03 [O típico cliché]

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8:00 h

Entro no portão branco observando o estabelecimento escolar à minha frente. Oh bem, mais um para me habituar.

Tento caminhar um pouco mais depressa quando reparo que algumas pessoas começam a olhar para mim algo que lido super bem pois isto da sensação de ser a miúda nova já não é novidade para mim.

Sento-me num banco na parte de trás da escola a ouvir música. Talvez, uns minutos de descanso não façam mal a ninguém. Começo a aperceber-me que já não há ninguém nas redondezas e começo a estranhar. Não era suposto estar a ver alunos a fraternizar, correrias e até mesmo casais de namorados nojentos a se beijarem ?

E aí apercebi-me: já tocou e estou em apuros. 

Corri o máximo que pude até ao bloco para ver se alguém me dava uma indicação. Por sorte acertei e era aí a secretaria e afins, onde uma funcionária me ajudou.

A clássica frase Run Forrest Run! ecoa na minha cabeça até chegar à sala 14.

Recomponho-me e tento bater à porta o mais descontraída possível.

- Entre! -

- Posso? Desculpe o atraso. -

- Não tem mal. É a aluna nova certo? Por hoje tem desculpa.- Ele responde simpático. -Sou o Professor Jones- Diz virado para mim e logo se vira para a turma. -Turma esta é a vossa nova colega.-

Aceno levemente para os meus colegas e começo a caminhar até aos lugares vazios lá trás.

- Com licença, menina?- Creio que esteja a falar para mim e instintivamente olho para trás. - Visto que é nova na turma fale um pouco de si. Diga o seu nome pelo menos.-

Mas que necessidade é que a turma tem de saber um pouco sobre mim? Aclareio um pouco a garganta e falo o que me vem á cabeça.

- O meu nome é Sadie Moore e tenho 17 anos. Hm... gosto de rock.-  A turma sorri e oiço uns Olás abafados. Ok, isto é constrangedor. 

- Muito obrigado menina Moore, agora sente-se ao lado do Luke.

O Luke? O Luke idiota que me fez estragar os meus preciosos pães? Desvio o meu olhar para o loiro de olhos azuis sorrindo-me.

Foda-se. Isto é tão clichê.

Parece que não tenho alternativa. Caminho até ao seu lugar e sento-me retirando os cadernos.

- Então Anne como vai a vida?- Diz carregando na palavra. Sorri para mim com o queixo descansado na sua mão de modo arrogante como quem diz apanhei-te sua mentirosa!

- Sarcasmos a esta hora não, Luke Hemmings.-

- Uau, ainda te recordas do meu apelido? Sinto-me lisonjeado! -Não respondo, quanto menos confiança melhor. 

-Porquê que mentiste em relação ao teu nome? Sadie é um nome bem bonito.- Ele sorri.

- Bem, a primeira vez que nos vimos não correu nada bem e eu estava tão irritada que acabei por te dizer o nome da minha mãe. Simplesmente porque pensei que nunca mais te iria ver, até descobrir que somos vizinhos e colegas de mesa!" Ergo as sobrancelhas de modo a fazê-lo chegar ao meu ponto.

-Cheira-me a destino!-

-Pois a mim cheira-me a azeite portanto cala-te que quero ouvir o professor.- Por estranho que pareça ele calou-se.

A aula acaba e eu sou a terceira a sair da sala. Ando sem rumo até ver um banco para poder estar sossegada no meu mundo, sem ninguém em cima do meu ombro a melgar-me. A solidão por vezes é boa... permite a reflexão necessária do nosso interior.

maybe ; lrhOnde histórias criam vida. Descubra agora