Sexta
Eu não quero acordar.
Eu realmente que não quero acordar.
Mas é inevitável.Pego na mochila, não tomo o pequeno-almoço, embora diga ao meu pai que o tomo, e ao fim de me certificar que tranquei o portão ando calmamente pela calçada.
Faz hoje um ano.
Que ele me deixou.
Faz hoje um ano em que parte de mim morreu juntamente com ele.A mãe dele estava lá. Ela odiava-me, eu senti-a isso. Eu apercebia-me pelos olhares de escárnio que me eram dirigidos.
E é tão doloroso alguém com quem tu passas-te muitos bons momentos, te odiar profundamente.Eu só o quero de volta tal como ela.
Eu era uma rapariga que tinha 16 anos.
Eu vi o meu namorado morrer.
Eu era feliz.Eles sempre viveram em Sydney tal como eu mas eu nunca os tinha visto por lá. O que era normal visto que Sidney é enorme.
Até o ver naquela praia.
Eu agradeço todos os dias a Deus por ter ido lá nesse dia.Eu pensei seriamente que ela me ia bater a uma certa altura no funeral, mas não o fez.
Skyler estava precisamente á minha frente no funeral. Havia apenas o...caixão a separar-nos e infelizmente, tive que agradecer por isso.
Ela estava prestes a saltar-me para cima a qualquer momento.Toda a gente chorava. Mas de todos ela era a que chorava mais.
Porquê a mim? Porquê a ele? Porquê a nós?
Eu não tenho resposta para nenhuma destas questões, mas eu sei que sou a razão delas serem feitas.
O padre falava coisas sem sentido para mim. Eu não entendia nem metade das palavras dele. E talvez não ajudasse muito eu não estar a prestar a mínima atenção.
Ele morreu, nós deixamos os nossos pêsames, deixamos flores, deixamos discursos, deixamos as nossas últimas palavras num funeral? Céus, não. Não há ultimas palavras. Eu posso falar com ele sempre que eu quiser. Eu posso imagina-lo ao meu lado todos os dias, posso rezar por ele á noite, posso vir aqui e contar-lhe o meu dia.Simplesmente para mim, não há últimas palavras.
O funeral acabara e em poucos minutos toda a gente dispersou sobrando eu e Skyler.
"Tu." Ela diz fungando e limpa as lágrimas. "A culpa é toda tua." Disse ela.
Eu queria falar mas a minha garganta está completamente seca.
"Porra, tu e as estúpidas das tuas hormonas aos saltos!" Gritou chegando-se perto de mim.
Aclareei a garganta de modo a puder ouvir a minha própria voz.
"Eu lamento imenso." Skyler olhou-me com desprezo e ri-se maleficamente.
" "Eu lamento imenso", Tu não lamentas nada! Tu não o amavas senão não lhe terias feito isto!" Gritou enquanto apontava para a lápide do filho.
"Eu amava! Eu amava, sim! Eu lamento que tenha sido abandonada pelo homem que mais amou e que isso lhe faça perder toda a devoção ao amor mas eu amo-o! Eu daria a minha vida pela dele!" Exalto-me mas logo me arrependo de ter tocado naquele assunto.
Ela vem até mim e eu fecho os olhos com força.
Ela vai-me bater, eu deveria ter estado calada.Ao fim de uma breve espera nada acontece se não ela a chorar á minha frente com os punhos serrados a amarrotar o seu lenço.
"Eu sei que tu eras tudo o que o Logan queria. Eu sei que ele te amava. Ele contava-me tudo. Vocês nunca discutiam, vocês tinham tudo em comum, ele contou-me quando foi a vossa 1° vez. Ele estava tão feliz quando voltou a casa. E eu sei que ele te contava tudo, inclusive a minha história com o pai dele, mas ouve-me bem sua pequena vadia..."
Fechou os olhos com força, e inspirou e expirou lentamente olhando para mim de novo.
"Não tens o direito de falar disso ouvis-te? Zero. Se aquele assunto sair da tua boca nojenta de novo, eu juro que te faço arrepender. E acredita, não vai ser bonito!"
Ela estava realmente a assustar-me. Porquê que é isto é tão difícil? Ela está tão não-Skyler. Ela não é assim. Ela é inteligente, ela é divertida e uma pessoa extraordinária. Ela, eu e a minha mãe eramos melhores amigas.
Como tudo muda.
Porquê que eu não consigo falar? Eu apenas me vejo obrigada a assentir em tudo o que ela me está a dizer.Talvez, porque a culpa é maior que o meu orgulho.
"Sai da minha vista para sempre, sua besta."
A última coisa que me lembro é de a olhar mais uma vez, sair daqueles portões verdes e enferrujados e correr até casa.
E aí sim.
Eu deitei-me na cama e pus música a tocar.
Era um domingo de sol e eu chovia sem parar.---------

VOCÊ ESTÁ LENDO
maybe ; lrh
Fiksi PenggemarHá quem lhe chame amor á primeira vista, mas também há quem lhe chame ódio.