Oiço os ponteiros do meu relógio a ecoar em cima da mesa de cabeceira enquanto me fixo no número 1.
1° dia em Melbourne. 1° dia de muitos entre outras cidades que provavelmente ainda venha a conhecer. Não pela melhor maneira infelizmente mas sim pela pior.
- Sadie, acorda! - Um batuque na porta faz-se ouvir e instintivamente tapo a cabeça com os cobertores.
- Sadie! Vá lá, eu não volto a chamar! - A voz da minha mãe é abafada pela porta do meu novo quarto. Bufo fortemente.
- Pronto, já estou a ir! - Gritei puxando os cobertores para trás. Vesti-me lentamente e desci as escadas ensonada.
- Bom dia! - A minha mãe diz olhando-me de seguida. - Céus, que cara. - Murmura enquanto prepara o pequeno almoço. E lá começamos nós com o bom humor matinal que eu (surpresa!) não tenho.
- É a minha cara de todos os dias, talvez?
Ela revira os olhos perante a minha má disposição, o que já é normal.
- Quero que me faças um favor. Vai ali num instante comprar pão.- Pestanejo fortemente.
- Não! - Deito a cabeça nos braços. - Vai estar lá muita gente! -
- E depois? Conheces os vizinhos! -
- O problema é que eu não quero conhecer vizinhos nenhuns. - Resmungo. - Por favor mãe, não. Acorda o pai e diz para ir ele!
- É só dizeres bom dia, compras o pão e vens direitinha para casa, é já ali, faz-me esse favor sim?
Suspiro derrotada. - Está bem, mas só mesmo bom dia. - Peguei no dinheiro e nas chaves.
Fechei o nosso portão cinzento e saí de casa. Fui caminhando pelo paralelo enquanto ao longo do caminho me ia apercebendo que era uma rua pacata.
Vi ao longe o supermercado assim que virei na curva e apressei o passo. Quanto menos tempo na rua melhor.
-Bom dia menina! - O senhor atrás do balcão quase grita. Passo a citar que eu ainda estava a passar pela porta. Mas bem, há pessoas mais despachadas do que outras certo?
- Bom dia, meu senhor. - Murmuro.
- És nova por aqui? -
Mas não se nota?
- Sim, sou meu senhor. -
- Trata-me por Paul. Se me tratares por Senhor sempre que cá vens fazes-me envelhecer 10 anos! - Sorri e por estranho que pareça, a simpatia do homem cativou-me.
- Como desejar. Então, eu queria 6 pães por favor. -
- Estão a sair 6 pãezinhos para a menina..? - Questiona apontando-me o dedo. Curioso este homem.
-Sadie.
- Sadie! - Repetiu. - Ora cá estão. - Falou e passou o saco na máquina registadora.
Paguei e saí da loja acenando levemente.
Quando me preparo para acelerar o passo de novo sinto alguém embater contra mim.
- Ah mas que merda! Quer dizer, desculpa eu não te vi, ju-
- Já entendi que não!- Corto a sua fala enervada enquanto me abaixo brutalmente apanhando os pães sujos do chão.
Era só o que me faltava. Incrível, o universo deve ter algum tipo de problema comigo, devo ter feito muito mal a alguém numa outra vida, será que fui o Hitler numa vida antepassada? Raios me partam.

VOCÊ ESTÁ LENDO
maybe ; lrh
FanficHá quem lhe chame amor á primeira vista, mas também há quem lhe chame ódio.