27 [ Suposições erradas ]

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Entro pelos portões brancos da escola e avisto Michael de costas a falar alegremente com os rapazes. Dou a minha vida em como é sobre o sonho dele.

Chego-me perto deles, tento parecer o mais natural possível ao lado de Luke e sorri-o.

"Bom dia rapazes. Michael podes vir cá?" Puxo-o pelo casaco. "Claro que podes." Respondo por ele.

"Está tudo bem?" Pergunta enquanto eu o continuo a puxar pelo casaco até ir-mos para trás do bloco de aulas.

Olho-o seriamente.

"Hmm, está tudo bem, Sadie?"

"Não. Nada bem Michael."

"Não estou a entender. Oh espera já sei... ao contar-te o meu sonho, sonhaste tu com ele não foi? Eu sabia que não devia ter falado dele!" Repreendeu-se.

"Não é nada disso. És tu?"

"Sou eu? É claro que sou eu, não vês? Michael Gordon aqui á tua frente!" Sorriu. Mas porquê que ele é tão adorável e tão burro ao mesmo tempo?

"Michael! Estou a perguntar se és tu quem manda as mensagens!"

"Mensagens? O quê? Não, só tive o teu número ontem como é que eu te poderia mandar mensagens?"

"Podes estar a mentir." Chego-me perto dele cerrando os olhos.

"Não estou a mentir! E pára com isso dos olhos, é engraçado!" Riu. Tudo bem que as coincidências batem certo para ele, mas ele é demasiado inocente e aparenta não saber mentir.

"Como é que sabes que o meu nome do meio é Lorrie?" Questiono e cruzo os braços sentando-me no banco de pedra. Michael segue-me e sentasse também.

"Quando me deixaste copiar uma questão do teste de história, olhei para o cabeçalho e vi o teu nome." Faz sentido. Porra, e eu a pensar que já tinha descoberto tudo.

"Onde estiveste na passada quinta-feira á tarde?"

"Em casa do Calum."

"A fazer...?"

"Jogar Fifa."

"Podes estar a mentir!"

"Não estou a mentir, Sadie! Eu tenho alibi! Vai-lhe perguntar!" Suspiro e olho para ele.

"Eu acredito em ti."

"Aleluia! Que tipo de mensagens são? Nudes?" Fez uma cara de pedófilo fazendo-me rir.

"Não! Que prevertido Michael! Basicamente ele sabe tudo sobre mim, inclusive o meu nome do meio, e ninguém sabe o meu nome do meio! Quer dizer, agora tu sabes. E os professores. E eu tenho urgentemente que parar de escrever o meu nome completo nos testes!"

"Isso seria bom, já que não queres que ninguém o saiba. É o Luke, só pode ser ele."

"Ou então não. Nada aponta para o Luke."

"Nada apontava para mim também, até eu dizer o teu nome do meio!"

"Pois. Mas ele não gosta de mim Michael, portanto não é ele."

"E o anónimo gosta de ti?" Questionou e eu aceno com a cabeça que sim mostrando-lhe as mensagens.

Ele lê cada mensagem atentamente rindo-se pelo meio.

"Lavrar a terra do meu quintal com o meu boi domesticado"...Meu deus Sadie, eu adoro-te!"

Ri-me juntamente com ele e ele continuou a lê-las, entregando-me no final o telemóvel.

"Muito bem. O anónimo aparentemente gosta de ti, e conhece-te. Aliás, ias conhecê-lo. Mas ele faltou certo?"

"Sim. E depois- Oh não." Falo após me lembrar de algo.

"O que foi?"

"Nesse dia em que era suposto nos encontrarmos, quando eu me vinha embora o Luke apareceu lá... mas com a Arabella."

"Pimba! É ele, Sadie. Só pode ser ele! Eu conheço-o melhor que ninguém. Ele gosta de ti, ok? Talvez não seja amor, mas o amor surge conforme o tempo de namoro que vais tendo com a pessoa. Quando começas a gostar de uma pessoa não é logo amor, mas sim uma grande paixão. Amor é quando estás com ele, os momentos que passam juntos e essas tretas todas que eu não sei porque nunca namorei. Mas ele gosta, eu sei que gosta. Ele está sempre a falar de ti por amor de Deus!"

"Está?" Estou verdadeiramente surpreendida. "E espera...tu nunca namoraste?"

Michael riu constrangedoramente e acenou que não com a cabeça.

"Ainda não encontrei a tal. Mas tenho tempo para isso." Sorri-lhe concordando. "O que eu ia dizer era que ele podia realmente estar a caminho de se encontrar contigo mas a Arabella apareceu-lhe e bem, é claro que ele não lhe podia contar o que ia de facto lá fazer certo? E então, deve ter dito que ia apenas dar uma volta ou algo do género e ela aproveitou logo para aquecer o pito. Se é que me estás a entender..."

"Sim, estou. É horrível imaginá-los a fazer aquilo." Abano a cabeça para me distanciar do pensamento. "O que disseste faz todo o sentido. Mas como é que eu vou fazer para o provar?"

"Isso agora tem que ser algo original para o apanharmos em flagrante."

"Dá-me o número dele. Se for o mesmo é porque é ele." Michael arregala os olhos e sorri com a ideia.

"Como é que não me lembrei disso antes?!" Michael move o dedo ao longo da lista telefónica e dita-me o número. "Então, é ele?"

"Não." Suspiro desiludida. "Não é compatível."

"Calma! Ele pode usar um telemóvel Dual SIM!"

"Bem visto. Para o caso vou guardar o número dele...mas só para o caso." Sorri-o.

"Chama-lhe isso, chama." Riu-se. "Eu sei que te vai custar mas tu tens que tornar as coisas o menos constrangedoras possível com ele. Assim podeis começar a trocar mensagens, como melhores amigos, e tentas reparar em algo suspeito. A forma como escreve e assim. Pode ser útil."

"E mais para a frente, posso-lhe pedir para jogarmos ao jogo das 20 perguntas. Mas diferente. Em vez de ser eu a perguntar algo sobre ele, é ele quem tem que responder a uma pergunta sobre mim..."

"...e podes apanhá-lo desprevenido, perguntas o teu nome completo..."

"...e bam! Ele responde, e tenho a confirmação que é ele." Rimos os dois, pelos planos traçados e por ter-mos completado as frases um do outro.

"Fantástico! Agora vamos para a aula."

"Sim, é melhor!" Digo e levantamo-nos e fomos em direção á sala de música onde eu terei que aturar o Professor Gordo e o Luke.

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