Prólogo

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Eu acho perturbador
Eles estão trazendo a minha história à tona
Mas você nem está prestando atenção

Lavender haze




Sentada de frente para a câmera, respirou fundo. Passou o dedo indicador pela gola da camisa, sentindo-se sufocada. Evitava olhar para o tecido vermelho, ou se acostumar com a mudança. Ainda podia ouvir o pai gritar para sair do carro, sem se importar com palavrões. Ela não estava sozinha, além da produção, Lewis Hamilton mantinha-se encostado na parede olhando-a preocupado.

— Me fala um pouco de você, para iniciarmos.

A loira apertou o próprio joelho, cruzando as pernas para tentar ficar em uma posição mais confortável.

— Eu sou... – engoliu em seco.

Apertou a mão em punho.

Aquele não era o plano. Teria sido muito mais vantajoso se desistisse, jogasse para o alto o sonho infeliz, corresse de volta para os braços da mãe. Ela queria muito ir para casa.

Atrás da porta homens mais experientes aguardavam sua vez para fazer discursos motivadores. Seu pai era um deles. Recebeu textos muito bons de Lewis para treinar em casa, porém as palavras lhe deixaram irritada, queimou cada uma das páginas e fingiu esquecer em casa.

— Me chamo Maxine Verstappen. Tenho vinte e dois anos. Sou bicampeã mundial e vice-campeã duas vezes. Estou há quatros anos na Fórmula 1. Sou filha de Max Verstappen, e Aspen Rendall. Corro para a equipe Ferrari.

Precisou engolir a bile persistente.

Havia gritado no banheiro do hotel quando vestiu a camisa da Ferrari. Jogou a maquiagem no espelho, criando uma grande bagunça desajustada. Era melhor destruir, que chorar.

— Nos conte um pouco sobre sua mudança repentina.

Olhou para Lewis. Conseguia ouvir o pai berrar no meio da sala, apontando o dedo no rosto do britânico: "Ela é minha filha caralho, chega de fazer drama, ela vai entrar na única equipe boa o suficiente para ela, e se não fizer ninguém nessa casa feliz, então que se foda.".

— Eu entrei na Fórmula 1 aos dezessete, como meu pai. Sou a primeira mulher a ser campeã mundial, correndo para a Mercedes. No primeiro ano, me consagrei campeã mundial, e no ano seguinte também. Liderei corridas, somei pontos de forma incrível. Infelizmente, nos meus últimos dois anos na Mercedes, a equipe não estava disposta a me ajudar, dando prioridade a George Russell.

"Você não é uma Hamilton, não tem que agir como uma. Aceita a porra do seu sobrenome, o que eu lhe dei. Te respeitei quando decidiu fazer parte dessa equipe suja, mas já chega disso."

— Todos os ataques contra mim resultaram na minha saída.

— E por que a Ferrari?

Quis rir ao ouvir a pergunta.

Maxine não aguentava mais aquilo.

— Minha prioridade era a saúde mental, porém cresci entre os melhores dos melhores. Meu pai é o número trinta e três, Max Verstappen. Meu tutor é eneacampeão, Lewis Hamilton. Estive com Ricciardo, Leclerc, Sainz, e Stroll. Campeões. Seria um erro parar.

— E Russell.

Ela riu.

— Ele é campeão?

Lewis negou com a cabeça ao ouvi-la, mas Maxine estava cansada de andar em ovos por tanto tempo. Ano passado foi pior. Ela jamais havia sofrido tanto, em tão pouco tempo. Os ataques do público foi certeiro.

— E como está a expectativa de entrar na Ferrari?

Maxine Verstappen carregava o número favorito do pai, o três. No capacete desenhou uma raposa, e as cores da bandeira da Noruega. Corria por seu país acima de qualquer um. Ela não era a melhor no kart, e seu maior rival era quem achava amar, porém agora só senti remorso. Klein foi o primeiro amor da Verstappen, e aquele que destruiu seu coração tolo. Hoje, tornara-se um homem cruel, capaz de roubar dela um lugar na Mercedes.

— Não sei o que esperar, será completamente novo.

Trabalharia com um Senna. Um antigo conhecido de Kart, mas não amigo. Já ouviu o rapaz se gabar do belo carro de Schumacher na parede de casa, fazendo Massa rir divertido. Ambos brasileiros, amigos de longa data.

O motor da Ferrari era diferente de qualquer outro, dava para sentir pegando no volante, ouvindo o motor lhe respondendo ao dar os primeiros comandos. Não conseguiu se acostumar nas primeiras voltas experimentando o antigo carro de Charles Leclerc. Era estranho usar outro emblema, conviver com uma equipe diferente, pensar em Monza como casa.

Maxine Verstappen começou aos sete anos. Mesmo tão jovem estava em grandes pôsteres de equipes famosas, sempre ao lado do pai, ou encostada no carro campeão do piloto quarenta e quatro. Assinou um contrato com a Williams e apertou a mão de Lando Norris antes de fazer parte da equipe do piloto que um dia seria o número um da McLaren. Ela esteve ao lado de Claire Williams, Toto Wolff e recebeu elogios de Helmut Marko.

Ser a filha de Max Verstappen tornou-a a queridinha. As pessoas queriam saber tudo sobre ela, principalmente seus sonhos em entrar para a Fórmula 1. A Mercedes prometeu introduzir Maxine na equipe principal na primeira oportunidade, e Lewis estava com ela, ignorando quem já estava pilotando o carro número um.

Ela não precisou ser como os outros jovens pilotos se esforçando nas outras modalidades, porque todos viam nela grande potencial como no passado. Alguns repórteres não gostavam que Maxine passasse por cima de grandes nomes, Senna, Prost, Gerber e Klein. Um dia quase se importou com um dos seus colegas de equipe, mas agora não importava mais, ela estava dentro em uma das maiores equipes.

Os anos no kart de Maxine Verstappen foram marcados por uma grande pressão vindo dela. Estivera no pódio muitas vezes, porém não como vencedora. Odiava estourar o champanhe falso. A maioria dos troféus era do segundo lugar. Ouvia piadas debochadas sobre garotas não terem vez no automobilismo, por isso jamais venceria na Fórmula 1, seria sempre uma pilota pagante.

Aos dezessete assinou o primeiro contrato com a Mercedes, deixando a academia promissora da Williams para trás.

Foi maravilhoso sorrir ao lado do pai, junto com rostos conhecidos nos feriados. Ela finalmente se nomeou a primeira mulher a disputar na Fórmula 1 com homens. Representava a Noruega com muito orgulho por sua mãe. Naquela época Toto Wolff ainda gerenciava a equipe, e dava a Maxine todo o espaço para vencer, tendo Lewis como instrutor.

A jovem Verstappen se consagrou campeã mundial no primeiro ano, acompanhada pelo pai em segundo lugar e Senna no terceiro.

Ainda era uma menina, então sorriu grandemente para todos em Abu Dhabi, comemorando com a família. Os anos de kart foram esquecidos completamente, pois os anos de glória da Verstappen era a nova realidade.

Com dezoito era bicampeã. Ela foi reconhecida como vencedora na penúltima corrida, ouvindo todos na Mercedes gritarem por Super Maxine.

Ela era a estrela. O momento. Todos apenas falavam sobre Maxine Verstappen. As pessoas corriam na direção do pódio querendo um pouco dela. Meninas se inscreviam no kart querendo imitar a nova inspiração. As câmeras focavam na filha mais velha de Max Verstappen. Outras equipes não tinham vez quando ela estava pilotando.

Maxine esteve tão alto na carreira, que ao cair não conseguiu se manter de pé. 

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