó que usava, uma bengala com totem de maça o ajudando no equilíbrio - O que em você exatamente chama a atenção de meu filho?
Takemichi estreitou os olhos, era o pai de Sanzu! O que ele fazia em sua casa?!
– O que você quer?
– Só estou curioso - O mais velho confessou.
– Nunca ouviu falar que a curiosidade matou o gato?
O homem sorriu achando graça enquanto se aproximava lentamente.
– Diga-me onde está minha filha, você sabe não sabe?
– E por que eu diria para você? Posso não saber tudo, mas sei que você tem parte da culpa do que aconteceu - O Hanagaki não recuou.
Lúcifer rosnou perdendo a cada segundo a paciência.
– A roupa caiu como uma luva, Takemichi... - A voz de Kazutora soou junto de seus passos em direção a cozinha, porém o adolescente parou na entrada - Quem é esse?
– Eu vou indo - O mais velho dos três decidiu, caminhando para fora.
– Hm... Takemichi?
– Esse é o pai de Haruchiyo - O Hanagaki explicou - Ele vem causando problemas a Haruchiyo e seus irmãos e agora quer se entender com eles, acho que me viu com eles e decidiu que poderia se reaproximar por mim.
– Entendi...
– Bem, vamos cuidar do seu rosto e então cozinhar! - O saltador do tempo decidiu com um sorriso enquanto o levava de volta para a sala, iria verificar se tudo estava trancado também.
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Chifuyu sorriu largamente quando a porta do quarto abriu revelando Baji, o moreno estava com os cabelos presos e trazia uma mochila e sorriu para o Matsuno enquanto buscava a cadeira ao lado para sentar.
– Baji-san...
– Como está se sentindo, Chifuyu? - Keisuke sorriu com carinho fazendo o menor corar.
– Estou bem, o medicamento evita que eu sinta dor e os médicos disseram que estou me recuperando bem, em breve terei alta.
– Isso é bom - O moreno garantiu antes de buscar a mochila que trouxe - Eu pensei que você poderia estar entediado então trouxe dever de casa! Tudo o que você perdeu nos últimos meses!
Isso arrancou uma gargalhada do Matsuno que negou satisfeito.
– Como pode o mesmo cara que se cobre de sangue inimigo ser tão preocupado com notas?
Keisuke deu de ombros enquanto Chifuyu suspirava feliz, sentia algo errado em Baji, mas falaria disso depois, no momento só queria a companhia do melhor amigo.
Keisuke aproveitou a deixa para pegar os cadernos começando a explicar as atividades que tinham de fazer. O Príncipe do Inferno estava extremamente irritado, sabia que Kazutora era instável, mas nunca considerou que o desgraçado fosse ouvir seus planos com Shuji e se voltar contra ele, agora estava "desaparecido" e Keisuke sentia que iria ter uma bela duma enxaqueca resolvendo essa bagunça.
Felizmente a luta contra ToMan não foi interrompida, porém precisava encontrar o Hanemiya e forçá-lo de volta, nem que fosse dopado, para que o plano seguisse como deveria, para que pudesse destruir completamente Hanagaki Takemichi nessa luta.
Ele tinha muito a resolver e pouquíssimo tempo, porém, naquele momento, ele só queria a paz de ver Matsuno bem e se recuperando, afinal ele passou um bom tempo nas mãos de Adão, vai saber o que sofreu sendo refém de anjos.
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Quando Demônios Vão à Terra
FanfictionExiste sempre uma razão para as coisas que dão errado, a maioria das pessoas culpam entidades, mas, acredite se quiser, a maioria dos demônios não vão à Terra para causar mal e sim para se divertir com o mal que a própria humanidade causa