Capítulo 2 - Abordagem

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Eu fiquei paralisada olhando para meu pai praticamente incrédula, tentando entender o que diabos ele havia dito. Eu tinha consciência de que papai merecia ser feliz, longe de mim bancar o tipo de filha que quer ver o pai terminar o resto de sua vida preso ao passado, a uma pessoa que nunca mais irá voltar. Eu não sou tão egoísta assim. Eu sabia que ele ainda amava mamãe, seu luto durou tempo demais e por muitos anos o nome de minha mãe era uma palavra proibida, por que lembrar dela doía muito.

Papai dedicou esses anos todos a cuidar de mim, seus tempos livres eram todos meus. E assim o nosso vínculo de pai e filha cresceu de uma forma tão grande que eu havia se tornado a razão para que papai conseguisse levantar da cama e viver um dia de cada vez, palavras essas que escutei as escondidas ele desabafar com seu amigo a uns anos atrás. Doeu saber que papai sofria tanto quanto eu a perda de mamãe. E era por isso que eu sempre o motivei de uns tempos para cá para ele encontrar alguém que o merecesse, pois, meu pai era uma pessoa maravilhosa e merecia ser feliz.

Mas casar? Assim, tão de repente, sendo que eu só soube que estava namorando não havia nem cinco minutos era um pouco demais para mim. Era uma notícia meio que... assustadora. Era difícil de processar, ainda estava me acostumando com o fato de ele ter uma namorada.

- Como assim casar? – Voltei a dizer, olhando incrédula para ele. – Pai, eu nem ao menos conheço essa mulher. O senhor poderia ter tido um pouco de consideração por mim antes de tomar uma decisão tão radical.

- Sakura... me desculpe – e deu um passo para a minha frente, e pôs sua mão em meu ombro, a expressão cautelosa no rosto. – Confesso que tive medo que você não aceitasse o fato de que me apaixonei por outra mulher que não é sua mãe.

- Pai eu já sou crescida o suficiente para entender desse assunto. O senhor está cansado de saber que sempre o apoiei para encontrar alguém. E agora eu estou bastante chateada pelo fato do senhor ter escondido isso de mim esse tempo todo. O senhor foi injusto comigo.

Eu estava me sentindo de alguma forma traída. Meu pai estava namorando as escondidas Deus sabe a quanto tempo.

- Me desculpe – e me abraçou de repente -, me desculpe. Às vezes me esqueço que você cresceu, não é mais aquela menininha que tinha medo do escuro, agora é uma moça linda e ajuizada.

Minhas mãos rodearam sua cintura e retribui o abraço.

- O senhor tem que confiar mais em mim.

- Eu confio – e depois suspirou cansado, se afastando de mim e olhando em meus olhos. – Eu estou namorando já tem uns meses e já faz anos que eu não me sinto tão bem. Nós dois temos muitas coisas em comum, e confesso que estou muito apaixonado por ela.

E foi inevitável não sorrir diante daqueles olhos azuis de papai que brilhavam como uma estrela, e o jeito apaixonado quando ele falava da namorada me fez esquecer por um momento o choque do casamento repentino.

- Nós percebemos que o tempo passa rápido demais – ele continuou -, não somos tão jovens assim para ficar enrolando, somos adultos que já viveu o suficiente para saber o que é bom ou ruim. E o melhor agora é nós compartilhar a nossa vida como casal e por isso resolvi pedi-la em casamento e ela aceitou.

- Eu não sei o que falar.

E não sabia mesmo, uma parte de mim estava feliz por meu pai ter encontrado a felicidade novamente e a outra parte de mim tinha medo de ele está se precipitando e acabar machucado no final.

- E essa mulher? – Perguntei cautelosa. - Quem é ela? Alguém que eu conheço?

Papai pareceu hesitar por um momento, afastando com alguns passos para trás, desviando os olhos para o lado para depois voltar para mim.

Garoto ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora