Capítulo 3

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Vamos lá, vamos lá, não me deixe assimPensei que tinha te entendidoAlguma coisa deu terrivelmente erradoVocê é tudo que eu queria

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Vamos lá, vamos lá, não me deixe assim
Pensei que tinha te entendido
Alguma coisa deu terrivelmente errado
Você é tudo que eu queria

Haunted




Era engraçado como tudo podia mudar. Ela já esteve pronta para pisar pela primeira vez em uma pista na Noruega, feita especialmente para sua vitória, usar roupas que deixasse seu povo orgulhoso, levar muitos prêmios para casa, entretanto, tudo desmoronou. Ela só não podia ter tudo, como já o possuía por muitos anos.

O nome Verstappen disputava o campeonato mundial, mas não era ela quem iria pilotar para a vitória. O macacão prateado nunca trouxera tanta certeza que o luto seria intenso, cansativo, devastador. As bandeiras não eram para Maxine ou seu pai, o vermelho se estendia pela plateia, bonés de outras equipes eram comprados, cartazes erguidos e muitas palmas.

Um dia esteve naquele mesmo circuito acenando e sorrindo como uma menina preparada para todos seus sonhos. Ela chorou nos braços do pai ao receber o prêmio, cantou hino do seu país com orgulho, teve a certeza que aquela seria sua vida para sempre. Abu Dabhi trazia nostalgia, e a certeza que a filha de Max Verstappen teve sua vida ceifada.

Passaram-se meses, e Maxine se recusava escutar sugestões sobre equipes que fariam qualquer coisa para tê-la. Ela cresceu sabendo que seu destino seria a Mercedes, e não podia aceitar qualquer outro caminho. Provavelmente, não pisaria mais em nenhum autódromo, voltaria para Noruega, se esconderia em seu apartamento junto ao carro que lhe trazia uma esperança vazia.

Decepcionada por ver o próprio nome em sexto. Não teve escolhas, além de aceitar que aquele não seria seu ano. Provavelmente precisaria parabenizar o pai, Senna, ou na pior das hipóteses, Prost.

Virou-se para o carro sendo preparado. Havia sorrido na primeira vez que o pilotou, eufórica com a ideia de dividir metade de sua vida com ele, confiar completamente que pudesse ser mais que uma ferramenta, mas uma parte da sua alma. Agora se via desejando nunca mais pilotar um carro tão veloz, porque não valia a pena tanta dor.

Cobriu os olhos azuis com o capacete, escondendo-se das câmeras. Andou em silêncio até a largada, ouvindo o publico vaiando-a. As cores diferenciadas do seu carro brilhavam tanto quanto suas lágrimas poderiam.

Solitária na própria dor, longe do amor de sua família e da pena que sentiam.

Ajoelhada diante do seu ponto de paz, tocou a pintura prateada.

— Serão nossas últimas voltas juntos. – murmurou para o carro – Nunca mais serei tão feliz.

Diferente do que acreditavam sobre aquele esporte, não era só uma corrida, ou tudo pelo dinheiro. Havia muitos sentimentos envolvidos. Você podia queimar vivo, mas voltaria para o mesmo lugar, pois aquela era sua casa, a sentença escolhida, seu começo e fim. Maxine não tinha medo da morte, mas não por ser corajosa, e sim porque escolheu.

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