39 [ Crianças traquinas ]

645 81 20
                                    

"É oficial. Foram as mãos dadas, agora é beijos, John, leva-me ao oftalmologista. Eu estou mesmo a ficar cega!"

Os tios do Luke aparecem nas escadas fechando os guarda-chuvas e eu olho para o chão envergonhada.

Não acredito que eles acabaram de ver o nosso primeiro beijo. O tio do Luke é nosso professor, por amor de Deus!

John riu e encostou o seu guarda-chuva encharcado à parede.

"Mas qual cega, qual quê! Eles estavam-se mesmo a beijar!"

"Nossa senhora do amor! Finalmente Luke! Estava a ver que nunca mais te declaravas!" Ruth abriu a porta principal e puxou-me pelo braço até á sua enorme cozinha.

Sorri enquanto ela me apontou uma cadeira para eu me sentar.

Ela pega em alguns ingredientes e recipientes enquanto está virada de costas para mim e eu não faço a mínima para que é aquilo.

"Gostas de chocolate quente?" Deu meia volta com uma caneca na mão.

"Nunca provei." Digo e ela arregala os olhos.

"LUCAS!" Fecho os olhos momentâneamente devido ao seu berro e ela desculpa-se sorrindo.

"Tia, eu juro que ainda não a levei para a cama!" Luke aparece na porta com as mãos no ar.

Sorrio interiormente mas a Ruth faz questão de o fazer exteriormente.

"Ainda? Ainda, meu rapaz? Eu que saiba que tu apressaste as coisas! Se a rapariga não quer fazer, não faz!"

"Mas eu n-"

"Calado! Sou tua tia, tenho o dever de me preocupar e se quiseres proteção pedes-me que eu compro! Tens é que dizer o teu tamanho aqui à tia que eu não sei!"

"Tia!" Luke exclama perplexo.

"Qual é o problema de me dizeres o teu tamanho?"

"Ai Deus me livre!" Luke virou costas e saiu disparado da cozinha.

Olho para Ruth, completamente divertida pela situação e eu acabo por rir juntamente com ela.

"Eu adoro pegar com ele." Deu de ombros e começou a preparar o chocolate quente.
"Então...vocês já namoram?"

Honestamente? Nem eu sei. Pode ter sido apenas um bejo.

"Eu...hm..." Penso por uns bons bocados e ela encosta-se ao balcão de pedra.

"Não houve pedido?"

"Não, propriamente." Ri-o.

"Ele gosta de ti. Ele passou estes três meses a pedir-me conselhos."

"Você sabia?"

"Trata-me por tu, querida. E sim, eu sabia. Sempre soube aliás. Quando ele chegou ao hospital todo preocupado, eu soube que algo ia acontecer entre vocês. Instinto de tia."

Assinto e ela entrega-me uma chávena assim que o microondas apita.

"Espero que gostes." Provo um pouco e sorrio em apreciação.

"Vem até á sala." Seguia e Luke e o seu tio -e meu professor- bem isto é estranho, estavam sentados no sofá.

Luke puxou-me para a sua beira e deitou a cabeça no meu ombro.

Eu não estou habituada a nada disto!
O que devo fazer? Beijar-lhe o cabelo?

Suspiro vagarosamente e Ruth senta-se no meio do John e de Luke com um albúm.

maybe ; lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora