29 [ Letras sentidas ]

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Após um breve almoço feito por Luke, -que por acaso, até estava comestível-, subimos para o seu antigo quarto com ainda alguns brinquedos seus e reparo na coleção de mini carrinhos da hot-wheels.

Ri-o ligeiramente ao ver a colecção.

"O que foi?" Perguntou com as sobrancelhas erguidas.

Vou em direção á estante com os carrinhos e pego num mostrando-lho.

"Isto. Não acredito que conseguiste mesmo colecionar os 45 carrinhos!"

Ele sorri vitorioso e vem até mim.

"Tens-los mesmo todos? Ou tens repetidos?" Pego num outro carrinho azul sendo uma miniatura de um audi.

"Todinhos. É tudo original o que aí está." Continuava a sorrir e a bufar para cima deles para levantar uma ligeira formação de pó nos mesmos.

"Dedicado, hum?" Brinco e continuo de olhos postos na estante abundante.

"Digamos que os meus tios gastaram 225 euros nisto mas sim, valeu a pena. Eu era o miúdo mais fixe da escola." Riu.

"225 euros?! Quanto custava cada um?"

"5, presumo. Hey! Isto era a minha vida ok?"

"Claro! Agora já sei o porquê de não teres vida.
Basicamente vieste ao mundo para estourar 225 euros em carrinhos. A tua missão está completa!"

Olho em volta do quarto e sento-me na cama.

"Vamos começar então?" Peço. "Eu não sei que tema devemos fazer, eu sou má nisto. Tu é que és o guitarrista, dá-lhe."

"E tu tens a voz doce, vais cantar a maioria." Após ouvir as suas palavras os meus olhos abrem-se totalmente fazendo-me erguer da cama enquanto o vejo dentro do armário em cima de um banco a tirar a guitarra da sua caixa.

"Não, não, não, não, não!" Grito e ele olha para trás assustado quase se desiquilibrando do banco. Vejo-o mexer os braços de modo a tentar voltar a equilibrar-se, e corro até ele tentando amparar-lhe a queda.

Mas tal não acontece.
Ele acaba por fazer tombar o banco fazendo-o cair em cima dos meus pés e eu agarro a camisola dele com dores fazendo-o cair por cima de mim.

"Estás bem, Luke?"

"Lindamente, cai em cima de algo fofo."

"Ainda bem, porque eu não!" Resmungo e empurro-o fazendo-o rolar pelo chão batendo com a cabeça na prateleira que estava ao nosso nível. "E esse algo fofo, eram as minhas mamas!"

"Jeitosas, Sadie!" Riu e senti-me culpada pelo galo que ele tem na nuca e estendo-lhe a mão para o ajudar a erger-se.

Levou a mão á parte de trás da cabeça e gemeu um pouco fechando os olhos.

"Não foi por mal, a sério." Desculpo-me e puxo-o pela mão, -coisa que eu definitivamente não deveria fazer-, e peço-lhe para se sentar na cama.

"Vou buscar gelo." Digo e ando vagarosamente até encontrar a cozinha. A casa é incrivelmente grande. Quando a encontro tiro 2 cubos de gelo para uma saca e enrolo papel na mesma para não ser tão doloroso o contacto do frio com o galo.

"Toma." Estendo-lhe a saca e ele põe-na e contrai-se nos primeiros 5 segundos. "Pega no caderno de matemática da minha mochila, tem lá umas folhas, trá-las aqui por favor."

Tiro as respetivas folhas e vejo que é uma música, ou um início.

"Na verdade, eu tenho andado a trabalhar numa. Só tem 2 quadras mas...ok, lê é mais fácil."

maybe ; lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora