Capítulo 22

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E eu estava recuperando o fôlegoOlhando por uma janela abertaAgarrando minha morteE eu não tinha certezaEu tive uma sensação tão peculiarDe que essa dor iria durar para sempre

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E eu estava recuperando o fôlego
Olhando por uma janela aberta
Agarrando minha morte
E eu não tinha certeza
Eu tive uma sensação tão peculiar
De que essa dor iria durar para sempre

Evermore



Havia uma coloração certa para o céu ser registrado por Aaron. Ele gostava dos tons de roxo e rosa. Seus registros favoritos possuíam cores poderosas, profundas. Algumas fotografias possuíam azul claro, criando o contraste perfeito com o rosa. As paisagens mudavam constantemente, nunca parecendo algo que o fizesse lembrar-se da vida que escolheu.

— Nunca te vi com uma câmera.

— Não é frequente.

Maxine jamais se imaginou deixar de fazer algo que amava. Se ele amava fotografias, então porque escondia tudo dentro de um quarto vazio? Aquela casa merecia ser pintada por belos tons.

— Pode fotografar agora.

Aaron falou sobre suas câmeras. Ele as colecionava. Algumas pertenceram ao antigo dono daquela casa, e contou que sua avó lhe deu de presente. Nem todas as fotos eram tiradas por lentes profissionais, e com o tempo, ele deixou de investir no próprio sonho. Não fazia ideia que pudesse saber tanto.

Havia mergulhado tão fundo na mentira, que era difícil encontrar a verdade. Então se perguntava o motivo de ter escondido tudo, se aquilo o fazia feliz. A resposta o deixava confuso. Tinha dias que queria focar no que achava bonito, e outros se perguntava quem iria ver todos seus registros mais pessoais. Fora assim que desistiu de um diário, de porta-retratos e recordações.

— Achei que evermore fosse um álbum.

— Essa é a música, o álbum vem depois.

Evermore era uma música triste como exile, porque Maxine gostava de canções tristes. Era julho quando tocou pela primeira vez na sua casa assombrada, e se questionou se a tocaria de novo em dezembro, e se estaria em outro lugar menos sombrio. Quis saber se continuaria agarrando a própria morte diante de uma janela aberta, porque a dor não poderia durar para sempre.

Não era difícil toca-la no piano. O som era tão suave quanto à brisa tranquila na primavera. Semelhante à ida e vinda do mar pela manhã, antes da tormenta da noite. Tão breve viera, iria embora. A calmaria tornava-se apressada junto das palavras cantadas. Por mais cinza que parecesse, Aaron sentia o frio azul tomar seu curso até o fim da melodia.

— Isso é evermore. – Maxine lhe disse ainda sentada ao seu lado no piano – Eu posso facilmente viajar para longe ouvindo-a.

— Sem músicas felizes?

— Quem precisa delas? Só se for para dirigir um carro em alta velocidade, mas não em momentos reais. Só conseguimos ser nós mesmos quando vem nossas lágrimas.

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