25 [ Fuga ]

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"Luke?"

"Hm?"

"Já me podes dizer para onde é que me estás a levar?" Peço impaciente.

"É uma surpresa. Não sejas tão curiosa."

"Eu não estou curiosa mas sim preocupada. Estamos á imenso tempo dentro do carro, arrastaste-me para fora da escola após a última aula da tarde terminar, compraste hambúrgueres pelo caminho e está a anoitecer. Agora diz-me para onde me levas!"

"Depois destes dois meses que passamos juntos ainda não me conheces minimamente bem, Sadie? Ena, até me deixas triste."

"Bem, peço desculpa se no espaço de dois meses eu já deveria ter o instinto de saber a razão de todos os teus movimentos!" Elevo a minha cabeça que estava deitada sobre os meus joelhos dobrados.

"Sadie, Sadie... Hoje é o teu aniversário. E hoje, eu vou dar-te a melhor prenda que poderias receber." Fala sem nunca olhar para mim. "É, literalmente, de morte."

" De morte?"

"Sim, querida. De morte."

"Estás a assustar-me."

"É isso que pretendo."

"Pára o carro, Luke!" Exigo e bato no tablier com a mão.

"Obriga-me." Olho-o especada e a primeira coisa que me vem á cabeça, é meter as mãos no volante e mudar a direção do carro. Não sei para onde, nem o que irá acontecer, mas irei faze-lo.

Faço um movimento brusco com o volante para o meu lado direito e o carro raspa nas barreiras de alumínio que nos separam da floresta, fazendo Luke dar um grito assustado e tenta a todo o custo fazer uma manobra que nos salve de atravessarmos a vedação.

O chiar dos pneus é ouvido, eu tapo os meus ouvidos com as mãos e fecho os meus olhos com força. Vou morrer. Isto é, de facto, um presente de morte.

Embora sejas a causa da minha morte, gostei de te conhecer, Luke.

Ao fim de uns bons 20 segundos vejo que ainda estamos em andamento e tiro as mãos dos ouvidos lentamente fazendo-me suspirar mas ainda tenho o medo presente no meu corpo.

"Tu ias matar-nos!" Exclamou agarrando o volante ainda com mais força e focado na estrada.

"Eu?! Tu é que estás a dizer que me vais dar um presente de morte! Vais-me matar é isso?"

"O quê? Não porra! De onde te surgiu isso?!"

"Se não, então qual foi o propósito daquela conversa toda? Eu pensei que nos ias matar aos dois. Eu-" Sou interrompida com o riso dele.

"Eu estava apenas a brincar contigo. Porque raio pensaste que te ia matar? Por ter dito que era de morte? Eu não sou nenhum assassino!"

"Oh bem, sendo assim... OBRIGADA POR PENSAR QUE IA MORRER E TER PENSADO EM TI NOS MEUS ÚLTIMOS SEGUNDOS DE VIDA. Céus, odeio-te. A ti e ao meu cérebro por ter pensado em ti. Mas foi o cérebro, não eu. Culpa o cérebro."

"Então agora já posso dizer que tens cérebro! Parabéns! A ti e ao menino que tens aí dentro. Até porque se ele pensou em mim, passou a ser o Deus a quem irei rezar o resto das minhas noites." Riu e por muito que eu o queira matar e pregar outro susto de morte, não me contenho e rio-me com ele.

"Olha, eu vou parar ali á frente numa pequena loja. Tu ficas no carro quietinha e caladinha até eu voltar, entendido?"

"Tudo bem." Luke pára o carro mesmo á frente da mini loja que não tem mais de 40 m2 com a tinta amarelada a descascar e vidros pretos de sujidade com papeis colados.

maybe ; lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora